“Um partido é a
loucura de muitos para proveito de poucos” (“Gazeta Madrid”, n.º 35, 21.Março.1833).
Tenho publicado
vários textos inspirados em enunciar
casos, quiçá, um tudo ou nada pessimistas,
de um Portugal pouco risonho, macambúzio mesmo, anestesiado do perigo que representa o “corona vírus” que
pouco preocupou o Governo numa crise em que, por obras de um deus misericordioso, sairíamos frescos que nem uma alface.Infelizmente, o presente
fez acordar os portugueses para um pesadelo de proporções imprevisíveis.
Mas o que
assusta mesmo são as declarações premonitórias (2012) de Cristine Lagarde,
directora do FMI: “Os anciães vivem demasiado e isso é um risco para a economia
global. Temos que fazer algo e já!” Sem especificar que coisa é essa de “fazer
algo e já”! Nem sempre o ditado “a palavra loucas, orelhas moucas” se cumpre
por o corona vírus lhe ter aplanado o caminho de chegar a esse objectivo.
Entretanto, dou
comigo a pensar na responsabilidade de uma legislação com caminhos ínvios para serem
percorridos a alta velocidade e sem portagens por prevaricadores que, para enriquecerem fácil e rapidamente, agem na
permissividade de leis que não acautelam que todos os portugueses possam aspirar a uma
velhice digna e bem-aventurada!
Assim, um dos grandes
problemas da legislação portuguesa foi diagnosticado por António Almeida Santos
(cito de memória): As leis publicadas em Portugal depois de 25 de Abril
chumbavam na 4.ª classe do antigo ensino primário. Ou seja, falando apenas de
ignorância léxica ficando de fora os interesses de vários partidos, formados
por laços familiares, nanja de pessoas de real valor, "boys"
oportunistas que como abutres
insaciáveis esperam pela podridão da política para se saciarem de carne
pútrida.
Ainda hoje, a ministra da Saúde, uma frágil
figurinha apanhada num turbilhão de soluções
para homens de barba rija, não estou sequer a pensar num Marquês de
Pombal, veio chorar sobre o leite derramado por não ter agido atempadamente numa crise que assola e assusta de
morte a população portuguesa.
Nesta emergência, seja-me permitido o atrevimento
em propor um governo de emergência nacional formado pela melhor gente possível de todos os partidos políticos com
assento na Assembleia da República para não transformar as bancadas de São Bento
pejadas, como diria Eça, de “deputados sentados de cócoras”, em intermináveis discussões
de putos partidários que se acusam uns aos outros: não fui eu, foste tu o culpado pelo actual “status quo”!
Depois, o mais grave é um sistema de
(in)justiça que protege aqueles que têm resistência de corredores de maratona e
que, "ipso facto", são resguardados pela deficiência de articulados
legislativos que permitem aguardar com paciência de Job que os crimes de
colarinho branco de que estão acusados
prescrevam depois de passados décadas
em banho-maria.
Antigamente, dizia-se quem tinha padrinhos
não morria mouro, a que corresponde, actualmente, quem tem bons advogados
safa-se sempre, ou, sem ser tão drástico, quase sempre. Como combater esta tristeza
de um tempo invernoso’? Com gente honesta de uma democracia musculada que ponha
cobro a tantos e diversos desmandos.
Afonso de Albuquerque sentenciou: "Um
fraco rei faz fraca a forte gente". A fraqueza em nossos dias, reside em políticos
que poem os seus interesses próprios e
de familiares acima da ética e da moral destruindo os caboucos de uma
sociedade de poucos cidadãos que reagem
e dão o exemplo de honestidade e doação ao próximo como é o caso exemplar de
médicos e enfermeiros nesta crise.
De tudo isto, colho de Millôr Fernandes o
pessimismo: “Acabar com a corrupção é o objectivo de quem ainda não chegou ao
poder”. É, portanto, apenas uma questão de tempo e paciência que de tantos em
tantos anos chegará a vez tão desejada dos políticos em chegar ou voltar ao
poder!
2 comentários:
Portugal é um país de cozinheiros que andam à procura de tachos sem se preocuparem, minimamente, com a limpeza das suas cozinhas! E a sujidade campeia neste quintal (jardim, seria um eufemismo) imundo onde há abutres que "comem tudo e não deixam nada para ninguém"! Ou melhor, presentearam-no, por incúria nacional, com o corona vírus!
Onde escrevi, no comentário anterior, presentearam-no, por incúria nacional, com o corona vírus" acrescento, em abono da verdade, presentearam-no, por incúria nacional em deixar desembarcar em Lisboa dois navios com milhares de turistas, pelo dinheiro que entraria na fazenda pública, descurando, o mais que provável, aumento de número de casos de corona vírus em território nacional, com governantes ajoelhados no trono do vil metal tonificador da corrupção, qual Hidra de sete cabeças, que cada vez que se decapita uma delas logo outra surge em sua substituição!
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