domingo, 23 de dezembro de 2012

"OBITUÁRIO DO MUNDO"


As notícias sobre o fim do mundo eram, como se viu, francamente exageradas. Nem o mundo nem a humanidade acabaram nem vão acabar tão cedo. Embora não possamos imaginar humanidade sem mundo, podemos imaginar um mundo sem humanidade. Mas seria um mundo ignorante. Nós somos a única parte do mundo, tanto quanto sabemos, que se interroga sobre ele e obtém respostas. Foi essa a mensagem que procurei comunicar à jornalista Marta Reis, do I, que no dia 21.12.12 publicou algumas entrevistas sobre a história do mundo, a propósito do apregoado "fim do mundo". O jornal brincou fazendo um "obituário do mundo".

 I- Qual foi o ponto alto da humanidade, numa perspectiva histórica?

 CF- A Revolução Científica, que no século XVII mudou a nossa visão do mundo e, em resultado, deu-nos poder de o transformar em nosso benefício. O mundo passou a ser compreendido através da observação e do raciocício e isso mudou a nossa vida. Com a decifração pelo homem das leis naturais o mundo passou a ser um lugar compreensível, um lugar onde podíamos viver melhor.

I- Que grande homem/mulher destacaria?

CF- Muitos perseguiram a verdade, a beleza ou a justiça. Destaco Einstein, o físico que subiu aos "ombros dos gigantes" da Revolução Científica, como Galileu e Newton. Ele ainda não foi arredado do seu lugar cimeiro na procura da verdade. O cérebro de Einstein simboliza bem a nossa capacidade de compreender o mundo.

I- Que obra exprime melhor a genialidade humana?

 CF- Os escritos de Einstein que expõem a relatividade geral, que permitem descrever a evolução cósmica: o Big Bang, as estrelas, os buracos negros, etc. Quem diria que o pequeno cérebro humano poderia abarcar um Universo tão grande e variado? O cérebro humano é a porção do Universo que o tenta compreender e o vai compreendendo, numa tarefa inacabada.

I- E, pelo contrário, que obra/acontecimento exprime melhor a atrocidade de que o ser humano também é capaz?

CF- O Holocausto, contemporâneo de Einstein. Para pôr fim à odiosa perseguição aos judeus, Einstein, um grande pacifista, achou a guerra necessária. A barbárie tinha de ser enfrentada pela humanidade. I- Que grande invenção nos mostrou que podíamos ir mais longe?

CF- As sondas espaciais mostraram que podíamos ir mais longe. Algumas sondas não tripuladas já saíram do sistema solar. Talvez um dia nós saiamos também... Ninguém fica sempre no sítio onde nasceu.

I- O que ficou por fazer?

CF- Há, na ciência, tantos enigmas por resolver. Na matemática, tantos problemas por resolver. Na física, o que é a energia escura? Na biologia, como foi a origem da vida? Tantas coisas que, por enquanto, não sabemos. E as coisas que, por enquanto, nem sequer sabemos que não sabemos?

I- Termine por favor o epitáfio: aqui jaz a Humanidade…

CF- "Aqui jaz a Humanidade, que tentou compreender o mundo e foi capaz."

2 comentários:

Luís disse...

Chegou o final do ano e com ele os disparates de sempre do CF:

"I- Qual foi o ponto alto da humanidade, numa perspectiva histórica?

CF- A Revolução Científica, que no século XVII mudou a nossa visão do mundo e, em resultado, deu-nos poder de o transformar em nosso benefício. O mundo passou a ser compreendido através da observação e do raciocício e isso mudou a nossa vida. Com a decifração pelo homem das leis naturais o mundo passou a ser um lugar compreensível, um lugar onde podíamos viver melhor."

Se a "Revolução Científica" é de ordem mitológica, já "a decifração pelo homem das leis naturais" e "o mundo passou a ser compreendido através da observação e do raciocínio" são da ordem monstruosa. Julgará alguém, com mais de dez anos de idade, que os Gregos, por exemplo, não faziam observações e não foram senhores do uso da razão? Existe alguém, hoje, tão disparatado, tão enganada, tão enganoso, tão ignorante, tão religioso, que julga que toda a humanidade eram tonta e vivia nas trevas até chegarem São Galileu e São Newton com as leis da natureza? Que leis da natureza seriam essas que nenhuma resistiu até aos nossos dias? Aliás, como todas as pretensas leis da natureza que nunca resistem ao conhecimento futuro.

Isto é cientismo do pior, é cientismo do prior. Vivemos um mau momento da humanidade.

maria disse...

hum..Amar a ciência sobre todas as coisas ? grande upgrade das tábuas de Moisés :)

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