Arrisco dizer que o nome do escritor checo Milan Kundera se associa, imediatamente, a um livro: A insustentável leveza do ser. Outros dele virão à nossa mente, mas depois deste. É um livro magnífico: num cenário de totalitarismo, faz fluir a realidade e comprime-a, trata o compromisso a par do desprendimento, anda entre a pequena alegria e a profunda tristeza. Enfim, trata da vida e o título diz muito dela.
Foi este livro que me levou a outros do ainda jovem escritor que, pela persistência no exercício da liberdade, se exilou em Paris. A vida não é aqui foi um deles, um livro em que a prosa e a poesia se tocam de modo muito particular.
"Só o verdadeiro poeta sabe como é triste viver na casa dos espelhos da poesia. Do outro lado do vidro, há o crepitar do tiroteio, e o coração anseia pela partida (...). Mas atenção! Assim que os poetas atravessarem por engano os limites da casa dos espelhos, deparam-se com a morte, porque não sabem disparar, e se disparam, atingem a própria cabeça" (página 271 da edição portuguesa, indicada ao lado).
Esta nota deve-se, como o leitor terá percebido, ao recente falecimento de Kundera. A sua vida foi (felizmente) aqui.
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