domingo, 26 de outubro de 2008

Cientistas em saldos

Desta vez não é um texto de humor. Ampliamos a difusão do texto de opinião de David Marçal publicado no "Público" do passado sábado:

Sabia que há cientistas que ganham 745 euros? Que não têm direito a subsídio de desemprego, férias, Natal ou alimentação? E que não são aumentados há seis anos? Está naturalmente curioso de saber em que país, mas estou certo de que já adivinhou.

São os bolseiros de investigação científica, uma designação infeliz para os jovens (e menos jovens) investigadores, pois classifica-os pelo tipo de regime contratual com que exercem funções, secundarizando a natureza da actividade (investigação!). Faz tanto sentido como descrever um juiz como um "assalariado da justiça".

Os bolseiros podem-se distinguir segundo o tipo de bolsa que têm. Os BIC (Bolsa de Investigação Científica) são licenciados e, independentemente da sua experiência ou competências, ganham 745 euros. Os BD (Bolsa de Doutoramento) têm em geral um excelente percurso académico e científico (não é fácil ganhar a bolsa!), são investigadores experientes e motivados, ganham 980 euros. O mesmo valor desde 2002, o que representa face à inflação acumulada uma perda de 18% do poder de compra.

Pode-se argumentar que os bolseiros "estão em formação" e que "já é uma sorte estarem-lhes a pagar". Tratam-se de adultos (uma licenciatura não se acaba antes dos 22-23 anos) com contas para pagar e legítimo direito à emancipação (ou um cientista tem que viver em casa dos pais?). E quanto à formação, creio que qualquer bom profissional está sempre em formação. Todas as carreiras têm fases, e o doutoramento é uma fase da carreira de um cientista.

Os bolseiros têm direito ao chamado Seguro Social Voluntário. Que é uma espécie de não sei o quê. Basicamente, a entidade que concede a bolsa paga contribuições para a segurança social, equivalentes ao salário mínimo. Este é o regime pelo qual estão abrangidas as pessoas que não têm rendimentos. Porque raio enfiaram os jovens investigadores aqui? Fazendo o Governo gala de integrar todas as classes profissionais no regime geral de segurança social, que coerência tem não incluir os bolseiros? Esta reivindicação tem sido sucessivamente negada pela tutela. Para que não haja dúvidas: os jovens investigadores querem ser integrados num regime de segurança social que outros grupos profissionais não querem porque acham que é mau!

Penso que é necessário criar a percepção social deste problema e da necessidade de evolução. Começando pelos próprios investigadores e professores do quadro que trabalham com bolseiros. Que beneficiam do seu trabalho, com quem publicam artigos e escrevem patentes. Creio que seria de todo justo e adequado que os cientistas e investigadores estabelecidos tomassem publica e politicamente o partido dos jovens investigadores. A alternativa é continuar o choradinho da fuga de cérebros. Não há fuga de cérebros. Há expulsão de cérebros. Se não fazem falta, isso é outra história. Mas, sendo assim, digam.

David Marçal

24 comentários:

Armando Quintas disse...

