Em 1999, por proclamação da UNESCO, o dia 21 de Março, que marca a entrada numa nova estação do ano, tornou-se o Dia Mundial da Poesia. Para o assinalar, o De Rerum Natura escolheu a elegia chinesa Fantasia da Primavera, traduzida por Camilo Pessanha e incluída no livro Clepsidra e outros poemas, a partir da sua terceira edição. Esse livro foi publicado pelo seu amigo João de Castro Osório, a quem se deve a recolha das palavras.Fantasia da Primavera
Cai o sol no imenso horizonte, em flor, do Kiang.
Pára o viandante a olhar. A chuva, que do arvoredo
ainda goteja, vai-lhe repassando a túnica...
Oh! se dos mil chorões, à volta das ruínas do palácio real de Ch'u,
As flores soltas me fizessem cortejo, à despedida, no
regresso à Pátria!
(Elegia VI, página 116 da 7.ª edição da Ática, 1992).
2 comentários:
ATRÁS DE CAMILO PESSANHA
Poeta! não vás só na caminhada;
deixa-me acompanhar-te por favor
ainda que à distância motivada
por eu não ter idêntico valor|
Irei calado, sem te importunar,
a cabaça do vinho transportando,
ouvindo a tua cítara tocar
embevecido sob o teu comando.
Quando parares para beber vinho
"acidulado e fresco" da cabaça,
não mais te pedirei que um bocadinho.
Fazendo-te discreta companhia,
minha intenção, Poeta, é ter a graça
de me enfrascar da tua Poesia!
JOÃO DE CASTRO NUNES
ODE PRIMAVERIL
Era na primavera, em tempos idos,
que o ano começava; era a estação
que dava início, sem contestação,
à sucessão dos meses consabidos.
Daí seu nome, que por si diz tudo:
cantavam-no os poetas nos seus versos
dos modos mais castiços e diversos,
os gregos e romanos sobretudo.
Principiava o ano engrinaldado
com as primeiras flores que vistosas
do chão brotavam sem nenhum cuidado.
Ao som das aves que nidificavam,
abriam suas pétalas as rosas
que em torno o ambiente perfumavam!
JOÃO DE CASTRO NUNES
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