terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Melhorámos no Pisa

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE) desenvolveu, em finais do século XX, um programa de monitorização da qualidade dos sistemas educativos, centrado nos produtos das aprendizagens (conhecimentos e competências) em Língua, Matemática e Ciências. É Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) destinado a sujeitos de 15 anos que, em princípio, se encontram no final do Ensino Básico.

Já se realizaram quatro passagens: em 2000, em 2003, em 2006 e em 2009. Nas três primeiras, os alunos portugueses mantiveram-se afastados da média geral, sendo que esse afastamento se acentuava a cada passagem.

Assim, muitos esperavam, portanto, o pior nesta quarta passagem. Mas, não: no Relatório Global, acabado de divulgar em Paris, a média obtida pelos nossos alunos aproxima-se pela primeira vez da tão almejada média geral dos 65 países envolvidos, encontrando-se a par dos Estados Unidos, França, Alemanha, Irlanda, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Hungria...

A este propósito é de registar o comentário da senhora Ministra da Educação. Destacando o "esforço consistente e competente" dos directores para conseguirem escolas "eficazes" atribuiu, em primeiro lugar, os resultados ao trabalho dos professores e à sua qualidade, investimento e empenho".

Depois de uma leitura atenta desse Relatório, daremos conta no De Rerum Natura dos aspectos mais relevantes que nele constam.

13 comentários:

Anónimo disse...

A Dra não passa no item leitura: não é verdade "que esse afastamento se acentuava a cada passagem". Leia melhor. Não melhorámos (a melhoria até existiu mas foi indelével) mas também não piorámos. O coro é que piorou!

Graça Sampaio disse...

"... destacando o esforço consistente e competente dos directores..." Dos directores? Li bem? Inventaram-nos e agora têm de dizer que eles - os directores - são a panaceia para tudo!Além de que só lá estão há um ano! Ó valha-me deus!

Unknown disse...

Melhoraram os resultados do piores alunos, manteve-se o nível dos melhores. Cruzando isto com o facto de os maus alunos serem actualmente enviados para cursos CEF, e sabendo que os alunos de CEF não participaram (ao que consta) neste último estudo, decorre que a amostra foi seleccionada com mais cuidado, e que isso foi eficaz nos resultados finais. Não estaremos talvez melhores em literacia, mas ficamos melhor na fotografia. Já é um progresso.

Anónimo disse...

Depois de passar e ler vários comentários em blogs de professores tirei todas as dúvidas que tinha. Este resultado foi mais uma farsa deste governo da treta. Os alunos foram praticamente escolhidos (os melhorzinhos) e em muitas escolas houve copianço que até fez impressão. Não podia ser de outra maneira. A educação básica/secundária em Portugal está muito pior. Os directores são fantoches, o ambiente entre profs é de cortar à faca, os putos mandam na escola juntamente com os pais. Como pode a educação estar muito melhor?

Anónimo disse...

A tropa anti-eduquesa vai ter algum trabalho para reescrever isto:
http://pascal.iseg.utl.pt/~ncrato/Recortes/LeituraMatematica2.htm

Sai da toca Valente Guilherme!

Fartinho da Silva disse...

Como eu gostava de acreditar neste relatório!

joao viegas disse...

Pois bem, eu, que não sou professor, tenho a aplaudir o post e a dizer que vou ficar atento. De facto, o estudo é extenso e, a avaliar pelo que tenho lido, sera bem vinda uma analise cuidada.

Não duvido que a autora seja capaz de nos poupar trabalho e julgo que os resultados do relatorio, no que têm de interessante como no que têm de criticavel, deverão necessariamente ser levados em consideração para o que interessa mesmo, que é melhorar (ou melhorar ainda mais) a qualidade do ensino.

E seria bom que o assunto não degenerasse em guerrinhas escusadas que so conseguem distrair-nos do essencial.

Anónimo disse...

E: O último PISA - Programme for International Student Assessment - colocava o desempenho dos alunos portugueses de 15 anos a Matemática, Ciências e Leitura no 37.º lugar entre os 57 países analisados. Há motivos para preocupações?
NC: Há. Já o tínhamos dito antes deste estudo e mantemos. Aliás, se virmos o PISA, verificamos que a situação se mantém.

E: Há razões que expliquem o facto de a Matemática continuar a apresentar notas baixas?
NC: Há: o ensino está mal. Estamos a sofrer o resultado de programas maus, de ausência de avaliação externa, de pouca exigência, de fraca formação inicial, de tudo...

http://www.educare.pt/educare/Actualidade.Noticia.aspx?contentid=4AE69AB07CFB50CCE04400144F16FAAE&opsel=1&channelid=0

António Daniel disse...

Quando o silêncio e a relativização se tornam necessários, é quando os políticos mais falam. A propósito dos resultados de Pisa, as reacções foram estridentes, estabelecendo relações causa-efeito ilegítimas. Designa-se de post ergo, ergo propter hoc a falácia onde se assume que um efeito é consequência de uma determinada causa por mera sucessão temporal. Se José Sócrates afirma que os melhores resultados se devem à política governamental de educação está, obviamente, a incorrer nesta falácia. Pelo menos tem o mérito de proporcionar aos estudantes de filosofia casos concretos de falácias.

Anónimo disse...

Se há área da vida em sociedade em que as visões podem ser muito distintas, a Educação deve ser o exemplo máximo.
Parece que cada um quer uma escola da maneira que mais lhe convém, mas, infelizmente procuram todos a mesma escola.
Isto faz das escolas, locais onde é difícil saber qual é o rumo para onde se segue.
Tudo é provisório, tudo é temporário, "este ano é assim, para o ano logo se vê", "talvez para a semana haja novidades", "no próximo mês, vamos ver o que decide o ministério", "pediu-se um parecer à direcção regional e estamos à espera de resposta",...
As metas de aprendizagem são uma boa ideia, mas podiam ser mais simples, mais objectivas.
Os programas, a mesma coisa. Porque é que em Portugal, para o que pode ocupar meia dúzia de páginas, se gasta logo umas boas dezenas delas.
Este governo mudou muita coisa nas escolas, mas não mudou o mais importante.
Porque quem decide o que muda ou fica na mesma são pessoas que não entram numa escola há muitos, mas muitos anos mesmo e que vêem as escolas como se consegue vê-las de dentro de gabinetes que é através de papéis com gráficos muito "modernos".
Lamento informar, mas isto do PISA é mais um "fait-diver" a que Sócrates, o ilusionista, (não, o filósofo) só deu importância por causa do seu ressentimento em relação aos professores e para ver se nos atira um pouco mais de areia para os olhos. De um momento para o outro, desapareceu o TGV, o falhanço da sua ida à Suíça para defender um Mundial que ninguém no seu perfeito juízo queria cá, a crise da dívida soberana, o desemprego, a insegurança crescente, etc. Ou então, não...
Isto cansa.

ND disse...

de que forma foram apurados os resultados para este estudo? Se foram enviados pelo nosso ministério da educação então os resultados só podem à partida ser tendenciosos

ND disse...

como resposta a mim mesmo:
http://corporacoes.blogspot.com/2010/12/conversa-com-um-leitor-sobre-o-pisa.html
a verificar-se sem falácias, parece-me francamente positivas as medidas deste governo

Vasco Gama disse...

Pelo menos para os mais distraídos este texto não é suficiente?

http://www.publico.pt/Educação/cursos-profissionais-representam-15-por-cento-da-amostra-do-pisa_1471472

Em favor da honestidade intelectual por favor corrijam as vossas afirmações!

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