Hoje, à saída do Ministério da Educação, Mário Nogueira, o dirigente sindical da Fenprof, reconheceu que não tinha conseguido o que queria ("saímos como entrámos"), mas repudiou a manifestação dos professores que está anunciada para o próximo dia 15 de Novembro ("a Fenprof demarca-se, totalmente, dessa manifestação").
Há uma coisa que a Fenprof ainda não interiorizou: é que celebrou um acordo com o Ministério da Educação, que agora está evidentemente obrigada a cumprir. É por isso que saíram como entraram, não poderia ser doutra maneira. E é talvez por isso que muitos professores querem sair à rua no dia 15 de Novembro.
Há que dizê-lo de um modo claro: O ónus da actual situação educativa tem de ser partilhado pela administração e pelos sindicatos. Por muitas críticas que os professores possam fazer à ministra - e podem, pois ela nunca os valorizou o suficiente - não é justo que ela receba mais críticas do que o dirigente sindical - que, cheio de ideias retrógradas, não conseguiu de todo valorizar os professores.
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2 comentários:
Finalmente vou poder manifestar-me simultaneamente contra o ministério e os sindicatos. Porque só isto corresponde à realidade, os sindicatos merecem tanto como o Ministério a reprovação dos professores, e dos pais, e do país (embora estes só mais tarde, sem que seja tarde de mais espero, venham a perceber a nulidade pedagógica de quase todas as medidas avulsas determinadas pelos legisladores actuais). Os sindicatos assinaram um acordo vergonhoso com a Ministra, a lógica foi, só pode ter sido, não perder poder. É a vontade de poder, no sentido de domínio, que os motiva, só isso.
Serei breve numa altura em que as pessoas devem estar mais mentalizadas para a acção do que para a inacção que arrefece os pés e amolece a vontade.
Receio bem que um sindicato ligado ao PC como irmão siamês siga a táctica que lhe é comum, e de longa tradição: ou seja a de “engolir sapos vivos”. Julgo, embora o não garanta, ter sido Álvaro Cunhal a utilizar esta metáfora gastronómica.
Qualquer militar, mesmo sem ostentar galões ou estrelas nos ombros, sabe haver recuos estratégicos: hoje o discurso é um, amanhã poderá ser outro diametralmente oposto. E por causa, nada me garante que se a acção de luta da Plataforma Sindical (ou melhor, da Fenprof) for um fracasso, não apareçam mais tarde os seus corifeus na manifestação dos professores não sindicalizados, ou fartos de sindicatos até à ponta dos cabelos, com cartazes a apoiá-la na tentativa de possíveis benesses. Ou seja, atrás de uma máscara de avozinha carinhosa poderá ocultar-se o rosto de um lobo mau prestes a lançar dentes afiados e gulosos sobre a presa que ingenuamente embarcará numa historieta em que já nem as crianças acreditam.
O último parágrafo do seu cordato post, caro Professor, é um sério aviso à navegação para que os professores saibam as linhas com que se cosem ou a panela em que podem ser cozidos . E porque gato escaldado de água fria tem (ou deve ter) medo, assim os professores dele saibam fazer a devida e útil leitura!
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