quarta-feira, 24 de março de 2010

Simplificar a ciência através da comunicação


Artigo de Bruno Araújo e Gizelly Santos saído no último jornal universitário "A Cabra":

As inscrições para a primeira fase nacional do concurso Famelab terminam a 31 de Março. A competição que nasceu no Reino Unido, pretende premiar os melhores a divulgar ciência a nível internacional. Em Portugal a iniciativa é do Cheltenham Science Festival, em parceria com o Ciência Viva, apoiado pelo British Council. Com o lema “se queres comunicar ciência, puxa pela língua”, o concurso está dividido em três fases. Para a pré-selecção, os participantes devem enviar um vídeo com um máximo de três minutos. “As apresentações devem ser dinâmicas, cientificamente correctas e muito claras”, lê-se no regulamento. Os seleccionados passam para a segunda etapa, desta vez, presencial. As exposições são feitas a 17 de Abril, diante de um júri especializado. Para os que passarem para a última fase, terá lugar uma MasterClass, “conduzida por um profissional do Cheltenham Science Festival e por um profissional português”. Na final da competição, a 8 de Maio, os jurados escolhem um único participante: o representante português para a fase internacional do concurso, de 9 a 10 de Junho, no Reino Unido. Para participar não basta apenas conhecer métodos científicos, mas sim saber levar o conhecimento às pessoas, através da chamada comunicação da ciência. Mas, será que é assim tão fácil? Alguns cientistas provaram que sim.

Uns falam em popularização da ciência, outros em vulgarização do trabalho científico. A intenção é certa: tornar acessível ao grande público o que é restrito a alguns. A divulgação científica surgiu ao longo da História, como uma nova forma de tratar a ciência.

Durante muitos anos, a humanidade esteve diante de enigmas. As leis da Física, a Astronomia, a Biologia, a Geologia e tantos outros ramos científicos ajudaram a responder questões essenciais à sobrevivência humana. Galileu Galilei, Isaac Newton e, no início do século XX, Albert Einstein antes de serem cientistas, foram humanos.

Descobriram fórmulas, elaboraram pensamentos e comunicaram. É exactamente a comunicação que está na base da disseminação do conhecimento científico.

“Arte” de comunicar ciência

Para Carlos Fiolhais, docente catedrático e director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (UC), a divulgação científica “bem feita permite partilhar aquilo que é a descoberta do mundo feita pelos cientistas”. Doutorado em Física Teórica pela Universidade Goethe, em Frankfurt, Fiolhais é um exemplo vivo de que o público não especializado pode entender como se faz ciência. Nos tempos de escola, encontrou em Rómulo de Carvalho e em outros autores o interesse pelo universo científico. Hoje, depois de muitas obras publicadas, fala sobre o estímulo encontrado nos livros que lia: “eram livros que seduziam, que mostravam que a ciência era uma aventura”. “Se funcionou comigo, pode funcionar com outros”, defende.

Na mesma linha de Fiolhais está o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), Nuno Crato. Divulgar a ciência “implica falar ou escrever com simplicidade, de maneira directa, numa tentativa de cativar o leitor ou o ouvinte”, sustenta. Crato diz ainda que se trata de uma “arte bastante parecida com o jornalismo, porque é uma arte de comunicação”. Mas, muitas vezes, é a dificuldade na exposição das ideias, que faz de um bom cientista, um mau divulgador científico.

Nos últimos anos, alguns jornalistas têm desenvolvido trabalhos no âmbito da popularização da ciência. No entanto, como explica Fiolhais, ainda não há o interesse suficiente que a sociedade necessita. “Alguns dos melhores livros de divulgação científica são escritos por jornalistas em parceria com cientistas. Mas eles [os jornalistas] ainda não se interessam totalmente por temas de ciências. Deveriam interessar-se. Não só porque o assunto é interessante, mas porque há público interessado”, justifica.

Em Coimbra, a divulgação científica pode ser encontrada em muitos lugares. Um deles é no Exploratório Infante D. Henrique. Fundado em 1995, a partir de uma iniciativa de Centros de Investigação Científica da UC, o Exploratório possui um conjunto de actividades intensas, desde oficinas de formação, destinadas a professores, às exposições para os mais pequenos. Situado em pleno Parque Verde do Mondego, são quase trezentas as experiências que podem ser vividas pelos visitantes, ou, pelos “exploradores”, como prefere chamar o presidente, Victor Gil. Para o professor um dos objectivos do centro é conseguir “uma sensibilização para a ciência, apostando nos mais novos, mas não esquecendo os adultos”. Através de visitas guiadas por monitores especializados, as crianças aprendem, de forma lúdica e interactiva, o funcionamento do corpo humano, além de entender fenómenos naturais e cálculos que, para alguns adultos, eram verdadeiros problemas nos tempos de escola. Ao falar do “brilhozinho nos olhos” das crianças, Victor Gil vê na divulgação científica, uma oportunidade para desenvolver o senso crítico daqueles que poderão ser futuros cientistas. “Ser capaz de parar para pensar e perguntar é uma condição incontornável de cidadania, evidencia.

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O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...