Na sessão de ontem do Dia Mundial da Poesia realizada no Centro Cultural de Belém, e que
aqui é relatada, li dois poemas de Álvaro de Campos: "
O binómio de Newton" e
"Gazetilha".
O BINÓMIO DE NEWTON
O binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso.
óóóó---óóóóóó óóó---óóóóóóó óóóóóóóó
(O vento lá fora.)
GAZETILHA
Dos Lloyd Georges da Babilônia
Não reza a história nada.
Dos Briands da Assíria ou do Egito,
Dos Trotskys de qualquer colônia
Grega ou romana já passada,
O nome é morto, inda que escrito.
Só o parvo dum poeta, ou um louco
Que fazia filosofia,
Ou um geômetra maduro,
Sobrevive a esse tanto pouco
Que está lá para trás no escuro
E nem a história já historia.
Ó grandes homens do Momento!
Ó grandes glórias a ferver
De quem a obscuridade foge!
Aproveitem sem pensamento!
Tratem da fama e do comer,
Que amanhã é dos loucos de hoje!
5 comentários:
Seguramente que Pessoa(s) nunca viu a Vénus de Milo... ao natural! JCN
FORA DE QUESTÃO
O binómio de Newton, apesar
de pouca gente disso se dar conta,
há quem o queira em graça comparar
com qa Vénus de Milo por afronta.
Foi Fernado Pessoa quem primeiro
essa equiparação pôs a correr,
razão talvez por que morreu solteiro
por de beldades... nada perceber.
Por muito científico que seja
e justa cauas de fascinação,
não é legítima a comparação
entre o binómio de raiz divina
e a mutilada estátua feminina
que a todas as mulheres causa inveja!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Quando Pessoa(s) bebia
sua conta de aguardente
não sabia que dizia:
era o génio... certamente!
JCN
Entre a Física e a Poesia
muito curta é a distância:
é questão de circunstância
para além da teoria.
JCN
Quem faça versos não falta,
que poesia não são:
esta se encontra mais alta,
requerendo inspiração!
JCN
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