sábado, 11 de outubro de 2008

Inventores portugueses: António Plácido da Costa



Esperando que abra apetite para a leitura do resto transcrevemos um dos textos sobre inventores portugueses da autoria de Ricardo Nabais que saíram hoje na revista "Tabu" do semanário "Sol":

Do seminário à música, passando pela investigação da peste bubónica que então assolava o Porto, a vida de António Plácido da Costa é tão rica quanto desconhecida. Nascido na Covilhã a 1 de Setembro de 1848, cedo se percebeu nele uma variedade de interesses que mereciam melhor recordação da posteridade.

Contudo, não foi por nenhuma dessas actividades que Plácido inscreveu o seu nome na história da ciência e da técnica. Dedicou-se desde cedo à investigação médica, de início na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Porém, foi a atracção pelos olhos dos outros que o tornou famoso. Em dois anos apenas publicou uma série de artigos com importantes descobertas de técnicas oftalmológicas. Este período coincidiu com a sua ida para Lisboa, onde foi médico-oculista no consultório de Van der Laan, um dos mais importantes da capital na altura. Numa série de dez artigos, Plácido divulgou quatro inventos de grande precisão para avaliar problemas nos olhos. O primeiro, um instrumento de exploração da córnea, revolucionou técnicas de diagnóstico e tratamento desta componente dos nossos olhos. O cientista baptizou-o astigmatoscópio explorador, e hoje é conhecido pelo nome de queratoscópio de Plácido. Ou, de uma forma mais simples, disco de Plácido.

Outros, não menos importantes – mas talvez menos decisivos para tornar conhecido o então jovem cientista – permitiam corrigir o estrabismo, entre outras terapias oculares.

Alheio à popularidade, criticava-a como algo que era estranho ao universo da razão, esse simples «metro da verdade» que faz parte do «museu métrico da inteligência», como escreveu num dos seus artigos.

Plácido deixou de publicar cedo, aos 35 anos, talvez por falta de tempo. O desenvolvimento dos seus inventos e a prática clínica absorveram-no por completo nos anos seguintes. Ainda aperfeiçoou, em paralelo, um telescópio – de acordo com alguns autores, o primeiro todo ele idealizado e feito em Portugal. O tempo livre era para ele um conceito estranho, gozando o pouco que tinha, tal como Einstein, a tocar violino. Com alguma mestria, segundo rezam as crónicas.

Ricardo Nabais

1 comentário:

Armando Quintas disse...

Espero que as ultimas obras publicadas sobre a história da ciência em p
Portugal (as quais ainda não tive o prazer de ler) comecem a mudar a mentalidade da nossa sociedade, que nada se faz e nada acontece, que somos os desgraçadinhos, os atrasadinhos, etc..

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