Foi recentemente divulgado o "ranking" de universidades do ano de 2008 do "Times Higher Education", que pode ser visto aqui. A metodologia usada para estabelecer o "ranking" pode ser vista nesse sítio.
Estamos ainda longe, muito longe, de ter uma universidade no top 100 mundial. A Universidade de Coimbra continua a ser a universidade portuguesa mais bem classificada, aparecendo na posição 387, apesar de ter caído do lugar 319 que ocupava no ano passado. A nível europeu está no 169º lugar (ver aqui).
Nas primeiras 400 posições, além de Coimbra, situam-se a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, em lugares não numerados entre o 400 e o 500 (a Universidade Nova também caiu pois estava no lugar 341). A Universidade do Porto aparece pela primeira vez neste "ranking" embora num lugar, não numerado, depois do 500.
Para efectuar comparações com países com proximidade geográfica e linguística refira-se que a Espanha tem universidades acima da primeira portuguesa: Barcelona (186), Autónoma de Madrid (255), Autónoma de Barcelona (256), Complutense de Madrid (306) e Pompeu Fabra (342). E o Brasil tem, também acima de Coimbra, São Paulo (196), Campinas (249) e Federal do Rio de Janeiro (334). O topo do ranking mundial é ocupado por Harvard, logo seguido por Yale, Cambridge e Oxford.
À descida das universidades portugueses neste "ranking" mundial não deve ser alheio o desinvestimento que, como é sabido, tem sofrido o ensino superior nos últimos tempos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O QUE É FEITO DA CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS?
Passaram mil dias - mil dias! - sobre o início de uma das maiores guerras que conferem ao presente esta tonalidade sinistra de que é impossí...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
11 comentários:
Mas qual é o critério de avaliação? Que significa esta classificação?
Estou a lembrar-me de um teste de inteligência feito nos EUA que provava que os imigrantes eram mais estupidos que os naturais... até que alguém notou que os testes eram em inglês e os imigrantes não percebiam metade das questões por não saberem inglês suficiente.
O Instituto Superior Técnico, por exemplo, não é uma universidade, mas isso é outra história. Talvez agora se perceba por que muita gente quer que o Técnico passe a universidade.
"A descida das universidades portugueses neste "ranking" mundial não deve ser alheio o desinvestimento que, como é sabido, tem sofrido o ensino superior nos últimos tempos."
Poderia explicar melhor esta frase? Eu vejo a coisa exactamente ao contrário: o desinvestimento no ensino superior é um incentivo à qualidade. Não há um desinvestimento na ciência; a obtenção de financiamento é é mais competitiva. Isso gera qualidade.
Caro Filipe Moura:
Explico dando um exemplo. Um dos parâmetros que é inquirido para a elaboração do ranking é o investimento anual nas bibliotecas (incluindo aquisição de livros e revistas científicas e de bases de dados, essenciais para a investigação). As melhores universidades dos EUA e da Europa são as que têm as maiores e melhores bibliotecas. Ora os orçamentos universitários em Portugal aplicados em bibliotecas diminuiu nos últimos tempos, pelo que nesse indicador concreto não podia haver progressos no ranking. Esse é um dado objectivo, mas haverá outros. De qualquer maneira, redigi o meu comentário final de forma suficientemente ampla para poder aceitar outras explicaçoes que não a que sugiro. Como explicar a descida no ranking das universidades portuguesas que lá estavam e o aparecimento apenas da Universidade do Porto? E já agora, outra questão a que não sei responder: Porque é que, por exemplo, a Universidade Técnica de Lisboa, que é reconhecidamente uma boa universidade, não aparece?
Carlos Fiolhais
Caro carlos fiolhais:
Apesar de perceber a sua teoria "da falta financiamento", a minha experiência vai mais longe que isso. O que anda a "matar" as universidades portuguesas é a burocracia. Quer alguns exemplos práticos? Ora vejamos, as nossas bibliotecas são "pobres", que deveriam ser enriquecidas pela investigação, ora bem, como isso pode acontecer se aquisição de um livro pelas vias institucionais levam cerca de meio ano? Como pode a aquisição de material informático levar também esse tempo?
Mas dou-lhe mais... Neste existem regras em algumas universidades portuguesas que em vez de atrairem estudantes de doutoramento, afastam-nos, dando a ideia que as universidades não precisam do dinheiro das propinas para nada...
Verbas de projectos que ficam por gastar...
