Entre outros aspectos, a lógica informal estuda as falácias formais e informais que ocorrem quando as pessoas argumentam. Recentemente, apercebi-me de que uma das falácias mais comuns em debates públicos é a falácia das más companhias ou “guilty by association”. Esta falácia baseia-se no erro de pensar que as ideias vêm aos “cachos”, como as uvas: rejeita-se qualquer ideia ou argumento defendido por uma pessoa com a qual se discorda sobre alguns assuntos fundamentais, presumindo-se algo vagamente que defender um certo conjunto de ideias ou argumentos considerados errados implica que todas as ideias ou argumentos defendidos por essa pessoa ficam “contaminados”. A limite, isto provoca a “tresleitura”, fazendo os “inimigos” rejeitar até o que a pessoa não escreveu, nem disse, nem defendeu.
O debate público sobre o aborto, assim como muitos debates na blogosfera, têm esta característica. As pessoas não ouvem nem lêem com atenção o que as outras dizem, porque já sabem a que “grupo” elas pertencem. E quando respondem, nem leram nem ouviram com atenção o que a pessoa disse — limitam-se a presumir que a pessoa disse outra vez o que muitas vezes diz. Este tipo de atitude é a negação do debate e baseia-se em associações de ideias mal amanhadas. Saber se é realmente verdade que uma determinada ideia implica outra é muitas vezes difícil e exige grande sofisticação. Mas para o partidário do pensamento “fast food” nada disso conta — basta saber que aquela pessoa é marxista para que tudo o que ela diz sobre economia ou política ter de estar errado. Ou basta saber que aquela pessoa é ateia, ou religiosa, ou seja o que for, para que tudo o que ela diz ser lido apenas superficialmente, só para se manifestar a nossa indignação e para “não deixar passar”.
Esta atitude é tola. Todos os seres humanos erram, mas também todos os seres humanos acertam parcialmente na verdade. Ninguém tem o monopólio nem da verdade nem do erro. As ideias não vêem aos cachos. Pessoas que defendem ideias erradas defendem também, misturadas com essas, ideias correctas. Destrinçar umas das outras é um dos objectos da discussão de ideias. Discutir cuidadosamente se a ideia A implica realmente a ideia B exige cuidado, atenção ao pormenor e seriedade. Presumir que a ideia A implica a ideia B só porque sabemos que a pessoa que defende a primeira defende também a segunda é uma tolice.
Mas pior do que uma tolice: esta atitude corrói a própria possibilidade da discussão de ideias. Discutir correctamente ideias é discutir só as ideias que explicitamente estamos a discutir, e fazê-lo com cuidado. A falácia das más companhias transforma a discussão de ideias em contagem de armas: quem consegue ter mais apoiantes, X ou Y? Não se trata de, juntos, seguirmos o fio da argumentação, atentarmos aos pormenores, verificarmos as fontes e os factos — nada disso. Trata-se apenas de usar todos os truques e mais alguns para gritar de múltiplas maneiras diferentes a mesma coisa: “Viva a minha ideia, o meu modo de vida, as minhas preferências, e abaixo a tua ideia, o teu modo de vida, as tuas preferências!” A imagem justa desta maneira de entender o debate de ideias é a palhaçada das manifestações de rua, em que grupos bovinos de pessoas gritam palavras de ordem e exibem a força do número dos seus apoiantes, sem uma sombra de argumentação séria nem de articulação de ideias. Muitas pessoas pensam que isto é que é a democracia: a constituição de grupos irracionais de pressão da opinião pública, para que ganhe quem faz mais barulho. E por isso ficam até desnorteadas quando se procura a discussão séria de ideias, pois o que está para elas em causa não é saber de que lado está a verdade (está sempre do delas), mas unicamente saber quantos apoiantes se conseguem cativar para gritar mais alto do que os apoiantes da posição contrária.
domingo, 13 de maio de 2007
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20 comentários:
Não sei ve visto a toga do advogado do diabo mas nesse juízo ensaístico colho a ideia de uma verdade categórica. Há tal verdade? E a existir quem se arroga determiná-la - o que fundamenta a sua autoridade?
