"A sociedade vai mudar radicalmente depois desta crise”, haverá um "antes e um depois", disse Adela Cortina, professora de Ética da Universidade de Valência, nome de referência na área da educação, sobretudo dos valores de cidadania, numa entrevista publicada no jornal La Vanguardia, no dia 25 deste mês (aqui):
Recorte da fotografia de A. Cortina feita por Emilia Gutiérrez |
"Temos de potenciar todos os nossos recursos éticos e morais para enfrentar o futuro, caso contrário haverá muitas pessoas a sofrer e isso não está certo".
"É preciso perspectivar o futuro e decidir o que queremos: se uma sociedade unida, na qual todos trabalhem juntos, ou uma marcada pela separação e ir "um contra o outro". "Se escolhermos o conflito, a polarização e a desintegração, todos sofrerão, em primeiro lugar os mais vulneráveis, mas também os mais poderosos".
"Se percebermos que o importante é estarmos unidos porque as pessoas merecem e porque temos de trabalhar juntos, faremos muito melhor... mas isso depende do que decidirmos em termos de solidariedade e justiça.
O problema é que só nos lembramos destas "grandes questões em tempos de grandes ameaças, grandes catástrofes ou grandes guerras". Não precisamos de esperar por uma "desgraça completa" para perceber que a humanidade pode escolher: "temos de cultivar bons costumes, aspirações e hábitos, grandes ideais em todos os momentos, não apenas quando uma catástrofe aterrorizante aparece".
Diz-se sempre que as crises devem ser aproveitadas como oportunidades de mudança, mas "não aprendemos nada" com a última crise económica: "vejo (na cidadania e na política) as mesmas atitudes de antes, de resolver no imediato: ora, é preciso construir o futuro mais distante.
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