segunda-feira, 25 de junho de 2007

O JOGO


A propósito da estada entre entre nós do Prémio Nobel da Química Manfred Eigen e da sua colega Ruthild Winkler, recupero a recensão do livro "O Jogo. As Leis Naturais que Regulam o Acaso" (Gradiva, 1989), que publiquei no "Expresso" quando saiu esse livro.

Não sei se o biofísico-químico alemão-federal Manfred Eigen, quando veio a Portugal em 1988 para proferir num anfiteatro da Fundação Gulbenkian uma das lições integradas no «Balanço do Século», aproveitou a oportunidade para visitar o vizinho Centro de Arte Moderna.

Se sim, talvez lhe tenha chamado a atenção um quadro que representa dois dados gigantescos, lançados por uma mão enorme, sobre as águas perturbadas de um oceano. A tela, do surrealista português Carlos Calvet, intitula-se Misterioso, ousa e podia perfeitamente ilustrar os trabalhos que aquele cientista tem vindo a desenvolver e a propagandear na cidade de Göttingen. Os dados sao os símbolos dos jogos de sorte (ou de azar, se se perde). O oceano pode ser entendido como o mar primordial da Terra, onde a vida, um dia, há cinco mil milhões de anos, surgiu.

Tratou-se da origem do mais complexo e interessante jogo que algum dia se jogou: o jogo da evolução que, das amebas primitivas, de forma variável e caprichosa, conduziu ao Homo ludens de que fala Huizinga, o «Homo» capaz de jogar com as formas (como em Misterioso, ousa), com as palavras e as ideias.

No livro "O Jogo - As Leis Naturais que Regulam o Acaso", Manfred Eigen e a sua colaboradora Ruthild Winkler tomam o jogo como uma grande metáfora que engloba quer os fenómenos físico-químicos que estão na origem da vida quer a posterior evolução das espécies, quer ainda as várias e diferentes criações artísticas do homem. O holandês Huizinga redigiu, nos anos 30, um ensaio de história da cultura à luz dessa metáfora unificadora. Eigen e Winkler, quarenta anos depois, utilizaram os novos conhecimentos que a biologia molecular trouxe à cultura humana para voltar a invocar o jogo como imagem de síntese. O jogo é talvez um bom meio de descrição ou de compreensão de tudo o que acontece no mundo, tanto das reacções numa solução de ácidos nucleicos como duma composição literária ou musical. No princípio era o jogo e hoje continua a ser o jogo.

O Jogo das Contas de Vidro, de Hermann Hesse (publicado entre nós pela Dom Quixote), é uma fábula sobre o jogo como utopia total. Para Hesse, «o Jogo das Contas de Vidro é um jogo que joga com todos os conteúdos e valores da nossa cultura, um pouco como nos tempos áureos das artes um pintor terá brincado com as cores da sua paleta» , como um órgão é tocado (em inglês, «jogado» ) por um organista. Acrescentaríamos hoje: como um computador é jogado por um matemático. Continua Hesse a sua descrição do «Jogo das Contas de Vidro»: «Uma partida podia, por exemplo, partir duma dada configuração astronómica, ou do tema duma fuga de Bach, ou duma frase de Leibniz ou dos Upanishads e, segundo a intenção ou o talento do jogador, prosseguir e desenvolver a ideia condutora por ela evocada ou enriquecer a expressão dessa mesma ideia com a evocação de ideias próximas. Se o principiante era capaz de estabelecer um paralelo, por meio dos símbolos do jogo, entre uma melodia clássica e a fórmula duma lei da Natureza, o conhecedor e o mestre conduziam a partida desde o tema inicial até combinações ilimitadas.»

Manfred Eigen parte do Jogo das Contas de Vidro de Hesse (que é citado logo no início) para uma partida com o leitor, e acaba por estabelecer um paralelo entre as leis da natureza, que regulam o acaso, e as regras musicais, tanto clássicas, baseadas na harmonia, como modernas, exemplificadas nas séries de Schönberg.