Porque verdades só do debate de ideias ;)
Caro Desidério
Concordo em absoluto consigo. Na maior parte das situações em que há confronto de ideias, efectivamente não se discutem ideias, mas pessoas. Como diz, nem se ouve o que a pessoa diz, pois parte-se logo da suposição de que aquilo que a pessoa vai defender tem a característica A ou B. Por outro lado, já me vi com frequência na situação oposta, que é a das pessoas que me vêm pedir desculpa por colocarem uma ideia minha à discussão, por que sentem que ao colocar uma ideia que defendo a discussão estão a colocar-me a mim em causa. Claro que as ideias implicam as pessoas, mas se a concretização de uma ideia tem implicações num coelectivo de pessoas, as ideias têm de ser discutidas e os argumentos de uma posição analisados, independentemente da pessoa. Tudo o que a pessoa pode aprender é a pensar melhor na forma como apresenta e defende as suas posições.
Maria Rodrigues
Caro Desidério:
Hoje estamos de acordo! ;-)
Obrigado pelo «post». Ele remete-me a outro tema de alguma forma ligado, a que poderia chamar, pedindo emprestadas as palavras do título, «o problema da escolha das nossas companhias» ou «o problema da Irmandade». A ver se me explico.
São racionais os critérios pelos quais os filósofos aderem a uma ou outra corrente filosófica? Por exemplo, por que razão os filósofos de uma dada Universidade são tendencialmente de uma corrente, enquanto os de outra são de outra? São racionais os «motivos» das nossas escolhas no campo intelectual? Por que tendemos a reagir às vezes «em manada» quando «um dos nossos» é criticado ou «atacado»? Por que lemos com benevolência um autor de quem gostamos e «de pé atrás» um com o qual já sabemos que discordamos?
Evidentemente este problema passa-se em praticamente todos os campos da vida humana, a começar pelos políticos e respectivos partidos, na sociologia, na economia, na teologia, etc. E também em várias ciências «menos sociais». E todos sabemos do certo «tribalismo» que campeia em muitas universidades e outras instituições, culturais ou de outro tipo.
Isto também tem a ver com a questão dos pressupostos, talvez os pressupostos das «profundezas». Há aqui um qualquer mecanismo parecido ao das falácias das más companhias. Porque a ideia A vem de B que normalmente diz C já estou à espera de o ler com determinado «estado anímico». Até nos fóruns, blogues e seus comentários tendemos a pré-catalogar. Talvez por isso gostemos menos dos anónimos. Preferíamos ir construindo cachos-de-ideias-pessoas, para nos facilitar o trabalho.
Haverá também tolice nisto? Seremos todos um pouco tolos? Necessariamente?
Alef
Excelente post! E um principio basilar para levar a bom porto um projecto como o deste excelente blog colectivo que com tantas contribuições de qualidade só beneficiará com um confronto de opiniões.
Parabéns!
Por estas e por outras é que assenta aqui bem o título de "blogue pensante".
Excelente o blog colocar esta temática em cima da secretária e aprecio muito a linguagem, como direi, desinfectadinha ( não é só clareza!) com que o Professor Desidério nos tem presenteado. E este post não foge à regra.
Achei o último parágrafo de enorme importância. Os pedagogos deste país ( os professores e os pais ) e os políticos devem analisá-lo com honestidade e preocupação pois é um problema crescente e grave das sociedades actuais que se manifesta, em extremo, até em intolerância e violência.
Artur Figueiredo
"Talvez por isso gostemos menos dos anónimos. Preferíamos ir construindo cachos-de-ideias-pessoas, para nos facilitar o trabalho."
Na minha opinião a questão dos anónimos é exactamente ao contrário do raciocínio do Alef. Ou seja, os anónimos é que, voluntáriamente, preferem ser só mais uma uva do cacho-de-ideias-pessoas.
Mas, penso que a questão do anonimato sobre a qual também já emiti aqui opinião é outra. Talvez com um exemplo concreto eu me exprima melhor: Por vezes, na mesma caixa aparecem vários comentários anónimos em que algumas ideias são contraditórias com outras. Eu, simplesmente passo à frente porque não sei se são pessoas diferentes, ou, se a mesma pessoa se está a contradizer.
Para mim, a questão dos anónimos é só uma questão de legibilidade destas caixas!
