sexta-feira, 14 de agosto de 2009
CARAVELAS NO ALGARVE
Minha crónica no "Sol" de hoje (na foto, a caravela "Boa Esperança"):
Vale a pena ir a Sagres, a vila onde o Infante D. Henrique morreu. No promontório, com o vento a fustigar o rosto, vê-se o mar que foi outrora o domínio das caravelas. De um lado, o Cabo de São Vicente com o seu farol altaneiro, que sinaliza o começo das águas revoltas do Oeste. Do outro, os portos de abrigo e as águas calmas do Sul.
Na marina da vizinha cidade de Lagos, a terra do navegador Gil Eanes, pode visitar-se uma réplica de uma caravela, a Boa Esperança. No livro “As maiores invenções dos últimos dois mil anos” (coordenado por John Brockman, Círculo de Leitores, 2000), Alun Anderson, editor da New Scientist, diz que a caravela portuguesa é uma dessas invenções, considerando-a mesmo o “equivalente medieval da cásula espacial Apollo” (é por isso que já houve quem chamasse à ponta de Sagres o “Cabo Kennedy português”, embora com um certo exagero pois os primeiros barcos da epopeia partiram de Lagos e não de Sagres). Outro livro, “L’Europe des Découvertes” (David Jasmin, Le Pommier, 2004), distingue também a caravela portuguesa como a nossa maior contribuição para a história. E o último número especial da revista “Geo” (francesa) à venda entre nós, dedicada aos barcos, dá também à caravela um espaço alargado.
Hoje é sabido que não houve nenhuma “Escola de Sagres”, um mito que se associou durante muito tempo ao Infante. Mas, em Lagos, além da visita à caravela, pode-se, desde há poucos meses, visitar uma escola diferente, uma escola informal inteiramente dedicada às navegações e às descobertas portuguesas. É o Centro Ciência Viva de Lagos, instalado num solar setecentista na zona ribeirinha, o qual, além dos modernos módulos interactivos relacionados com os barcos, proporciona uma esplêndida vista para as embarcações nas águas de Lagos.
No jardim no terraço, as crianças podem fazer de Éolo quando, com a ajuda de ventiladores, enfunam as velas de barquinhos num tanque. E há também uma caravela em seco, onde podem entrar e puxar o cordame. Quem esteja no Algarve não pode deixar de lá ir...
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