Eigen não é um principiante. Embora porventura diletante na arte da música, é um biofísico-químico famoso a quem foi atribuído o Nobel da Química em l967 pelos seus estudos sobre a cinética das reacções rápidas. Por paradoxal que possa parecer (e isto de prémios Nobel tem os seus paradoxos; a Churchill, por exemplo, foi atribuído o da Literatura!), o seu principal domínio de interesse é uma reacção lenta, muito lenta: a reacção, ou melhor reacções, dos princípios da vida.

No princípio eram os ácidos nucleicos, que contêm em si a chave da selecção e portanto da vida, a saber: capacidade de auto-reprodução, possibilidade de mutação e virtualidade do metabolismo. Esses ácidos contêm informação codificada em quatro letras: C, G, U e A. Se acaso uma definição é possível, a vida mais não é do que o fenómeno natural da transmissão, modificação e processamento de informação.

O químico Spiegelmann disse um dia, meio a sério meio a brincar: «O homem é o meio que os ácidos nucleicos inventaram para se conseguirem reproduzir na Lua» . Meio a sério, porque virá um dia em que o homem se reproduzirá em colónias lunares e porque parece haver uma certa teleonomia no processo evolutivo; meio a brincar porque atribui ao ADN ideias de ficção científica...

A transmissão da vida é obviamente essencial à sua história. O físico Eugene Wigner declarou um dia, também meio a brincar meio a sério, que a reprodução biológica contrariava os princípios da mecânica quântica (devia ser mais a brincar do que a sério, pelo menos a avaliar pelos biliões de casais que ignoram tranquilamente a mecânica quântica...). Os primeiros ácidos nucleicos, certamente em obediência estrita à mecânica quântica, cresceram e multiplicaram-se, permitiram mutações diferenciadoras e sobreviveram por meio de incessantes trocas de energia com o meio. A certa altura, os primeiros peixes anfíbios, conduzidos pelas marés, passaram do mar primitivo à terra. Podia-se continuar aqui a «blague» de Spiegelmann, dizendo que foi a Lua que, desejosa de ver ácidos nucleicos nos seus «mares», apressou, por meio do fenómeno do fluxo das águas, o aparecimento do homem. Fosse como fosse, a vida espraiou-se, em múltiplas formas e funções.

Eigen e Winkler, meio a sério meio a brincar (recorrendo ao elemento lúdico conseguido por vários jogos de dados e tabuleiro), afirmam que o acaso, presente na mutação, e a lei, presente na consequente adaptação selectiva, são ambos imprescindíveis à vida. O acaso, que no jogo é simulado pelos dados e que no computador é simulado por números aleatórios, resulta de condições ambientais particulares. O facto de a transcrição da informação do ADN se realizar à temperatura ambiente, sendo o «quantum térmico» comparável à energia das interacções químicas envolvidas, permite o acidente, a mutação.Por outro lado, as leis que presidem aos fenómenos físico-químicos e que « domesticam» o acaso são universais, tão universais como a lei que rege o comportamento da Lua.

O biólogo francês Jacques Monod, no livro O Acaso e a Necessidade, colocou a ênfase no acaso, justamente impressionado pelas incontáveis combinações de que a vida se reveste. Eigen, em contraponto, diz que a ênfase deve ser posta nas leis naturais. De certo modo, é uma procura intransigente ainda que penosa da explicação físico-química das regularidades que vem substituir o deslumbramento de Monod, legítimo mas reverencial, perante a omnipresença do acaso. Não há jogo sem regras. São as regras do jogo que o definem, embora elas sejam incapazes de especificar os decursos individuais de cada partida.

Sabe-se hoje, mais de cem anos depois de Darwin, que o jogo da selecção se identifica, em grande parte, com o jogo da vida: é o jogo da continuação da vida. A selecção é o único mecanismo que permite explicar a vida que, luxuriante, pulula por quase todo o planeta. Há anos, quando nos Estados Unidos os criacionistas disparatavam nos «media», um leitor do "Expresso" defendeu numa carta ao jornal essa doutrina. Teve a sorte de ficar sem a merecida resposta. Acontece que o criacionismo é intelectualmente indefensável e cientificamente irresponsável. Bertrand Russell dizia que não acreditar na evolução era equivalente a supor que alguém podia já ter nascido com peugas, remendadas e tudo, nos pés.