Artur Figueiredo
Artur, Claro que o anonimato está relacionado com os ataques pessoais. Só não estaria relacionado se, apesar de se atacar pessoas, ainda assim, assinassem os comentários. Isto não tem nada que saber, nem me parece que seja uma questão filosófica. É pura cobardia que a merecer tratamento, só o merece pela psicologia, não pela filosofia. Claro está que, apesar de tudo, aparecem anónimos cuja intenção não é só a ofensa. Mas quem tem ideias e gosta de as por à prova, quase sempre, assina e assume as suas posições. Já agora uma denúncia: já conheci algumas pessoas que, na internet, dedicam horas a ofender, mas que, na realidade, são imensamente simpáticas e afáveis o que, do meu ponto de vista ou revela cobardia e hipócrisia, ou um estado patológico tratável por qualquer psiquiatra. Creio que é mais pela primeira razão.
Abraço
Rolando Almeida
Caro Rolando,
O anonimato funciona mais ou menos como disse. É fácil atacar sob o anonimato, fingindo ser outra pessoa que não o próprio. Serve para tentar fugir da estereotipagem que o Desidério falou. Já vi comentários anónimos que me pareceram ser de outras pessoas que assinam, mas, que me pareceu terem caído em tentação. :-)
Creio que foi por isso que o Desidério pediu o não anonimato num post antigo, só que na internet, o anonimato é a palavra chave. Mesmo as identificações podem ser um engodo.
Caro António:
O fenómeno multinick, um comentador com vários nomes de guerra, é muito comum. No DA tivemos vários desses fenómenos, com supostos comentadores - todos com o mesmo IP :-) - que se auto-elogiavam, insultavam os postadores, etc...
Para além dos IPs, aprendi a reconhecer os multinicks pelo estilo e, por uma questão de princípio, não lhes respondo. Também já confirmei que o fenómeno alastrou para o Rerum Natura. Sem qualquer surpresa, nos mesmos temas que o motivou no DA...
Caros Leitores
Obrigado a todos pelos comentários.
Alef, a questão é que nós temos uma tendência natural para sermos parciais. Por isso mesmo, o estudo sério define-se em parte pela existência de mecanismos de controlo da deturpação das coisas. Qualquer cientista, qualquer filósofo, tem uma preferência natural pela teoria que ele mesmo defende; aprender a procurar a imparcialidade na análise e discussão dessa teoria, sem suprimir os dados e argumentos contrários, contudo, é crucial. E organizar as instituições de tal modo que a crítica frontal seja estimulada permite neutralizar as atitudes tendenciosas naturais das pessoas. E estes são precisamente dois aspectos centrais que distinguem a ciência da pseudociência e a filosofia da pseudofilosofia.
Cheguei tarde à conversa, pelo que talvez já ninguém leia esta nota. E interessar-me-ia sobretudo a opinião do Prof. Desidério. Mesmo assim arrisco, mas sintetizando.
Quando alguém, que costuma mentir, mente acerca de algo que sabemos, isso não é grave do ponto de vista da informação que nos interessa. O pior é quando as fontes de que dispomos são conhecidas por falta de rigor. Aí trata-se de uma questão de credibilidade e é necessário saber distinguir o trigo do joio. Em documentos históricos, por exemplo, a falta de credibilidade do autor obriga a esforços redobrados de investigação. Mas essa falta de credibilidade pode ser de dois tipos: ou resultado de mentira intencional ou de má informação. Fernão Lopes tendia a exagerar no louvor dos reis biografados; Gaspar Frutuoso, fidedigno, quase, quanto ao que ele mesmo conheceu directamente, era demasiado crédulo por vezes a respeito das fontes orais que lhe chegavam do passado. Em qual dele acreditar mais? No que não falta à verdade intencionalmente ou no outro?
(Aquele "quase" que usei para Frutuoso pode parecer ofensivo aos admiradores do historiador, entre os quais me encontro, mas basta comparar como ele escreve a respeito de Felipe II quando está pelo patriotismo ou quando se rende à legalidade da sucessão.)
Caro Daniel
Penso que depende muito de vários factores contextuais. Em igualdade de circunstâncias, devemos dar o mesmo crédito (ou falta dele) a quem falta à verdade intencionalmente ou a quem falta à verdade involuntariamente. Isto porque a intencionalidade não aumenta nem diminui a probabilidade de ser fidedigno.
