domingo, 9 de julho de 2023

COMO É QUE OS SISTEMAS EDUCATIVOS INTEGRAM O PENSAMENTO CRIATIVO NAS ESCOLAS? MAIS UM RELATÓRIO DA INCANSÁVEL OCDE

Mão amiga enviou-me a ligação para mais uma publicação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) derivada do PISA in Focus (ver aqui). 

Confesso que não visitava há alguns meses o sítio online desta organização no respeitante ao seu Programa de Avaliação Internacional dos Alunos. Mas ela não pára e, portanto, a visita que agora fiz tem o sabor do pecado. Devia estar a par e não estava!

Objectivamente, esta publicação, muitíssimo sintética, tem a assinatura de uma consultora da organização e de um analista de um dos seus departamentos (Centre for Educational Research and Innovation - CERI), tem por base o PISA 2022, foi publicado há menos de um mês e informa-nos que "o pensamento criativo é importante". Sim, claro! E que, nessa medida, é
incluído "entre as principais habilidades que os empregadores valorizam e quando os alunos pensam de forma criativa, a sua motivação para aprender aumenta e a sua aprendizagem torna-se mais profunda, facilitanto a transferência. 
À medida que os sistemas educativos reconhecem o papel fundamental que a educação pode ter no desenvolvimento de habilidades de pensamento criativo, a questão é: que políticas são precisas para garantir que todos os jovens tenham oportunidade de as desenvolver? Até que ponto os sistemas educativos apoiam os alunos e os professores na implementação de ambientes de aprendizagem onde o pensamento criativo pode florescer?"

Ficamos a saber que Portugal não fica bem nesta fotografia em nenhum recanto do sistema... 

Não faço, neste apontamento, comentários nem à publicação nem a estes resultados porque a distância entre o entendimento de pensamento criativo aqui em causa e o que tenho em mente é tão pronunciada que precisava de larguíssimas horas para a organizar e explicar. Tentarei, contudo, voltar a ela em apontamentos próximos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Em Portugal, no âmbito do Ensino Superior, já há, pelo menos, uma Licenciatura em Criatividade e Inovação. No campo religioso, com o altar do mundo localizado em Fátima, no coração de Portugal, e a organização das Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa, estamos na vanguarda de uma certa criatividade associada a uma certa inovação. Porém, o pensamento criativo que a OCDE recomenda aos professores e alunos das escolas básicas e secundárias é feito de "habilidades" para arranjar empregos bem remunerados ou, no limite, ser um empresário cujo sucesso se mede pelo dinheiro, muito dinheiro, que se acumula na banca.
A criatividade, associada às artes e ciências, está muito desvalorizada!

Helena Damião disse...

Caro leitor, sim a criatividade a que a OCDE, dada a sua natureza, é entendida como uma "habilidade". Uma "habilidade" "que os empregadores valorizam" e que se pode traduzir no que diz. A criatividade a que a psico-pedagogia de refere é a expressão de uma capacidade humana que faz confluir diversas outras capacidades. Fazer algo de novo é a expressão máxima (ainda que diversa) da nossa inteligência. Cumprimentos, MHDamião

Carlos Ricardo Soares disse...

A maior parte da criatividade acaba no lixo, ou no silêncio. Não obstante, ser criativo, sobretudo em áreas de concorrência relevante, pode trazer vantagens, num mundo que fomente e valorize a criatividade, caso contrário, é melhor trabalhar para que tudo continue na mesma, e isso já dá demasiado que fazer.
Os criativos são inteligentes para criar, mas os imitadores e os reprodutores são inteligentes para aproveitar e contribuir para a divulgação e a adopção das novidades. Os direitos de autor, em áreas específicas, deviam ser mais protegidos e bem mais remunerados, porque a criatividade também depende dos estímulos e das compensações. Deixar que seja o mercado a decidir a evolução dessas realidades é como enterrar a cabeça na areia e esperar para ver o que acontece.
A criatividade também tem muito a ver com adaptação.
Se eu puder viver melhor fazendo A, por que hei-de fazer B? A questão, porém, é saber o que é, para um determinado indivíduo, viver melhor. É na resposta a esta questão que muitas pessoas se tornam criativas.
Saber o que torna as pessoas criativas é importante e, não menos, saber se há e como poderão ser implementados mecanismos que promovam a criatividade.
Porque a maior parte da criatividade acaba no lixo, não faltam exemplos de criativos que se arruínam e sabem que isso lhes está a acontecer. O que é que esse comportamento pode ter de inteligente?

Anónimo disse...

Resumindo e concluindo, nas palavras do povo:
"A necessidade é mestra de engenho."

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