segunda-feira, 24 de julho de 2023

"O DEVER DE RESISTIR"


Antonio Lovato Sagrado, estudante de doutoramento e professor, Amanda Aliende da Matta estudante de doutoramento e investigadora, e Enric Prats Gil, professor - os três da Universidade de Barcelona - escreveram um texto de grande interesse, muito claro e realista, com o título Las corporaciones tecnológicas y la reconfiguración docente. O texto foi traduzido por Carlos Carujo para o sítio Esquerda.net. Li-o a partir do blogue Escola Portuguesa.


Neste local, o seu autor, António Duarte, que é professor, reforça as palavras originais no respeitante à importância da escola e do ensino na formação das novas gerações, não as sofisticadas tecnologias que entraram no "negócio global da educação" e nas quais os políticos desbaratam milhões do orçamento público. 

Em comentário, insisto no papel da escola e do professor, do conhecimento fundamental, e dos valores éticos que devem conduzir a educação. Acrescentei que é pena alguns professores e investigadores fazerem a apologia da dissolução desses pilares; é pena que, vezes demais, a esquerda política ignore os ditos negócios e se junte ao coro da pseudo-inovação tecnológica; é pena que os decisores políticos se esqueçam (ou nem se lembrem) do bem-comum, daquilo que concorre para uma sociedade esclarecida e fraterna; é pena que os pais, iludidos com palavras estrategicamente escolhidas, não percebam para onde os filhos estão a ser arrastados; é pena que a sociedade em geral acolha uma distopia de si mesma. 

Gert Biesta, autor que surge destacado no texto original, diz, como felizmente muito outros, que temos “o dever de resistir”. Estes textos em cadeia são uma forma de resistência.

Maria Helena Damião

4 comentários:

Eugénio Lisboa disse...

Há realmente que resistir ao provinciano deslumbramento tecnológico. Como tudo, a tecnologia é para ser aproveitada com inteligência crítica e não venerada como um manipanso de qualquer religião primitiva. Quem usa o telemóvel 24 horas por dia não tem tempo nem para pensar nem para aprender. O deslumbramento acrítico perante qualquer brinquedo novo é próprio de sociedades pouco evoluídas. Substituir apressadamente e gulosamente uma ideia boa por outra ideia "muito nova" não indicia necessariamente um elevado grau de desenvolvimento intelectual. O mudar constantemente de camisa, de fato ou de automóvel pode indicar riqueza material, mas indica igualmente indigência espiritual.
O ser civilizado sente-se em casa com as novas tecnologias, não vive deslumbrado com elas.

Rui Ferreira disse...

"Essas corporações também oferecem treino, certificações e distintivos para professores inovadores , o que faz com que os professores que se adaptam ao seu discurso criem um inovador educacional e valorizem sua nova personalidade digital certificada".

Helena Damião disse...

E, caro Rui Ferreira, a essas estratégias de aliciamento não é fácil resistir. O "medo de ficar de fora" reforça-as, bem como as suas repercussões na avaliação. Apenas o conhecimento e a sua discussão pode robustecer o pensamento crítico dos professores, ajudando-os a decidir, em consciência, a sua acção. Cumprimentos, MHDamião

Helena Damião disse...

É esse, prezado Professor, o passo que é preciso dar na formação de professores. Como o poderemos fazer é outra questão, até porque ela está impregnada do provincianismo de que fala. Mesmo que global, não deixa de ser provincianismo. Cumprimentos, MHDamião

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