Quando o Homem pisou a Lua pela primeira vez, alguns de nós puderam assistir em directo esse acontecimento através da televisão. Foi possível, não só ver como ouvir a frase que Neil Armstrong proferiu para a história: “Um pequeno passo para um Homem, um gigantesco passo para a Humanidade”.
De facto, a tele e radiodifusão transformaram a relação de cada um com a proximidade, e o distante passou a ser nosso vizinho.
Os tempos mudam assim como as tecnologias que difundem a comunicação com (ou sem) informação. Hoje em dia a notícia chega muito através da internet. Ou, de outra forma, chega mais cedo através do “rio cibernáutico” que desagua em multimédia numa panóplia de diversos receptores (computador fixo ou portátil, telemóvel, “tablet”, entre outros), formando novos deltas mediáticos com escrita, som, vídeo, num compósito informativo do século XXI, que amplifica e aumenta a realidade sensorial.
As redes sociais, veiculadas e agilizadas por uma acessibilidade de bolso, antecipam-se inúmeras vezes à notícia que já não se espalha com o vento: o segredo lê-se e vê-se e o sussurro cai em desuso, obsoleto.
Emissor e receptor já não se olham de frente, olhos nos olhos. Entrepõe-se toda uma tecnologia cujo desenvolvimento deve muito ao estudo sobre a matéria de que nós, e o cosmos em que estamos imersos, somos feitos. Pode parecer estranho e seguramente distante, mas a construção deste portátil onde escrevo esta crónica não seria possível sem a compreensão, centenária, de que o átomo é composto por electrões, neutrões e protões, sem a química e a física quântica que, entre muitas outras coisas, nos informa sobre como ocorrem as transições de energia entre as partículas elementares subatómicas que definem os átomos.
Precisamos de conhecer a natureza íntima da matéria, dos átomos que respiramos, para desenvolver a tecnologia que permite fazer uma “TAC”, ou tirar uma radiografia de raios x e o radiologista “ver” o resultado segundos depois!
Precisamos de saber de que é que é feito o mundo, não só para gáudio da inteligência humana, mas muito para resolver problemas que afectam a nossa vida, a qualidade da mesma, também a nossa sobrevivência. Aliás, para eventualmente resolver os estragos que fizemos aos outros seres vivos que connosco coabitam este "ponto pálido azulado" (a Terra vista do espaço) na infinidade do cosmos, para mitigar a nossa ignorância beligerante, para reverter a "fatalizante" desigualdade social que semeia a humanidade de morte pela sede, fome e pela doença.
É certo e sabido que isto não é uma tarefa isolada da ciência, mas de todo o conhecimento humano. Contudo, o conhecimento científico, pela confrontação permanente de ideias diferentes, pela característica metodológica da sua validação interlaboratorial independente, pela sua construção contínua e cumulativa, pela humildade forjada pela sua inerente "falsicabilidade", é força motriz para uma melhor cidadania em democracia, para uma melhor liberdade de escolha. Ferramentas feitas de conhecimento para melhor compreendermos o mundo.
Se o conhecimento de que os átomos também são compostos por quarks, mesões, bosões, entre outras partículas, permitir desenvolver tecnologia para tratar doenças como alguns cancros, ou para que se possam fazer medicamentos ajustados às especificidades e necessidades de cada ser humano, então a notícia sobe os últimos resultados obtidos em experiências que investigam a natureza sub-atómica deveria ser do interesse de todos, deveria ser notícia de abertura dos telejornais, devidamente comentada e explicada. Até porque estas experiências são financiadas por dinheiros públicos.
E eis o cais da notícia: dia 4 de Julho, às 8h00 da manhã (hora portuguesa) “terá lugar no CERN” segundo fonte ligada ao Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, "um seminário científico no qual as experiências´ATLAS e CMS vão apresentar resultados preliminares” sobre a existência, ou não, do bosão de Higgs “com base nos dados obtidos este ano” e “realizadas por colaborações cada uma com cerca de 3500 investigadores de 180 instituições em 40 países”, entre os quais Portugal através daquele laboratório.
“Os seminários de 4 de Julho no CERN e a conferência de imprensa que se segue, serão difundidos via webcast, podendo ser seguidos aqui http://webcast.cern.ch.”.
Para uma muito melhor contextualização sobre o estado da arte e do que se espera, vejam-se estes dois vídeos: aqui e aqui.
A confirmação da existência do bosão de Higgs pode permitir compreender porque é que as partículas fundamentais, tais como os quark ou os electrões, têm massa.
A colisão entre dois pequenos protões pode resultar numa grande expansão do conhecimento para a Humanidade!
Siga a Ciência em directo!
António Piedade
8 comentários:
Realmente têm que justificar os biliões gastos. Quanto a mim a montanha vai parir um rato, não é nada difícil de adivinhar.
A ciência é hoje mais propaganda do que serviço ao bem-estar do Homem.
A ciência não tem nada que ver (nem deve ter que ver) com o bem estar do Homem.
Gostaria que alguém aqui, neste blogue, desse uma pequena explicação, em linguagem corrente ( a linguagem matemática necessária não está ao alcance de muitos) do que é o campo de Higgs e de que forma o bosão de Higgs "atribui" massa às partículas. Obrigado
Caro José Carmo
Da parte que me toca, estou a trabalhar nisso consultando alguns especialistas. Muito em breve escreverei um artigo ou crónica sobre este assunto extraordinário.
Muito bem, então não coma alimentos saudáveis, não beba água potável, não ligue o computador e desligue a electricidade. Mais, vá ao bruxo se tiver uma doença e vá ao astrólogo, um melhor, para para prever o futuro, o que usou para tecer a sua afirmação é um ignorante. E é um ignorante que não quer aprender, sugiro que lhe peça a devolução do seu dinheiro, que até agora foi todo mal gasto.
Quanto ao facto de ser Anónimo, isso fala tudo sobre a sua cobardia e sobre a sua cupidez.
Vá então colher urtigas e deixe em paz quem trabalha pela Ciência.
Obrigado.
Bosão de Higgs é moda.
José Carmo, se os físicos soubessem lhe responder isso, então, seriam suficientemente inteligentes para não criarem tamanho absurdo teórico!
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