Contudo, se sabemos que uma fonte histórica só falta à verdade intencionalmente em certos assuntos por esta ou aquela razão, ao passo que outro falta à verdade involuntariamente por estar em geral mal informado, então o primeiro é mais fidedigno.
Espero que isto ajude.
Caro Desidério
Obrigado. Parece-me lógico. Em qualquer dos casos, será sempre bom, desde que possível, consultar várias fontes, compará-las e tentar perceber onde se encontra a verdade. Mas, se não tivermos um ponto seguro de apoio, a dúvida acabará por ser a melhor solução. Ainda não há muito tempo, e para escrever um pequeno artigo, tive de ler variadíssimos testemunhos ou notícias sobre o acidente do avião da Air France, no Pico da Vara, que provocou a morte da genial violinista Ginette Neveu, de seu irmão Jean-Paul, pianista, e do ex-campeão de boxe Marcel Cerdan. No entanto, se eu não conhecesse a geografia de S. Miguel e Santa Maria tão bem como conheço, provavelmente não teria chegado a conclusões seguras.
Um abraço.
Daniel
Também chego tarde à conversa. Creio que há num comentário gato escondido com o rabo de fora. Mas acho o post do Professor Desidério muito interessante. O que não acho interessante é o modo como a falácia das más companhias é utilizada aqui em pelo menos um comentário - o da Professora Palmira. Essa de pelo facto de comentários diferentes com o mesmo IP implicarem o mesmo autor por detrás dos diversos niks utilizados até pode ser geralmente verdade, mas daí não se segue que assim seja sempre. Sendo mais explícito: no computador em que escrevo... escrevem com regularidade na net 4 pessoas, ou seja há o mesmo IP, à partida, para 4 pessoas. E agora era o que mais faltava se de hoje para amanhã qualquer dos 4 diferentes utilizadores fossem acusados ou elogiados, por ex, por uma borrada ou uma bomba intelectual que o "mesmo" autor teria feito, apesar de qualquer um de nós poder cometer borradas ou até dizer algumas cenas certas, pelo menos de vez em quando. E mesmo o segundo critério, o do estilo, que a Professora refere pode levá-la ao erro pois dou-me por vezes conta de que sou ou somos influenciados por aqueles que connosco convivem até no estilo que utilizamos ao falar e mesmo ao escrever. Por isso, o raciocínio seguido pela Professora parece-me uma falácia das más companhias, o que aliás nos casos em que as ideias até sejam mais brilhantes poderá dar lugar ao raciocínio das boas companhias…
Rui
Viva,
continuo a insistir: as falsidades e desonestidades são tão possíveis na net como na realidade "convencional".
Rolando Almeida
Concordo com o Rolando Almeida, o espaço virtual continua a ser um prolongamento do espaço físico.
Somos tentados a ver a net como um espaço propício ao anonimato porque nos esquecemos que, em certa medida, o monitor nos dá a imagem de quem está do outro lado. Na minha opinião, dá! E, ainda por cima fica tudo escritinho, não é o "diz que disse".
Mesmo sob anonimato, "as pinturas" todas que se possam fazer na net acabam por dar borradas. As modas são rápidas e eu tenho confiança que em breve os anónimos serão vistos com desdém e sátira.
Sempre com toda a liberdade de escolha, claro, que é indispensável.
Voltarei ao post. Considero o seu conteúdo muito importante.
Artur Figueiredo
Este post do Professor Desidério remeteu-me para uma reflexâo sobre a questão da perca de identidades culturais e nacionais tão frequentemente debatida quando falamos sobre integração europeia, sobre globalização ou, sobre as preocupações que a generalização da internet pode suscitar.
De alguma forma, acabo por partilhar algumas dessas preocupações. E penso que um debate sério sobre as reflexôes deste post, debate que possa produzir políticas de mudança de rumo, por exemplo no sistema de ensino, na relação político/cidadão, na nossa forma de nos colocarmos perante o mundo e a sociedade, enfim, nas mentalidades, de forma a tornár-mo-nos todos mais abertos, mais compreensivos, mais analíticos e críticos em relação ao que nos rodeia.