No país das avessas compramos o que não precisamos, vendemos o que não temos e expulsamos aquilo que nos faz falta, há anos que esta situação se arrasta, os 745 euros são uma esmola que o governo dá.
Primeiro não temos massa critica, falo do pré 25 de Abril, elitismo na universidade, agora temos massa critica não temos onda a pôr, para onde a lançar, o estado não consegue absorve-la toda (nem deve) mas faltam as empresas, falta o dinamismo económico, faltam os empresários com visão que apostem em mão obra especializada e tecnologia de ponta e ao invez disso temos patrões xupistas que preferem mão obra sem formação e mal paga e o estado que ajuda a esta situação.
Destruiram-se as escolas industriais e comerciais, substituiram-se por pseudo politécnicos, desvalorizaram-se os ofícios porque se abriram de par em par as portas das universidades mesmo a quem não tem aptidões académicas para tal pois todos querem ser doutores e assim construiu-se a alimentou-se a classe dos docentes do ensino superior, onde muitos entraram apenas com 1 licenciatura para dar aulas ao lado dos padrinhos que lhe estenderam a mão.
Continua-se a apostar erradamente em pseudo formações que dão equivalencias ao 9 ano e 12 ano com o aliciamento de um oficio ou será curso tecnológico? criando assim mão de obra barata.
Continuamos a gastar para alem dos rendimentos, continuamos a alimentar a burocracia corrupta das autarquias onde populam padrinhos e afilhados e levam anos a aprovarem licencas para o estabelecimento de empresas na area dos seus respectivos concelhos.
Temos um sistema de ensino do pré escolar ao superior que deixa muito a desejar, desde as carencias materiais à pedagogia.
Depois de estas pequenas mas importantes amostras do nosso belo país do que estavamos à espera? que os sucessivos governos tivessem uma politica concreta e clara sobre a ciencia? que soubessem valorizar e maximizar os recursos cientificos, sejam pessoas, bens ou verbas?
Que grande ilusão, andamos todos a dormir na forma, os sucessivos governos estiveram-se nas tintas para isto tudo, querem populismo e querem subir nos rankings da ocde à custa de aldrabices estatísticas.
Pão e circo, o português comum está adormecido com as charopadas do 13 de maio, do lixo que dá nos mass média e com a porcaria do futebol, a politica para os politicos não é? ora ai está o resultado de 33 anos de porcaria e de destruição que vem sendo feito.

Fernando Gouveia disse...

«Fazendo o Governo gala de integrar todas as classes profissionais no regime geral de segurança social, que coerência tem não incluir os bolseiros? Esta reivindicação tem sido sucessivamente negada pela tutela. Para que não haja dúvidas: os jovens investigadores querem ser integrados num regime de segurança social que outros grupos profissionais não querem porque acham que é mau!»

Faz-me lembrar «O Resto do Mundo», uma música do primeiro álbum do Gabriel, o Pensador, acerca de alguém tão socialmente excluído, que cantava desalentadamente: «Eu queria morar numa favela, o meu sonho é morar numa favela...»

Luiz Bento disse...

No Brasil a situação é ainda pior. Bolsistas que cursam o doutorado ganham 620 euros por mês. Além de não ter nenhum dos direitos descritos no post.

Rolando Almeida disse...

Temos uma situação paradoxal: paga-se mal aos investigadores e exige-se-lhes resultados e a uma fatia gorda dos catedráticos paga-se-lhes bem, para fazerem muito menos que os seus parceiros estrangeiros. Claro que estou a generalizar, mas esta é a impressão que tenho do ensino superior, talvez errada, não sei. A ideia é que há pouca mobilidade em quadros superiores.

Pedro disse...

Pior: fazem-nos sentir como se fosse a melhro coisa do mundo e que devemos, diariamente, dar Graças a Deus, por essa maravilha.

petri disse...

sou bolseira e nao acho justo algumas das coisas que estao por aqui escritas nos comentarios.
considero que o que faço é trabalho, estou a formar-me sim senhor mas nao há outra forma de iniciar a carreira cientifica sem que se faça um doutoramento. depois vem o post doc, etc etc. sempre com bolsas se houver sorte. se se terminar o doutoramento ficamos sem bolsa até ter a sorte de sairem as convocatorias de post doc, que podem demorar uns bbons meses em sair, e outros tantos em resolver-se.
Gosto muito do que façol, esforço-me bastante e esqueço-me das horas que dedico todos os dias â investigaçao...nunca trabalho menos de 10 horas por dia, muitos fins de semana., porque o trabalho de laboratorio o exige e faço-o com todo o gosto. Nao me parece justo portanto que tenha que mendigar por uma contribuiçao â segurança social em que desconto pelo ordenado minimo.
nao me parece justo nao ter direito a fundo de desemprego qd estive de dedicaçao exclusiva â investigaçao durante uma serie de anos, nao podendo fazer qualquer outra coisa e além do mais tendo um periodo de espera entre bolsa e bolsa sem qualquer tipo de remuneraçao.
e também nao me digam que ha sitios onde se esta pior e que por isso nao me deveria queixar... as idicaçoes da uniao europeia vao justamente no sentido da maior estabilidade e segurança dos investigadores em formaçao... nao fazia nada mal que o governo lhe desse ouvidos.