Apesar de acreditarmos na evolução, nunca a vimos «ao vivo»: não vimos nem os peixes-anfíbios antigos nem os dinossauros. Eigen e Winkler ensinam-nos (a nós que não temos a paciência milenar que o planeta teve para assistir ao jogo da evolução - a Lua, essa, ainda está à espera - mas temos apenas algumas meias horas disponíveis) como se joga o jogo da selecção com a ajuda de uns tantos dados, um tabuleiro e peças de várias cores. Acaba-se, inexoravelmente, por assistir ao triunfo das cores «mais aptas». Voltamos a ser as crianças que éramos quando jogávamos ao «Jogo da Glória» ou os adolescentes que éramos quando demos ou levámos os nossos primeiros xeques-mates.

Mas quem são, em geral, os «mais aptos»? São as regras do jogo que definem a seta, para não dizer o sentido, da evolução. Escreve M. Eigen, num livro, Stufen zum Leben (Degraus da Vida), uma dúzia de anos posterior a O Jogo (que data de 1975) e publicado pela mesma editora, a Piper (de Munique): «Os genes que se encontram hoje nos seres vivos não podem ter surgido casualmente, quase por lançamento dos dados. Tem de existir um processo de optimização dirigido para um objectivo, nomeadamente para a funcionalidade». A informação serve um certo e determinado fim, e os fins aqui justificam os meios.

Trata-se portanto de dar uma explicação físico-química ao processo de escolha selectiva. O jogo caracteriza-se sempre (e nisso residem o seu fascínio e perenidade) pela imensidão das alternativas possíveis (o «jogo do galo» não é um bom jogo, porque não exibe muitas alternativas, enquanto o xadrez já é o jogo por excelência, porque não há dois iguais). Eigen prefere focar a sua atenção nas escolhas selectivas que se deram no plano das primeiras macromoléculas. A razão é que nesse caso a complexidade química é obviamente menor e as regras necessariamente mais simples. Para a evolução molecular primitiva (muito antes da ameba), Eigen mostra como se pode, recorrendo a modelos, simular os processos naturais de evolução. Não existem fórmulas matemáticas mágicas para o desenvolvimento e desdobramento da vida, mas sim algoritmos, que podem ser postos em prática num tabuleiro, num computador digital ou num pequeno reactor de evolução no laboratório (o reactor contém, por uma questão de comodidade, ácidos nucleicos e não crocodilos e hipopótamos).

O que é que em Portugal, aqui e hoje, O Jogo de Eigen e Winkler sugere ou ensina? Ensina que a ciência pode e deve ser também uma actividade lúdica, não devendo portanto estar sujeita a regulamentação espartilhante (a ciência não se deve burocratizar). Ensina que a mutação é a fonte de progresso em qualquer processo evolutivo e, por consequência, no processo da evolução das ideias científico-técnicas, aqui ou noutro lado, não basta copiar. Por muito que se reproduzisse, o primeiro peixe-anfíbio nunca teria chegado a mamífero e muito menos a ministro sem o papel das mutações inovadoras. Ensina também que as várias disciplinas científicas estão, mesmo quando afastadas, muito próximas uma das outras, e portanto não é justo que sejam dirigidas e/ou praticadas por repartições diversas que se ignoram mutuamente. Ensina que a Universidade deve ser uma «Universitas».