Independentemente de podermos integrar um grupo, uma associação, uma comunidade, eu acho indispensàvel que o façamos com consciência, que o façamos porque partilhamos os seus objectivos, porque nos identificamos com as suas acções e assim, também nos envolveremos mais nas suas actividades, quer estejamos a falar de uma claque de futebol, quer de uma associação de comerciantes, por exemplo.
Sei que este é um discurso carregado de idealismo, mas que raio, o que é que não o é, na nossa vida pessoal ou nas modificações sociais importantes da nossa História. Não é, afinal o sonho que comanda a vida? como dizia o professor Rómulo de Carvalho.
Faz-me confusão por exemplo não ser obrigatório, desde o 1º ciclo, os professores solicitarem aos alunos trabalhos sobre as expectativas que têm em relação à cadeira e exercitem o seu sentido crítico em relação a ela durante todo o ano. O nosso ensino não pode ser só debitar informação e absorvê-la.
Tal como é muito negativo que as televisões que se auto elogiam de fazerem serviço público, praticamente tenham banido os debate com vários convidados. E não podem ser só sobre política e com políticos, que por norma são uma maçada total.
As autarquias deviam ser obrigadas a ter uma percentagem racional do seu orçamento (e, não uma infíma parte do que vai para o desporto/futebol) para actividades culturais dirigidas às escolas e restantes cidadãos, fomentando o gosto pelo conhecimento e o seu sentido de análise e crítica e não, ser basicamente para infra-estruturas que a maioria das vezes posteriormente são subaproveitadas.
Tudo isto se justifica porque o que pode estar em causa é a perca de identidades, de referências e padrões comportamentais, que frequentemente conduzem a padrões desviantes e perigosos de comportamento. A História Humana tem exemplos suficientes de este comportamento do tipo bovino ter conduzido (e continua a fazê-lo) a períodos amargos que continuam a ser calcanhares de Aquiles no nosso desenvolvimento como espécie (estamos a falar de holocaustos, extermínios, perseguições, da condição moral da mulher em África actualmente, dos extremismos religiosos ou políticos).
Este terreno da falta de identidade e de sentido crítico é fértil para o desenvolvimento deste tipo de comportamentos. Não é por acaso que um dos maiores problemas de violência social da Europa se manifeste hoje em dia, em estratégias como as claques de futebol, ou que, em França, os conflitos sociais se manifestem como vimos recentemente, com grupos cujo único ponto de união é o sentimento de exclusão do sistema.
Por tudo isto, também me parece que a discussão do anonimato que acabou por se instalar nesta caixa, faz todo o sentido.
Artur Figueiredo
É costume dizer que a pressa é inimiga da perfeição, perda, reflexão, tornarmo-nos e talvez haja mais. Desculpas.
Artur Figueiredo
Cara Palmira F. Silva,
Compreendo perfeitamente o que disse. A realidade do anonimato na net, é mais ou menos semelhante ao anonimato ao volante atrás do qual se escondem muitas pessoas, para fazer as maiores atrocidades. O problema é que há a matricula... :-) e aqui temos o IP e o mac-address.
E há outros como eu que uso 3 computadores diferentes, em sitios diferentes (o trabalho assim obriga) e que surjo com IPs diferentes em muitos comentários meus, mas, desde que decidi passar a "anónimo" comentador (antes usava um nick partilhado que como tal podia induzir confusões, pois não partilho 100% opiniões com essa pessoa que também usa o mesmo nick) passei a assinar António, que é o meu primeiro nome.
O curioso é que as pessoas por vezes pensam que são indetectáveis, e eu no meu site e no de outros amigos que foram atacados de formas ridiculas, tive o grato prazer de constatar isso mesmo... quase uma dezena de endereços de e-mail diferentes, mas, todos saiam dos mesmos endereços de IP, conforme saiam de casa ou do emprego dos autores. :-) Curiosamente faziam exactamente o que o Desidério comentou aqui. Atacavam um "grupo" tentando fazer eles mesmos um pseudo-grupo. Se desejar saber mais pormenores, terei todo o gosto em enviar-lhe um mail com história completa, e quebrar o meu "anonimato", como já fiz noutros blogs.
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