purpurina disse...

se há coisa que me chateia sobremaneira é a ideia idiota que estudante de doutoramento é estudante e não trabalhador. o problema começa na designação, e é incompreensível que esta ideia perdure ainda. é óbvio que quem está a fazer um doutoramento está a aprender - como foi mencionado no post um bom profissional está em constante formação - , mas convém especificar que matéria está a ser aprendida: um estudante de doutoramento desenvolve conhecimento, CRIA conhecimento. o currículo disciplinar que (agora) está incluído nos planos de estudo serve para solidificar a base de conhecimento científico do investigador de forma a permitir que este desenvolva mais e melhor ciência. que ninguém se equivoque: a maior fatia de conhecimento que os doutorandos adquirem é conhecimento por eles mesmos criado - mais ninguém sabe daquilo! é, aliás, um dos requisitos para um doutoramento: que o projecto seja inovador, e não uma mera repetição do que já se sabe.

falo mais especificamente das ciências naturais, mas julgo que se aplica a outras áreas de igual forma.

gostaria que cessassem as referências aos investigadores doutorandos como meros estudantes (expressão que infelizmente é quase sempre conotada negativamente), mesmo em casos em que o trabalho desenvolvido acaba por ser correctamente reconhecido. creio que é necessária uma mudança de atitude relativamente a este assunto, e esta passa também por chamar as coisas pelos nomes.

Ana Neves disse...

Os BIC não são apenas licenciados, Podem ser mestres pré- ou pós-bolonha que o vencimento é o mesmo, 745 euros.

Ska disse...

Gostei e identifico-me com a argumentação.

Posso parafrasear este texto no meu blog, não? Cumprimentos

Anónimo disse...

A mim os bolseiros metem-me nojo.

NoKas disse...

Olá! Obrigada pelo texto. Infelizmente eu sou uma das que fugiu e honestamente não vou voltar tão cedo. Mas também posso dizer que mesmo para os nossos colegas "estrangeiros", o início da carreira cient+ifica não é fácil. Felizmente na maioria dos países pelo menos têm direito a sistema de saúde de jeito e ainda a susbsídeo de desemprego quando acaba a bolsinha, porque são considerados trabalhadores que contrinuem para a sociedade e não como gente estranha. Alguns estudantes de doutoramento têm que picar ponto (literalemente) como os restantes mortais, mas têm igualmente o direito a descanso reconhecido.

Eu acho que também é nossa obrigação educar a sociedade onde estamos de modo a que sejamos vistos como pessoas que são verdadeiramente produtivas e não como aberrações. Quero sublinhar que a ABIC tem feito um enorme esforço para que os direitos dos bolseiros sejam reconhecidos! É preciso trabalhar mais. E divulgação nunca é demais, por isso mais uma vez obrigada pelo texto.

alvares disse...

Parabéns pelo post, finalmente alguém ,para além dos bolseiros, para denunciar este acto lamentável do Estado português.
Esta situação deve-se principalmente, às enormes limitações (ou falta de vontade?!) das universidades para contratar investigadores e docentes. Que haja bolsas, não me parece que seja um problema, mas passa a er quando é a única maneira de financiar um doutoramento (excluindo a situação de ter pais ricos que paguem + 4 anos de vida do seu filho). Contratos a termo, para fazer investigação ou a leccionar seria uma alternativa viável.
Apenas lamento, que professores catedátricos, associados, auxiliares, com ou sem agregação, sejam cúmplices desta politica e que apenas fiquem de cabelos em pé quando se fala em alterar o "estatuto da carreira docente".

Nuno Sousa disse...

