segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O maior império

Nuno Santos, um dos mais conhecidos e reconhecidos astrónomos portugueses da actualidade

A minha crónica semanal no jornal i; hoje comemora-se a sua edição número 500 com uma barragem de boas e positivas notícias, ideias e opiniões!

No exaltante "Quinto Império", Fernando Pessoa prevê um Portugal glorioso, senhor de um exército cuja extensão toca os pólos do mundo dado, de uma cruzada além dos astros e de um Portugal feito universo.

Sim, a mensagem é sobretudo mitológica, mas aquele Portugal de carga cósmica tem nos nossos dias uma representação esplendorosa na excelência dos nossos investigadores. Nunca como hoje a nossa armada de astrónomos conseguiu conquistar tanto universo, tanta auto-estima que nos tem faltado em outras actividades. Nuno Santos é um dos principais investigadores da ESPRESSO. A cafeína desta missão está na procura de planetas parecidos com a Terra e que podem ter vida. Margarida Cunha, que trabalha nas missões Kepler e PLATO, estuda sismos em estrelas com composições químicas estranhas. João Fernandes e André Almeida são dois dos portugueses que trabalham na GAIA, uma tentativa de mapear tridimensionalmente a nossa galáxia. Mercedes Filho está na equipa do ALMA, que estudará os corpos mais frios do universo e António da Silva é um dos poucos lusos que analisam as impressões dos primórdios do cosmos registadas pelo satélite Planck. Estas missões e buscas científicas representam o expoente máximo da investigação astronómica mundial. Estes nomes são uma pequenina parte do património científico luso que é apreciado com louvores e honrarias. Deixam um precioso legado e uma porta escancarada para um certo império português cósmico!

2 comentários:

Anónimo disse...

Deus queira que este império não acabe em pelintrice, como o de Pessoa! JCN

joão boaventura disse...

A propósito do Quinto Império, o portuna a leitura da Defesa do livro intitulado Quinto Império, que é a apologia do livro Clavis Prophetarum: e respostas das proposições censuradas pelos srs. Inquisidores: dada pelo Padre António Vieira estando recluso nos cárceres do Santo Ofício de Coimbra (Obras Inéditas do Padre António Vieira, Tomo I, Editores, J.M.C.Seabra & T.Q.Antunes, Lisboa, 1856).

Começa com uma Advertência, seguida da “Petição do Padre António Vieira ao Tribunal do Santo Ofício de Coimbra”, a pp 61, e o tema “Esperanças de Portugal, / Quinto Império do Mundo, / Primeira e Segunda Vida / de El-Rei D. João o Quarto / escritas por Gonsalianes Bandarra, / Comentadas pelo Padre António Vieira da Companhia de Jesus, remetidas pelo dito ao Bispo do Japão, o Padre André Fernandes”, a pp 83.

Fernando Pessoa também fez uma abordagem ao tema:

O Quinto Império

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem,
Que as forças cegas se dormem
Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa - os quatros se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vai viver a verdade
Que morreu D. Sebastião.

In Os Símbolos
Terceira Parte - o Encoberto
Fernando Pessoa - Mensagem

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