sexta-feira, 28 de julho de 2023

A Tomada de Posição de um Conselho Geral de uma Escola

Reproduzo abaixo uma mensagem que terá chegado a muitas caixas de correio, enviada e assinada por um Professor que é também Presidente do Conselho Geral de uma escola do nosso país. Tal como ele diz, este órgão é responsável (sublinho responsável) "pela definição das linhas orientadoras da atividade da escola". Na verdade, todos os que estão no sistema de ensino (e não apenas os políticos) têm responsabilidade nele: directores e professores, investigadores e formadores não podem estar excluídos ou excluírem-se.

As directrizes/determinações políticas (sendo isso mesmo, directrizes/determinações) precisando de ser tidas em séria conta requerem ponderação com racionalidade e razoabilidade pelos profissionais, e, em função disso, desenvolvidas em função de princípios efectivamente educativos. Para tal, universidade e organizações como a UNESCO têm de continuar a fazer o seu trabalho com empenho e honestidade, disponibilizando informação e conhecimento de relevo capaz de apoiar a tomada de decisões que beneficiem, em primeira instância, os alunos .

Parece-me ser este um exemplo do que acabo de escrever.
Exmos. Srs.,
Sou docente de Matemática na Escola Secundária de Rio Maior e, também, Presidente do Conselho Geral da mesma, órgão de direção estratégica responsável pela definição das linhas orientadoras da atividade da escola, que assegura a participação e representação da comunidade educativa (professores, funcionários, alunos, encarregados de educação, autarquia, instituições/entidades da comunidade).
Contudo, mais importante, sou um apaixonado pela educação, pelo que gosto de pensar a escola. Tomo a liberdade de vos escrever, na esperança de vos sensibilizar para um problema que grassa no sistema educativo português, falo-vos do “Deslumbramento Digital” deste Ministério da Educação, que se materializa através da implementação de manuais digitais, provas de aferição em formato digital e, pasme-se, existe a intenção de aplicar a mesma metodologia aos exames finais nacionais, já em 2025.
Na passada quarta-feira reuniu o supracitado órgão, tendo os conselheiros sido unânimes em considerar extremamente pernicioso o rumo do modelo educativo português. Foi elaborada uma Tomada de Posição conjunta acerca deste assunto. 
Nem de propósito, ontem, o The Guardian fazia eco do mais recente relatório da UNESCO, Global education monitoring report, 2023: technology in education: a tool on whose terms?. Não me pretendo alongar neste texto, limito-me a fazer algumas citações, que considero serem bem marcantes:
– “Nem toda a mudança constitui um progresso. O facto de algo poder ser feito não significa que deva ser feito.”;
– “nenhum ecrã pode substituir a humanidade de um professor”;
– “assegurar que a tecnologia serve a educação e não o contrário”;
– “tecnologia deve estar ao serviço das pessoas e que a tecnologia na educação deve colocar os alunos e os professores no centro”. 
Anexo Tomada de Posição do Conselho Geral [ver aqui].
Melhores cumprimentos
Luciano Vitorino

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