E atrasos de vários meses no pagamento das bolsas, ah?! Ninguém no início de vida tem dinheiro de lado!
País de *$"#&.

JSA disse...

Deixo mais um aspecto: o acesso às bolsas de doutoramento apenas e só para alunos com médias elevadas nos seus estudos. Isto pode parecer óbvio, mas a verdade é que as notas nem sempre são tudo. Na Holanda, onde fiz o doutoramento, não foi levada em grande consideração a minha média final, antes foram levadas em consideração as referências que obtiveram junto de professores e antigos chefes. Foi-me desta forma possível, com uma média de 12, conseguir fazer o doutoramento num dos grupos mais conceituados no mundo na sua área (tecnologia de membranas).

E outra vantagem em fazer o doutoramento por cá está precisamente na equiparação do doutorando a um investigador. Aliás, o título oficial da posição é "Assistent in Opleiding", o que se traduz por "assistente de investigação". Ou seja, os doutorandos são funcionários da universidade, com contratos de 4 anos (prolongáveis caso as partes assim o entendam) com todos os deveres e regalias daí decorrentes (subsídios de férias e desemprego, por exemplo, bem como horário e funções definidas). No final dos 4 anos, caso haja acordo por parte do professor, o doutorando (ou assistente de investigação) pode submeter uma tese e defendê-la, recebendo assim o seu grau de doutor.

Um outro aspecto que é frequentemente esquecido (e que não está directamente ligado às condições financeiras e sociais dos doutorandos) são os recursos colocados à disposição do investigador. Há um orçamento para os 4 anos (do qual é pago o salário do investigador) e que serve para a aquisição de equipamento e materiais necessários, viagens, impressões, etc. Em Portugal, segundo entendo, recebe-se, se se tiver sorte, dinheiro para uma deslocação ao estrangeiro por ano. Qualquer outra deve ser paga do bolso do doutorando. Na Holanda, as despesas de viagem são todas pagas pela universidade (através do orçamento disponibilizado e desde que haja acordo do professor, bem entendido).

Parecendo que não, estas condições de trabalho também contribuem e muito para a fuga de cérebros. Há muita gente que até poderá aceitar ficar a trabalhar em Portugal por menos dinheiro (conheço muitos), mas que acabam por não suportar estar a trabalhar em condições miseráveis.

Rui disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rui disse...

Caro JSA,

Apenas um pequeno reparo ao seu comentario, com o qual concordo (e me identifico, ja' que tambem fiz o doutoramento na Holanda): a traducao de 'Opleiding' e' 'formacao' e nao 'investigacao', como diz. De resto e' como afirma: todos sao funcionarios da Universidade (quer AiOs quer pos-doutorados) e com direito `as mesmas regalias.

LA disse...

Só para contrariar:
Em Inglaterra os estudantes de doutoramento são conhecidos como PhD students, têm bolsa, quando têm, nem todos têm, que é de um valor à volta de 1000 libras por mês, sem descontos nem mais nada, não pagam impostos.
Pelo contrário, os estudantes portugueses em Inglaterra, ou no estrangeiro, recebem normalmente da FCT uma bolsa no valor de 1750 euros, que é bem mais do que as 1000 libras que os ingleses recebem!
Porque é que as pessoas do De Rerum gostam de mostrar sempre só o lado que lhes agrada?
Não percebo!
Como é que funcionam as coisas nos EUA?

David Marçal disse...

la,

A situação na Inglaterra é realmente muito diferente do Portuguesa, nomeadamente porque é perfeitamente possível e frequente defender uma tese de doutoramento com 25 anos.

1000 libras são mais ou menos 1350 euros, se considerarmos o eventual custo adicional de viver noutro país, talvez a diferença não seja assim tão grande.

Mas é verdade que fazer um doutoramento no UK, especialmente em Londres onde as casas são muito caras, é muito complicado.

Acerca destes temas comparativos aconselho a ler um estudo da Deloitte sobre o assunto e um parecer da associação dos bolseiros (abic) acerca desse estudo.

