quarta-feira, 20 de junho de 2007

HÁ TESOUROS NO QUIOSQUE - OCULTA


Já há algum tempo que não falava dos “tesourinhos deprimentes” que há no quiosque. Pois a revista “Oculta” continua à vista nos escaparaste. Saiu há pouco o nº 5, com data de Junho (tinha saído antes o nº 4, com o Cónego Melo a sugerir na capa que se devia ter a "imagem de um diabo em casa").

É mais uma arca de disparates. Logo na capa, para atrair leitores, aparecem as caras de Pinto da Costa (desafiando tudo e todos: nem nada nem ninguém o fará recuar), Belmiro de Azevedo (concorrendo com Mestre Alves, pois adivinhou o campeão da liga de futebol), Mourinho (que, graças a algum mau olhado, terá perdido a aura) e – pasme-se! – junto a eles a menina raptada no Algarve, Madeleine McCann (cujo destino é conhecido por Mestre Alves, espere o leitor um bocadinho que já vai saber).

O miolo da revista não fica atrás da capa. Na rubrica “Magias” há uma “Receita para Apressar Casamentos” (é necessário um sapo preto), um “trabalho infalível para casar” (para este “trabalho” não é preciso nada, é só rezar uma oração) e um “Trabalho para ligar namorados ou noivos” (é precisa uma vara de fita). Mestre Alves, que está omnipresente na revista, deixa dicas para tratar pessoas com “carga negativa” [sic]: “Deve pôr um quilo de sal natural em água bem quente e ficar dentro dela meia hora. Ao fim desse tempo deve rezar o credo ou o pai-nosso. Isso durante três ou quatro dias seguidos antes de ir para a cama.” Não será tempo demais sem ir para a cama?

O futebol está, tal como Mestre Alves, por todo o lado. Numa entrevista com Hermínio Loureiro, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, ficamos a saber como o mundo oculto é importante no futebol: “O futebol é um actividade transversal, onde também existem fenómenos mais ou menos frequentes [sic]”. Explicando melhor, ou talvez não, as palavras do presidente da Liga, o futebolista Franco do Vitória de Guimarães esclarece os fenómenos: “Penso que as coisas existem por algum motivo. Nasceram foi para um fim que todos procuramos.” Parece metafísica, mas não é... Foi só o entrevistado a abrir a boca.

E Madeleine, onde está Madeleine? Só Mestre Alves, com os seus poderes ocultos, sabe: “A miúda não se encontra na Europa, mas sim em Marrocos, a fim de ser destruída [sic] para dar os seus órgãos a um miúdo de uma família rica da Arábia Saudita.” Mas isto, felizmente, não fica assim: “Mestre Alves vai fazer uma magia negra para que as pessoas directamente envolvidas no caso do desaparecimento de Madeleine nunca mais tenham perdão, andem com remorsos e entreguem-se às autoridades.”


3 comentários:

Anónimo disse...

O comentário que vou deixar abaixo não tem nada que ver com este "post". Mas, como se trata de algo que penso ser de interesse, transcrevo o que acabo de escrver na caixa de comentários acerca do "post" sobre a Física e a Bíblia, que já vai sendo deixado de parte, por ser de há dias, pelos frequentadores do blog.
"Dando uma vista de olhos pelos "posts" mais antigos, deparo-me aqui com esta afirmação da Rita:
"Estou em crer que todos os católicos se borrifaram para o decreto do Papa Leão XII, «aquele que permitir ser vacinado deixa de ser um filho de Deus», e vacinaram-se mesmo contra a varíola."
À primeira vista Leão XII parece um inominável ignorante e boçal monstro. E que tal perceber por que razão ele disse isso? (Cá está a importância da História, que não é feita apenas de Albuquerques terríveis e Castros fortes.)
A única vacina que existia nesse tempo era contra a varíola. E sabe a Rita como era transportada? Simplesmente da maneira mais desumana que se pode imaginar. À falta de outros meios para conservar a vacina, arrebanhavam-se crianças órfãs ou extremamente pobres, metia-se as infelizes por exemplo num barco a caminho da América ou outro destino, ia-se inoculando a vacina sucessivamente de uma a outra até ao dia do desembarque ou próximo disso, depois eram todas vacinadas a partir da que estivesse a servir de incubadora, e, quando as pústulas estavam maduras, tirava-se o respectivo pus para inocular em quem queria ser vacinado. Claro que só os ricos podiam fazê-lo.
E pensa a Rita que havia o cuidado de devolver as crianças à sua terra de origem? Raras voltavam. As que conseguiam uma família que as adoptasse, como uma espécie de escravos, ficavam entregues. As outras tornavam-se novos párias nesse mundo novo.
Talvez mesmo a maior parte dos cristãos tivesse aceitado a opinião de Leão XII, porque quase todos eram pobres. E a Rita, se fosse uma dessas crianças, que pensaria do estratagema da ciência para transportar a vacina? (Será preciso descrever as condições de uma viagem marítima na terceira década do século XIX? Ou tecer considerações sobre a enormidade terrível do método?)"

Anónimo disse...

Jornalismo de ponta e imbecilidade humana (possivelmente devia dizer desleixo humano, mas já está, já está!) de mão dada e ao vivo!
Aliados de peso que se auto promovem mutuamente.

Qualquer transeunte, previamente amestrado se necessário. Enquadramos devidamente micro e gravador. Click no play. E já está!
Mais uma verdade tendencialmente absoluta. - Ufa!..., que trabalheira.

O meu quiosque não tem estes mimos mas breve vou começar a descompor os jornaleiros que os tenham para venda. Descompor não! Disponibilizo-me para divagar com eles sobre as teorias de comunicação e sobre os prós e os contras do poder actual dos média! Que horror!

Artur Figueiredo

Anónimo disse...

O meu comentário dirige-se á publicação da "Revista Oculta", em que o "protagonista-mor" é o Mestre Alves...Mestre????Só se for de karaté, ou nem isso. "Mestre" da mentira e da vigarice.
A revista Oculta é uma anedota.

Barcelinhos

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