sexta-feira, 21 de agosto de 2009

DO "DIÁRIO DA GRIPE": SOBRE A IGNORÂNCIA E A IRRACIONALIDADE


Do blogue "Diário da Gripe", sobre a gripe A, do virologista João Vasconcelos e Costa destacamos este excerto:

"Começamos a ter comportamentos anti-sociais. Não admira. Eles germinam num terreno de ignorância e de falta de mentalidade racional. O que hoje é diferente é que essa ignorância é muitas vezes arrogante, convencida, insultuosa para com quem quer exprimir algum sentido pedagógico. É sinal dos tempos, até pela mistura com outros componentes de irracionalidade. Há duas dezenas de anos, eu preocupava-me com a adesão de camadas cultas a tudo o que era irracional, esotérico, místico-ocultista. Hoje, é mais a influência das teorias da conspiração, misturada com a paixão político-partidária a níveis de incapacidade absoluta de objectividade. Talvez tudo isto signifique é um grande medo e confusão, de quem já não vê valores a conduzirem a nossa vida política e social, de quem tem razão para desconfiar, de quem assim grita a sua angústia, o seu “mal de vivre”.

O melhor exemplo é a enorme colecção de comentários rupestres a notícias sobre a gripe no Público “online”. Continuo a achar que um jornal que se quer de referência não devia abrir as suas portas a exemplos numerosos, diários (e sobre mais outros assuntos) de primarismo intelectual e até ético. Ao menos o DN e o JN só permitem comentários a leitores registados e identificáveis. Como anotei há dias, com propositado cinismo, se Deus existe que seja justo e, ao escolher os possíveis 20.000 mortos portugueses, que comece por toda essa gente boçal e resguarde os muitos mais que estão preocupados e que certamente se comportarão de forma cívica."

João Vasconcelos e Costa

4 comentários:

Américo Oliveira disse...

O último parágrafo do Post é lamentável...

Rui leprechaun disse...

Mas que é que não existe de lamentável em toda esta ignorância de há muito sem razão alimentada?

A questão primordial é sempre saber o que verdadeiramente é a doença e ainda aquilo que constitui a saúde perfeita.

Que papel despenham os microrganismos patogénicos nesse equilíbrio? Ou ainda, é mais importante o terreno/organismo ou o micróbio/vírus ou ambos?

Quanto aos dados da nova gripe, para já são pouco relevantes, quando comparados aos da gripe sazonal. Mas aquilo que mais importa salientar nos comentários do virologista português é sempre a ênfase no patógeno e NÃO no organismo infectado!

Ora será apenas o endurecimento das leis penais que evitam o crime ou este é desde logo prevenido com a melhor educação e medidas sociais que promovam a igualdade de oportunidades, o melhor possível?

Pois tal como na história do rei que, por onde quer que andasse, queria sempre sentir a fofa alcatifa sob os pés, não é necessário atapetar todo o reino para isso ser possível. Afinal, basta que ele tenha uns sapatos forrados a alcatifa... that's it! :)

Pois ontem como hoje... O micróbio é nada, o terreno é tudo!

Quando o compreenderemos... will it still take so long?!

Américo Oliveira disse...

A minha observação era dirigida à frase "ao escolher os possíveis 20.000 mortos portugueses, que comece por toda essa gente boçal", como resposta a atitudes anti-sociais de alguns dos nossos compatriotas.
É que na Alemanha nazi a loucura sanguinária começou pela eliminação dos elementos considerados anti-sociais...

Anónimo disse...

«É que na Alemanha nazi a loucura sanguinária começou pela eliminação dos elementos considerados anti-sociais...»

Igualmente por razões higiénicas e "totalmente científicas".

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