Ambos os documentos podem ser descarregados do site da abic:

http://www.abic-online.org/documentos/docs_ABIC/Parecer_ABIC_sobre_Estudo_comparativo_de_bds_e_bpds.pdf

e

http://www.abic-online.org/documentos/politica_cientifica/Relatorio_Deloitte_FCT_Bolsas_18_03_2008.pdf

JSA disse...

Rui, obrigado pela correcção. Distracção minha.

LA, creio ter visto várias vezes posições disponíveis apra doutoramentos na Inglaterra, mais concretamente no Imperial College (o grupo de membranas deles costumava enviar-nos as posições que tinham disponíveis) e os salários andavam nas vinte e tal mil libras anuais. Será isto um exclusivo do IC? Seja como for, não esquecer também que os doutoramentos no RU são de 3 anos. Isto não muda nada nas condições, mas alerta para uma realidade algo diferente.

LA disse...

david, 1000 libras são 1250 euros, que é o que recebe um iglês que tem os mesmos custos que um português a viver em Inglaterra e que recebe 1750, ou seja, mais 500 euros por mês.
Ainda não li os documentos, só acho estranho o governo português pagar mais 500 euros por mês do que o britânico.

jsa, há algumas bolsas, poucas, que pagam mais de vinte mil libras, normalmente associados a projetos ligados a empresas. As bolsas equivalentes às da FCT são normalmente de 12000 libras.

Os britãnicos também não têm bic's para licenciados.
E será que se tira algum rendimento destas bic's? Tenho as minhas dúvidas. Mesmo os alunos de doutoramento muitas vezes não começam logo a fazer grande coisa, quanto mais um recém licenciado. Mas o governo português é que sabe, eu não percebo nada disso!

TPais disse...

Mas que ideia esta de que quando se faz errado noutros países tambem tem de se fazer errado no nosso??! Obviamente que um estrangeiro a viver noutro país tem mais despesas que um não-estrangeiro! Só o facto da mudança de país em si custa um balurdio!

LA diz:"Mesmo os alunos de doutoramento muitas vezes não começam logo a fazer grande coisa, quanto mais um recém licenciado"

E então um recem empregado pela primeira vez? Faz alguma coisa de jeito nos primeiros tempos? É razão para não lhe pagarmos ou não garantirmos os seus direitos sociais? O que uma empresa lucra de um investimento num funcionário é sempre superior à despesa que tem com a sua contratação caso contrário não fazia sentido empregar esse funcionário. O mesmo se passa com os investigadores. É exactamente igual.

Espero que nãoe estejas a basear a tua incompreesnão pelo facto de o ordenado de um bolseiro ser superior ao de alguns. O panorama tem de ser analisando numa perspectiva de custo/beneficio. E para falar verdade a mim custa-me bastante a falta de solidariedade entre cidadãos do mesmo país.
Abraço
TP

Ska disse...

"1000 libras são 1250 euros"
É o que recebe um inglês para um phD em inglaterra (um phD no próprio país)

Uma bolsa da FCT para um phD em portugal é de 945 euros. São 300 euros de diferença.

Nuno Sousa disse...

E as propinas em Inglaterra para os estudantes de outros paises? Será que o senhor sabe que o tecto da fct é pequenissimo?
Já agora, não há BIC's porque há doutoramentos em vez disso...

Rui Coelho disse...

Admito que sou mais um dos que "fugiu" de Portugal, neste caso para os US.

Quando estava em Portugal, quase que tinha vergonha de dizer que era cientista e mencionar o meu ordenado. Aqui, quando digo a alguém que sou cientista, as pessoas ficam impressionadas, interessadas e perguntam-me imediatamente sobre a minha investigação.

Se queremos passar a ser realmente um país do "1º mundo", temos de alterar radicalmente o modo como tratamos, respeitamos e damos condições de trabalho aos nossos cientistas. São os cientistas que a médio/longo prazo permitem a evolução dos países, o que trás obviamente benefícios para toda a população e todas as outras classes profissionais.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação e...