Para se perceber melhor o que o Desidério diz abaixo sobre o "eduquês" não há nada como um exemplo concreto. A primeira pergunta e a respectiva resposta de uma secção de FAQ do "Plano de Acção para a Matemática" são:
"•O que se entende por “Formas de articulação da avaliação dos alunos integrados no projecto”?
Pretende-se que se descreva como se procurará desenvolver, junto dos alunos envolvidos no projecto, práticas avaliativas concertadas entre os diversos professores, em particular aquelas que são pensadas numa perspectiva de regulação do ensino e da aprendizagem.
Embora cada projecto tenha especificidades próprias e não haja uma norma de actuação, para clarificar o que se pretende, apresentam-se de seguida alguns aspectos a considerar que podem alimentar o debate para responder a este item:
- Está pensada uma explicitação e negociação de critérios de avaliação? Qual o seu nível de concretização? Estes objectivos são negociados com os alunos? Como se vai proceder de modo a facilitar a sua apropriação por parte dos alunos?
- Qual a diversidade de instrumentos de avaliação pensados? Como desenvolvê-los de forma a constituírem novos momentos de aprendizagem?
- Que estratégias serão pensadas ao longo do ano lectivo para desenvolver a capacidade de auto-avaliação dos alunos?
- Estão previstos momentos de trabalho entre os professores para analisar e discutir produtos realizados pelos alunos de modo a retirar informação que sustente novas intervenções na prática lectiva?
- Como está pensado o apoio aos alunos de acordo com as suas dificuldades? Está previsto o desenvolvimento de estratégias de diferenciação pedagógica na sala de aula?
- Como está pensada a avaliação sumativa?"
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6 comentários:
O primeiro pensamento que se me atravessou ao ler este post foi que se trataria de uma peça satírica, semelhante àquele do problema das batatas através dos tempos, que circulou por todas as instituições universitárias.
Depois, foi ver o link referenciado e deu-me um baque, quando vi que tinha mesmo origem no Ministério da Educação. De facto, penso que nem mesmo um humorista corrosivo se atreveria a ir tão longe. É demasiado escandaloso para ser inventado.
Se bem percebi (embora confesse ter dificuldade em compreender textos tão assustadoramente vazios como este), a tónica fundamental é auto-avaliar os alunos, sem se saber muito bem sobre o quê. Matéria pura e dura, não é sequer referida de passagem. Portanto, presume-se que as crianças não tenham de aprender nada. Mas que ficam bem versadas na questão de se auto-avaliarem nos conhecimentos que nunca adquiriram, lá isso... tire-se o chapéu ao ME.
os crânios do ME que escreveram esta treta devem ser seguidores do tal Ubiratan D’Ambrosio da etnomatemática que a palmira referiu demanhã.
tenho-me divertido a ler os disparates que o sujeito escreve.
uma parte que fala da avaliação seria para rir se não existissem anormais que implementam estes disparates:
Uma avaliação adequada deve ser focalizada no aluno como indivíduo, analisando e chamando atenção para seus erros, com muito cuidado para evitar sua humilhação perante os colegas e o seu desencanto com a sua própria aprendizagem.
Mas isso exige que o professor deixe de cobrar retenção de conteúdos e se liberte da idéia falsa que o programa deve ser cumprido integralmente e na ordem estabelecida.
Este "plano de acção para a matemática" tem uma grande virtude: para quem possa ter dúvidas é uma cabal demonstração de como é bom estarmos entretidos com o nosso umbigo. E caso haja quem pague, não é só bom, é divinal!
Mas, os seus autores devem ficar preocupados, porque não são originais e o que não falta para aí são entendidos especialistas e criadores e, portanto, potenciais concorrentes que utilizam as mesmas estratégias para encher de "palha" resmas e resmas de dossiers de análises, estudos e projectos de desenvolvimento nas mais diversas áreas.
O aspecto lírico-surrealista deste exemplo é que não só há quem pague, como uma parte significativa do país tem sido construído nas últimas décadas com base neste tipo de estudos.
Artur Figueiredo
Obrigada
Por um momento cheguei a pensar que "aquilo" era para compreender, mas que eu não teria inteligência para lá chegar...
Magda
Assustador.
Concordo que parece uma peça satírica, mas imaginem só que "isto" vai ser aplicado aos alunos, que devem ser respeitados e ensinados para poderem aplicar os seus conhecimentos no seu (deles) futuro.
Fico estarrecido.
Dentro do tema "competências", gostaria que os vários especialistas se pronunciassem sobre as novas tecnologias e o modo como estão a ser promovidas a nível governamental. Refiro-me a ser tratada a literacia digital como panaceia para tudo e mais alguma coisa, ao projecto de dar computadores portáteis aos alunos e a uma misteriosa e controversa parceria com a Microsoft. Este último aspecto está a ser discutido em:
http://expresso.clix.pt/COMUNIDADE/blogs/cibercidadania/archive/2007/06/12/40007.aspx
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