Olhei para a capa dum manual de Matemática do 2.º Ciclo do Ensino Básico e o grafismo fez-me lembrar algo... Olhei melhor e li Matemática sob investigação... na linha de Crime sob investigação, a famosa série de televisão americana... Claro, faz sentido: aliar duas concepções de educação escolar.
1. Contextualização da aprendizagem na vivência (televisiva) dos alunos. Pressupõe-se que os alunos (do 5.º e 6.º anos, entre os 10 e os 12 anos) assistem a uma série de televisão que passa tarde e, enfim, não é propriamente para crianças... Entre outras razões, não joga muito com a moralização que a escola faz para o deitar cedo e cedo erguer, para a cultura de não violência, etc.
2. Que a aprendizagem da matemática e a investigação matemática são da mesma ordem. Pressupõe-se que os alunos são investigadores em potência e que descobrem, "desocultam" (por si, colaborativamente ou com a ajuda, só ajuda, dos professores) a matemática, que foi construída por matemáticos. Ora, não é assim: os processos de aprendizagem são distintos dos processos de produção de saber, ainda que os primeiros incluam a aprendizagem dos segundos.
Presumo que a invocação destas concepções não aconteça por acaso. Antes pelo contrário, que tenha a ver com o forte marketing das editoras de livros escolares.
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5 comentários:
Espero que não me levem a mal, mas a interpretação do grafismo do livro da Matemática remeteu-me para a outra maneira diferente de ver as coisas.
Dois modos de ver…
Um cidadão fez análises num laboratório clinico e, passados dias chega-lhe a casa um relatório enigmático que dizia assim:
- Resultados: S. S. P. M. P. C.
Intrigado, contacta logo o médico que lhe explica o significado das letras:
- Sem sida, potência máxima, pode casar.
Mas a namorada que andava muito desconfiada e o tinha obrigado a fazer essas análises, sabendo do que falava, interpretou logo de outra maneira:
- Só serve para mijar, podes cortar.
É (mais) um sinal revelador das influências "construtivistas".
E do estado a que chegou a escola.
Já o "marketing" aproveita(-se) de tudo.
Ao que me dizem, até do "Gaspar".
E aos meninos, particularmente os (mais) pobres, assim se lhes traça o destino...
Mas se compararmos o interior deste com os restantes... eu gosto deste. Mas não é o meu...
Tem razão a Leitora Maria João. Neste manual é a capa que faz a grande diferença. Por isso, referi o marketing cada vez mais presente não só na venda como na produção dos manuais.
Cordialmente,
Maria Helena Damião
Ora, se o interior é bom, a capa é mais capa menos capa. E o livro escapa, pelos vistos bem, apesar da capa.
Antes assim.
E as influências a que antes me queria referir, afinal (ainda) não tomaram tudo.
Regozijo-me.
E, com gosto, retiro, a propósito do livro, o sentido profundo daquela (minha) referência.
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