terça-feira, 17 de março de 2020

Carta Aberta ao Engenheiro Ildefonso Dias:

Os seus comentário, de entre eles o comentário que subscreveu no meu post -"Um ensino com a erótica do novo" (15. Março. 2020) - são uma espécie de refrigério para uma discussão acalorada que tem merecido a atenção desde os tempos da Antiga Grécia em que se se afrontavam os métodos educativos de Atenas e Esparta. Ademais é uma questão politica do nosso tempo entre o antigo marxismo de distribuição de dinheiros entre as próceres da nomenklatura e o capitalismo em que o lucro é o ariete impulsor de ganhar dinheiro por parte  famílias numerosas de pais, filhos ou simples parentes ou meros amigalhaços que se apoderaram de um poder, que diria dinástico, sem rei nem roque, em que os meios justificam os fins  de um paradigmático socialismo à portuguesa!

Hoje, basta abrir as páginas do jornais para escaldarmos as mãos com notícias de fortunas de luva branca tingidas de sangue do povo "que lava no rio"! A fronteira entre uma direita e uma esquerda "democráticas" são tão ténues que eu em conversa política com um amigo de esquerda, por vezes, nos damos ambos a rir quando lhe digo ser eu que pareço ser de esquerda e você de direita! Isto porque chego à conclusão de que este nó górdio só se desfaz quando formos capazes de restabelecer algumas das fronteiras originais anteriores à II Guerras Mundial que dividiu os países beligerantes a bel-prazer dos vencedores. Já se dizia na Roma Antiga: "Ai dos vencidos!"

Gostaria de terminar com uma mensagem de esperança e não de desespero que serve de mote sempre que falo publicamente sobre o tema controverso da Educação. Para o efeito, cito  Sigmund  Freud que quando, uma mãe preocupada com a educação do filho rebelde, lhe pergunta "Senhor Professor como devo educar o meu filho, tem como resposta: "Minha Senhora faça o que fizer fá-lo-á sempre mal!"

Para chamar a atenção das pessoas sobre esta temática não há como lançar-lhes mensagens  que as obrigue ao contraditório. Como diz a sabedoria popular "da discussão nasce a luz". Ou seja a luz de uma estrela polar capaz de nos  indicar o caminho de uma Educação utopicamente perfeita sem receitas feitas ignorando o passado escravizando-a à erótica do novo. Como nos avisou Paul Ricoeur: "A história é uma mediação entre o passado e o presente num círculo hermenêutico"!

Pedindo desculpa pelo meu pessimismo, num mundo que se afunda nas mais negras previsões sobre o corona virus, envio-lhe um abraço.

3 comentários:

Ildefonso Dias disse...

Professor Rui Baptista, agradeço as suas palavras.
Nesta época em que vivemos com tantos antagonismos irreconciliáveis o pessimismo é tambem uma angústia, e estabelece uma marca que pede a mudança e a esperança de um futuro melhor.

Sobre a pandemia do corona virus estou pessimista, porquanto tenho a certeza que não foram nunca os melhores aqueles que determinaram o futuro do país e a sua preparação.
Os melhores, são aqueles a quem podemos chamar os estruturadores, e não são os reformadores em excesso que temos.
Resta-nos a esperança que a lição dolorosa que se avizinha seja ela um ponto de inflexão.

O Abraço de um Amigo.

Rui Baptista disse...

Engenheiro Ildefonso Dias: Pragmático como sempre, meu bom Amigo. Que interessa muitas teorias se não testadas ou, até viciados , para se obterem os resultados desejados.

Se a memória me não falha foi o Professor Leite Pinto, ministro do Estado Novo que nos advertiu que "há duas maneiras mentir: uma é não dizer a verdade; outra fazer estatística"".

Dado o exagero da afirmação, ela tem o condão de nos chamar a atenção para a necessidade sermos honestas nas nossas deduções ou conclusões sem subordinação a interesses partidários.

E, principalmente, citar autores credenciados que nos possam ajudar a deambular em terrenos movediços da dúvida! Tenho sempre reeio sobre pessoas que se julgam detentoras da sua e única Verdade.

Retribuo, em dobro, o seu abraço de amizade.

Rui Baptista disse...

Errata: No penúltimo parágrafo onde escrevi "necessidade sermos honestas", corrijo para: necessidade de sermos honestos.

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