sábado, 29 de julho de 2023

DE ALUNO A ESTUDANTE

Jorge Larrosa, professor de Filosofia da Educação na Universidade de Barcelona, faz, com frequência, nos seus muitos livros, artigos e entrevistas, um exercício aparentemente simples: interroga o trivial tornando-o fundamental. Aponta para o que tende a não ser notado nem pensado, explora palavras e as suas ligações e retira implicações para o ensino. É que, na sua perspectiva (que é também a minha), a acção docente depende substancialmente da interpretação que dela se faz.

Detenho-me num exemplo simples: os professores, sobretudo de níveis mais avançados de escolaridade, devem preferir a palavra "aluno" ou a palavra "estudante"? São sinónimos, diríamos; é indiferente. Não é, afirma Larrosa; a diferença é substancial. Atentemos na sua explicação...
A condição de aluno é administrativa e posicional (como também é administrativa e posicional, ao menos em primeira instância, a condição de professor). 

A obrigação do professor é converter os alunos em estudantes, quer dizer, fazê-los passar da condição institucional e posicional de alunos à condição existencial e pedagógica de estudantes. 
Essa passagem é sempre possível? Não, há casos em que não se consegue tornar um aluno num estudante. E os professores têm de estar preparados para isso.
Mas, mesmo nessa consciência, é importante tratar todos os alunos como se fossem estudantes na esperança de que se tornem no que se deve desejar.
Ver o seguinte texto do autor: "El oficio de profesor tiene que ver con el amor

2 comentários:

AMCD disse...

Pois quando os media decidem fazer demagogia é a palavra “criança” que entra em jogo. Por exemplo: “Greve dos professores. Milhares de crianças sem aulas”. Toca mais.

Helena Damião disse...

As palavras, caro Leitor, têm importância, nomeadamente quando se entra pelos meandros da demagogia. Mas no meu apontamento não era essa questão que estava em causa. O que estava em causa é o que podemos, como escola e sociedade, para tornar os alunos em estudantes (aqueles que estudam e, assim, se elevam, por influência do francês "élève").

EMPIRISMO NO PENSAMENTO DE ARISTÓTELES E NO DE ROGER BACON, MUITOS SÉCULOS DEPOIS.

Por A. Galopim de Carvalho   Se, numa aula de filosofia, o professor começar por dizer que a palavra empirismo tem raiz no grego “empeirikós...