segunda-feira, 22 de março de 2010

DOIS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS

Na sessão de ontem do Dia Mundial da Poesia realizada no Centro Cultural de Belém, e que aqui é relatada, li dois poemas de Álvaro de Campos: "O binómio de Newton" e "Gazetilha".

O BINÓMIO DE NEWTON

O binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso.

óóóó---óóóóóó óóó---óóóóóóó óóóóóóóó

(O vento lá fora.)


GAZETILHA

Dos Lloyd Georges da Babilônia
Não reza a história nada.
Dos Briands da Assíria ou do Egito,
Dos Trotskys de qualquer colônia
Grega ou romana já passada,
O nome é morto, inda que escrito.

Só o parvo dum poeta, ou um louco
Que fazia filosofia,
Ou um geômetra maduro,
Sobrevive a esse tanto pouco
Que está lá para trás no escuro
E nem a história já historia.

Ó grandes homens do Momento!
Ó grandes glórias a ferver
De quem a obscuridade foge!
Aproveitem sem pensamento!
Tratem da fama e do comer,
Que amanhã é dos loucos de hoje!

5 comentários:

Anónimo disse...

Seguramente que Pessoa(s) nunca viu a Vénus de Milo... ao natural! JCN

Anónimo disse...

FORA DE QUESTÃO

O binómio de Newton, apesar
de pouca gente disso se dar conta,
há quem o queira em graça comparar
com qa Vénus de Milo por afronta.

Foi Fernado Pessoa quem primeiro
essa equiparação pôs a correr,
razão talvez por que morreu solteiro
por de beldades... nada perceber.

Por muito científico que seja
e justa cauas de fascinação,
não é legítima a comparação

entre o binómio de raiz divina
e a mutilada estátua feminina
que a todas as mulheres causa inveja!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

Quando Pessoa(s) bebia
sua conta de aguardente
não sabia que dizia:
era o génio... certamente!

JCN

Anónimo disse...

Entre a Física e a Poesia
muito curta é a distância:
é questão de circunstância
para além da teoria.

JCN

Anónimo disse...

Quem faça versos não falta,
que poesia não são:
esta se encontra mais alta,
requerendo inspiração!

JCN

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