As investigações biofísico-químicas de M. Eigen são também e além do mais um protótipo da ciência futura: nem apenas teoria nem apenas experiência, mas uma combinação fecunda das duas acrescida da realização de simulações computacionais, jogos sofisticados de computador. O computador pode substituir com vantagem o reactor da evolução onde se praticam os jogos da vida: não são necessários nem os ácidos nucleicos nem os hipopótamos. Os intercâmbios horizontais entre as várias disciplinas são facilitados por esse novo instrumento deste final de século. Em Santa Fé, no deserto do Novo México, criou-se em 1984 um novo instituto para estudar as chamadas "ciências da complexidade". No primeiro « workshop» desse instituto, Eigen foi convidado a falar sobre as origens da vida, juntamente com outros cientistas que falaram uns sobre a «emergência da psicologia evolucionária», ou sobre «teoria dos sistemas complexos» ou «linguística e computação». Todos se sentaram à volta da mesma mesa, fazendo surgir novas sínteses na ciência. Eigen defende o «Jogo das Contas de Vidro» nos mais diversos domínios: na biologia e na linguística, na matemática e na música. Escreveu Hesse: «Todas as tentativas de aproximação entre ciências exactas e as menos exactas, todas as tentativas de conciliação entre a Ciência e a Arte ou entre a Ciência e a Religião assentaram nessa mesma ideia que, para nós, ganhou forma com o Jogo das Contas de Vidro» .

Qual é a extensão do «Jogo», segundo Eigen e Winkler? O processo de evolução biológica conduziu ao desenvolvimento particular do cérebro nos primatas. E é sabido pelo leitor que lê (senão não lia) que o cérebro humano permite a utilização de outras formas de comunicação que não a comunicação genética (há outras bibliotecas, de vinte e muitas letras para além da biblioteca dos genes, com quatro letras). Pode-se dizer que, com a emergência da comunicação falada e escrita, isto é, da língua, o «carrocel da evolução" acelerou vertiginosamente. O homem dispõe agora da possibilidade, que não é inocente, de intervir no Jogo. Apareceram as bibliotecas de ideias, artes, ciências e técnicas. É certamente discutível até que ponto as criações intelectuais do homem serão o prolongamento óbvio do jogo da evolução biológica. Mas, como contributo para essa discussão, Eigen e Winkler afirmam que se trata da continuação desse jogo, embora num outro nível e invocam o conceito de evolução em domínios onde, como eles próprios dizem, «não passam de diletantes». Normalmente o cientista que pretende ingenuamente abarcar tudo acaba por não conseguir abarcar demasiado. A incursão de Eigen e Winkler pelos terrenos movediços das ciências menos exactas pode parecer temerária, mas o seu diletantismo acaba por ser desculpável: em primeiro lugar, por ser confesso e, em segundo, por o leitor pressentir aí uma necessidade filosófica e afinal estética que é própria dos cientistas maiores. Não lhes basta uma «Weltbeschreibung» (descrição do mundo) mas aspiram a uma «Weltbild» (imagem, compreensão do mundo). O jogo serve a uma «Weltbild», uma vez que são evidentes as suas potencialidades metafóricas.

Mas em arte uma só metáfora não chega: a arte é o sítio onde várias metáforas se entrecruzam e confundem, como exemplificam, embora de maneira diferente, o livro de Hesse ou o quadro de Calvet. A última parte de O Jogo, onde Eigen e Winkler aplicam o jogo à arte, incorre nos vários riscos comuns a todas as extrapolações que devem menos à experiência própria e mais ao recorte de argumentos alheios para a demonstração da tese em causa. Pode parecer uma peça daquilo que Hesse chama a «idade do folhetim», dominada pela vulgaridade e uniformidade. Nem tudo se poderá reduzir ao jogo. Tudo é porém semelhante a um jogo, tudo é mistura de caos e legalidade.

Em jeito de justificação de Eigen e Winkler, busquem-se em Hesse as seguintes palavras conclusivas: «Pode-se ser um lógico ou um gramático rigoroso e, ao mesmo tempo, ser-se cheio de fantasia e música. Pode-se ser instrumentista e jogador de contas de vidro e ao mesmo tempo ser-se dedicado à lei e à ordem. O homem que ideamos e queremos, que nos propomos devir, trocaria em todos os seus momentos a sua ciência ou a sua arte por outras quaisquer, faria resplandecer no Jogo das Contas de Vidro a lógica mais cristalina e, na gramática, a imaginação mais fecunda. »

Eigen e Winkler são, convenhamos, bons jogadores de contas de vidro. Trocam de bom grado a ciência biofísica pela arte da música, o jogo molecular do ADN pelos jogos concertantes de Mozart!

