sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O BOLOR DO DINHEIRO


O humor científico de David Marçal no "Inimigo Público" de hoje:

Bolor do dinheiro vai salvar o mundo da crise

Tal como o bolor Penicillium chrysogenum produz penicilina, o Guitus pastelis produz dinheiro. A descoberta foi acidental e promete fazer pela pobreza o que a penicilina fez pelo tratamento da gonorreia. O dinheiro é o antibiótico da pobreza. Com o dinheiro barato, antes da crise do subprime e do colapso do modelo económico não-comunista tratava-se apenas de uma curiosidade microbiológica. Mas com a escalada das taxas de juro a produção biotecnológica de dinheiro afigura-se atractiva. Os bancos centrais vão produzir dinheiro como quem faz cerveja. A Unicer, Cintra e Benfica SAD já comunicaram a mudança de ramo à CMVM.

Descoberta acidental em contas na Suíça e sociedades Off-Shore


O bolor foi isolado em contas bancárias de autarcas na Suíça. Inicialmente pensava-se que esse dinheiro tinha origem na corrupção ou em actividades ilícitas, mas os cientistas do Instituto de Tecnologia de Zona Franca e Off-Shore (ITZFOS) concluíram que o dinheiro é produzido pelo fungo Guitus pastelis. Numa cultura em laboratório, os cientistas verificaram que à volta do fungo não há pobreza, por causa de uma substância por este libertada, chamada dinheiro.

Fungo por vezes também produz fichas para carrinhos de supermercado

Muito conveniente para os consumidores, mas há receios de que este fenómeno possa ter um impacto negativo no actual modelo de reposição de carrinhos de compras em supermercados. As instâncias reguladoras estão atentas e consideram a hipótese de restringir o acesso generalizado da população ao bolor do dinheiro, de modo a salvaguardar a ordem e arrumação nas superfícies de consumo.

David Marçal

1 comentário:

Luís Peça disse...

Genial.

Gostei mesmo.

Se bem me lembro o David é Bioquímico.

Chamar génio a um colega sabe-nos bem, não é?.

Confesso que só fiz o curso. Nunca pratiquei Bioquímica.

Isto é só uma provocação.
Revejo-me em absoluto no "De Rerum Natura".

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