Título: Linguagens da Arte: Uma Abordagem a uma Teoria dos Símbolos
Autor: Nelson Goodman
Tradução: Vítor Moura e Desidério Murcho
Editor: Gradiva, 2006
"Como Dewey, Goodman revoltou-se contra o dogma empirista e os dualismos kantianos que compartimentalizaram o pensamento filosófico […] Ao contrário de Dewey, Goodman fornece uma argumentação pormenorizada e incisiva, e mostrou precisamente onde os dogmas e dualismos se desfazem." -- Richard Rorty, The Yale Review
"A diferença entre arte e ciência não é a que existe entre sentimento e facto, intuição e inferência, deleite e deliberação, síntese e análise, sensação e cerebração, concreção e abstracção, paixão e acção, mediação e imediação ou verdade e beleza, mas antes uma diferença de dominância de certas características específicas de símbolos." -- Nelson Goodman
terça-feira, 5 de junho de 2007
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10 comentários:
Encontrei-vos por acaso. Por acaso talvez não, foi pelo "site" do Público.
Fiquei muito curioso.
Um Físico, um Filósofo, uma Pedagoga, um Matemático, uma Química e (acima de tudo) dois Biólogos são, sem dúvida, as pessoas indicadas para me ajudarem.
Sou um simples funcionário público que passa horas diante de um computador a ver se vocês (e muitos outros portugueses) vão pagando os impostos como manda a lei. Mas, nas minhas horas vagas, quando posso, sou um triste amante da ciência. Vou-me resignando com o que não compreendo e com aquilo a que não consigo chegar. Mas, há uma coisa que persigo há mais de 8 anos sem chegar a uma resposta. Podem vocês, que têm estudos muito superiores aos meus, acharem ridículo, mas, esta questão atormenta-me.
Se acharem que me podem dar uma "dica", por favor, digam-me.
A questão é esta:
Durante quanto tempo poderá o gato de Schrödinger ser capaz de miar depois de morto?
Não me digais, por favor, que a pergunta é estúpida. Dai-me uma resposta que eu possa perceber e que me ajude nesta minha pesquisa.
Um abraço para todos e um bem-haja!
Felix Ansioso
Caro anónimo:
não fique preocupado: a pergunta nada tem de estúpida.
Depois de morto um gato não mia, independentemente de o dono ser ou não Schrödinger.
Mas tem a certeza de que era essa a pergunta?
Julgo que não me fiz entender.
Claro que tudo o que vive haverá de morrer. É só uma questão de tempo.
E nenhum gato morto mia.
Mas, este gato não está morto nem vivo. Pura e simplesmente vive num estado de não-vida. Será que um ser vivo no estado de não-vida poderá vir a morrer? Este gato, tal como Schrödinger o descreveu é um ser único, não há qualquer outro ser nas suas condições. Pergunto: morrerá? e no estado de não-vida, poderá miar? E volto a perguntar: se morrer, durante quanto tempo poderá miar nas condições que Schrödinger estabeleceu?
Como já percebeu, Caro Jorge a sua resposta não me satisfez, mas a culpa foi minha que não expus a pergunta com clareza. Obrigado. Cumprimentos.
Félix Ansioso
Nelson Goodman tem outros livros já traduzidos:"Facto, Ficção e Previsão", (1954); "Modos de Fazer Mundos", (1978) e vários trabalhos traduzidos em revistas de Filosofia. Com Putnam e Rorty deu um contributo fundamental para a filosofia da linguagem, nomeadamente em questões de lógica e filosofa do conhecimento. Depois de romper com o positivismo, situa-se numa linha nominalista. Inscreve o problema da verdade no modo como o mundo tem sido descrito por palavras e considera que a racionalidade científica desenvolve-se em sistemas de crenças. Rompe também com o formalismo lógico, defendendo o contextualismo ou racionalidade histórica. Estudei-o, no mestrado de filosofia da ciência. Penso que é um filósofo difícil, mas fundamental para a desconstrução de uma certa retórica que tem origem na publicidade e se estendeu á política, harmonizando os argumentos com as expectativas do auditório (ver. p.ex. “Teria da Argumentação” de Perelman). De certa forma, influenciou a conexão entre a retórica e a hermenêutica “não há factos, há construções da linguagem). Este livro, suponho que é de 1976. Não o li, mas vou comprá-lo.
Caro anónimo: afirma que o gato de Schrödinger "não está morto nem vivo". Isto não é verdade: é o contrário. Enquanto sistema quântico macroscópico, o gato está simultaneamente vivo E morto, numa sobreposição de estados. A parte correspondente ao gato vivo faz tudo o que um gato vivo faz: come, dorme, respira, defeca - e mia. A parte mostra não faz nada. O facto de ambas coexistirem é estranha - mas a Mecânica Quântica é estranha.
Pode achar este comportamento irrealista e a sua reacção ser "portanto, onjectos macroscópicos não podem ter comportamento quântico". Isso é falso. A construção recente de condensados de Bose-Einstein fornece sistemas quânticos macroscópicos, que usam estas propriedades paradoxais para conseguir os mais estranhos efeitos. Por exemplo, congelar e parar um feixe de luz!
E já se conseguem construir qubits, análogos quânticos dos bits, que não são 0 ou 1 mas sim uma sobreposição de 0 e 1. Espera-se que sejam a base da nova revolução da computação, a computação quântica.
Um dia chegaremos talvez aos gatos.
Caro Primo
A primeira edição é de 1968, a segunda de 1976. A presente edição portuguesa é antecedida de uma excelente introdução de Aires Almeida.
Nelson Goodman: "(...)diferença de dominância de certas características específicas de símbolos"?
Estou confuso!
Carlos Fiolhais
Olá, Carlos
A ideia é que o que distingue as linguagens da arte das linguagens da ciência é uma diferença na natureza dos símbolos usados -- ou melhor, usa-se os mesmos símbolos, mas dá-se atenção a diferentes aspectos e usam-se os símbolos de modos distintos. Há assim uma dominância diferente de certas características simbólicas.
Pense-se, por exemplo, no modo diferente como se usa as imagens na arte ou na ciência -- um mesmo diagrama será lido de formas diferentes em arte e em ciência, mas ambas as leituras são cognitivamente relevantes, pensa Goodman. A ideia dele é que na arte estamos interessados mais em certas características dos símbolos, ao passo que na ciência estamos mais interessados outras.
Queria apenas deixar aqui duas questões:
1) será a epistemologia o caminho (método) mais adequado para chegar à compreensão da arte?;
2) bons epistemólogos são bons críticos de arte?
Mas isso não explica a arte. Pelo menos a arte que não seja imagem.
Q. Rico
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