- Manfred Eigen e Ruthild Winkler, O Jogo. As Leis Naturais que Regulam o Acaso, Gradiva, 1989.

3 comentários:

Flávio Josefo disse...

Desafio-vos a participar no movimento dos Blogs a favor do referendo do Tratado Europeu. A imagem está em Kaos.

Ciência Ao Natural disse...

Apenas dois comentários ao texto:

-"...onde a vida, um dia, há cinco mil milhões de anos, surgiu."
os indícios mais antigos de vida são um "pouco" mais recentes;

-do que foi escrito "Tem de existir um processo de optimização dirigido para um objectivo, nomeadamente para a funcionalidade", fica implícito que é a forma que condiciona a função.
Esta é uma das grandes questões da Morfologia, não existindo (será que algum dia existirá?) uma resposta definitiva.

Entre muita outra bibliografia, consultar o excelente artigo de Gould e Lewontin "The Spandrels of San Marco and the Panglossian Paradigm: A Critique of the Adaptationist Programme".
Que dzer de morfologias, na maioria dos casos surgidas como consequências do processo alométrico, inicialmente sem função directa aparente, e que contribuem para a viabilidade do organismo, num tempo geológico posterior?

Luís Azevedo Rodrigues

Anónimo disse...

Meu Caro Carlos Fiolhais
Esta citação de Hesse
“acaba por estabelecer um paralelo entre as leis da natureza, que regulam o acaso”
prejudica todo o seu artigo. Porque leis e acaso estão em contradição. É esse o ponto fraco de Jacques Monod, no livro citado “O Acaso e a Necessidade”. Sendo as formas geométricas um clássico no reconhecimento da mão humana num qualquer achado arqueológico, por exemplo, ele imagina extraterrestres a visitarem o nosso planeta e a concluírem, pela observação de uma colmeia, que há vida inteligente aqui, quando, afinal, o que observavam não seria vida inteligente. Sabemos que o hexágono é uma forma ideal para cobrir uma superfície por justaposição, como na famosa Calçada dos Gigantes, da Irlanda do Norte, composta por prismas hexagonais de basalto, de que eu posso ver um exemplo a poucas centenas de metros da minha casa. O problema é saber até que ponto os favos de mel resultam de um acaso que cumpriu uma necessidade. Mas, para Monod, o acaso era um postulado, como talvez dissesse o Luís A. Rodrigues.
Alguns cientistas têm tido dificuldade em aceitar certos factos da evolução, quer cósmica quer da vida na Terra, quando os dados lhes parecem viciados por uma intenção de finalidade não imediata. Como os famosos casos do Big-Bang ou da extinção dos dinossáurios. É que, ao que parece, se estes não tivessem desaparecido a evolução de que resultou a nossa espécie não teria sido possível. Por isso se tenta justificá-la com acasos vindos quase sempre do exterior. Já aqui falei da minha teoria para uso pessoal. (Faz-me falta um diploma de Harvard ou um nome de John Qualquer Coisa, pelo menos, para poder ser levado a sério. Mas lá se chegará, tenho quase a certeza.) Repito a ideia, no entanto. No Triásico, quando surgiram os dinossauros, o oxigénio era de apenas cerca de 10% da atmosfera; no final do Cretáceo, quando se extinguiram, o seu valor tinha subido para o dobro. Por uma série de condições anatómicas que parecem confirmá-lo, os dinossauros não tinham um aparelho respiratório capaz de se adaptar à mudança, ao contrário dos crocodilos ou das tartarugas, por exemplo. (O metabolismo baixo destas talvez seja o reflexo desses tempos de pouco O2 entre tanto N e tanto CO2...)
Seja-me permitida ao menos a perplexidade, pode ser?

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