quinta-feira, 6 de julho de 2023

O debate sobre o uso de telemóveis na escola não está encerrado, muito pelo contrário

Por Cátia Delgado 

Depois da Dinamarca e da Suécia tomarem medidas governativas com vista à redução do uso da tecnologia digital nas escolas, noticia-se, agora, a proibição prevista para o uso de telemóveis na sala de aula, na Finlândia e nos Países Baixos (ver aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

Assumindo que estes dispositivos perturbam a aprendizagem, o principal objetivo é “limitar as distrações dos alunos durante as aulas” e, com isso, reverter a tendência de descida de notas. 
"Apesar de os telemóveis estarem interligados com as nossas vidas, o seu lugar não é na sala de aula",  
afirma o ministro da Educação holandês, Robbert Dijkgraaf. E continua:
"Os alunos precisam de ser capazes de se concentrar e precisam de ter a oportunidade de estudar bem. Os telemóveis são uma perturbação, como demonstram os estudos científicos. Temos de proteger os estudantes contra isso."
Refere-se, ainda, que outros países, como Inglaterra e França também já propuseram
“a proibição de telemóveis para melhorar a aprendizagem dos alunos.”
Em Portugal, a petição “VIVER o recreio escolar, sem ecrãs de smartphones!”, que colocou o tema na agenda das mais diversas instâncias envolvidas, governos, escolas e famílias, já com mais de 18.000 assinaturas, levará o debate à Assembleia da República, contando com uma proposta do Bloco de Esquerda para limitar o uso de telemóveis, em contexto escolar, por crianças dos 1.º e 2.º ciclos de ensino. No entanto, esta proposta só poderá ser pensada num âmbito mais alargado, pois as escolas que os alunos do 2.º ciclo frequentam albergam, igualmente, alunos do 3.º ciclo, não podendo, estes, ficar de fora do que for decretado.

Esta e outras questões estiveram em discussão no Fórum TSF do passado dia 30 de junho, com o título “Temos um problema com o uso excessivo de telemóveis pelas crianças?”, contando com o esclarecimento de duas especialistas na aprendizagem, cognição e memória, as Professoras Célia Oliveira e Joana Rato, assim como com os pareceres do presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares e de um representante da CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais).

1 comentário:

Anónimo disse...

Com a imposição da escolaridade obrigatória até aos dezoito anos de idade, afigura-se-me desnecessária essa divisão do ensino em creche, jardim de infância, 1.º ciclo, 2.º ciclo, 3.º ciclo e secundário. Eu falo por mim: desde a frequência do primeiro ciclo até à conclusão do ensino secundário, na terminologia atual, aprendi muitas matérias que apenas diferiam na crescente profundidade e complexidade com que eram lecionadas pelos professores à medida que os anos dos cursos iam passando. Nesses tempos, quem se ficava pelos ciclos mais baixos, ia trabalhar na linha de montagem da fábrica ou servir cafés e tostas mistas, por exemplo; quem acabava o liceu e ia para o Politécnico, ou para a Universidade, tinha garantido o lugar de professor do liceu ou de Chefe da Repartição de Finanças da terrinha. Hoje tudo é diferente: agora é obrigatório, por força da lei, concluir com sucesso o ensino secundário! Logo, não faz sentido uma escolaridade obrigatória tão prolongada, cheia de "aprendizagens essenciais" que se vão repetindo ao longo dos anos.
Para aprender as exíguas "aprendizagens essenciais", dez anos de escolaridade obrigatória chegavam e sobravam.
É urgente refletir sobre estas questões fundamentais da educação e do ensino em Portugal.
Apesar da proliferação do uso dos telemóveis, os padres continuam a celebrar missas, em paz e sossego, nas igrejas, com muita ou pouca gente. A grande diferença, com o que se passa nas escolas, é que as pessoas não são obrigadas, por lei, a ouvir missa, mas os alunos são obrigados a ir à escola, de onde não podem ser expulsos, quer levem ou não levem telemóvel!

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