O dinheiro existe e anda por "aí"... O problema é que nas universidades portuguesas o excesso de burocracia impete uma gestão do financiamento virada para o sucesso.
Quanto à UTL não será pela falta de diversidade de áreas que esta universidade abrange? A UTL está muito, muito longe ser um MIT....
Filipe Moura,
Em que medida o desinvestimento no ensino superior é um incentivo à qualidade?
Nãos e esqueça que as Universidades antes demais têm custos correntes com pessoal, com manutenção de materiais, com água, electricidade, Internet, etc.
Para além disso, para as universidades ascenderem em qualidade têm de captar bons alunos (uma vez que nenhum aluno que tenha algumas opções a níveld e Universidades vai escolher uma univ. que tenha materiais em mau estado e insuficientes e/ou maus professores). E há que fazer alguns investimentos em materiais.
Para tudo isto há que ter recusos financeiros. Recusos que pelo menos sejam estáveis a um pouco acima do valor necessário para cobrir gastos correntes.
Ora estamos a falar de desinvestimento, o que significa que para este ser viável, não rpejudicando o ensino, as Unviersidades deviam estar acima do nível descrito no parágrafo anterior, uma vez que esse era o nível mínimo a considerar.
Acontece que as Unviersidades portuguesas se andavam acima desse nível não era muito acima, e o desinvestimento dura há algum tempo e tem sido contínuo. Se já foi aceitável o desinvestimento (eu considero que não) agora já não é.
Ao cotnrário do que pode parecer (as aparências iludem), o desinvestimento no ensino superior afecta SIM a ciência. Quem pensa que contribui para o desenvolvimento da cência? Não hão-de ser pessoas com o 9.º ano de ensino básico, nem mesmo pessoas com o 12.º ano de escolaridade, essas não têm conhecimentos de base suficientes para contribuirem para um activo avanço das diversas ciências.
A obtenção de financiamento tem regras. Há regras que estipulam os requisitos para as Universidades receberem idêntico, inferior ou superior financiamento relativamente a anos anteriores Não é uma questão de competitividade.
Nos 100 primeiros lugares da lista mundial estão (salvo erro) 73 universidades do universo anglo-saxónico (EUA, RU, Austrália, Canadá e NZ). Destas 73, 17 ficam do Reino Unido. Alemanha e Holanda partilham o segundo lugar na Europa, com apenas 3 universidades. Será mesmo real uma diferença tão grande para com o resto do continente europeu?
Faço notar que há outros rankings como este feito por uma universidade chinesa:
http://www.arwu.org/rank/2007/ARWU2007TOP500list.htm
Mas também neste cerca de 70% dos lugares do top 100 estão ocupados por universidades de língua inglesa.
E também neste as universidades portuguesas estão classificadas em lugares modestos: Os primeiros lugares são das Universidades de Lisboa e do Porto que estão entre os lugares 400 e 500.
Carlos Fiolhais
Ó Doutor Fiolhias, o que eu acho piada é os ingleses virem cá dizer quem vale o que vale.
Era fixe que nós próprios tivessemos um ranking das universidades portuguesas.
Vossa Excelência, que está metido nisso, não podia mandar fazer uma lista nacional? Não deve ser assim tão difícil.
Até podiamos fazer um ranking mundial, era uma idéia. Metiamos a qualidade da comida dos bares e das cantinas como um factor a contar e dava-mos a volta por cima.
Aquelas universidades que só tivessem mufins, levavam com 10%, as que tivessem pasteis de chaves, bom café, e boa variedade, levavam 100%.
E nós gastamos pouco dinheiro com as universidades, nem se compara com os muitos biliões à disposição das americanas.
Com jeitinho iamos parar ao top do ranking mundial.
Veja lá isso, pense na coisa.
Não me surpreende nada o ranking apresentado. O maior peso (40%) provém da "opinião" de universitários escolhidos de dentro de uma base de dados, que são chamados a classificar outras 30 universidades que não a sua. Será que estas classificações não reflectem o facto de que há simplesmente universidades afamadas, de boa reputação, mas porventura empoladada pelo mediatismo? O peso mais determinante neste ranking parece-me pois demasiado tomado de subjectivismo....
Sou a favor da publicação de rankings de universidades portuguesas, tal como fui e sou a favor de rankings de escolas secundárias. É curioso que a avaliação que foi feita até agora aos cursos das universidades proibia expressamente a elaboração de rankings...
Carlos Fiolhais
Enviar um comentário