sexta-feira, 16 de setembro de 2022

REDONDILHAS PARA USO DE TIRANOS

Era uma vez um tirano, 
com olhos frios de aço 
e com ar de fazer dano
a quem lhe não desse abraço.

Governava gente bruta,
amiga de obedecer,
mas mais que baste astuta,
pra com isso enriquecer.

Como todos os tiranos,
que gostam de ver poder
a crescer, todos os anos,
deitou tudo a perder.

O tirano é incapaz
de matar a sua fome:
ter muito não satisfaz
o desejo que o consome.

Cria exércitos sem fim, 
manda jovens para a morte; 
a vida fica ruim
pràquele povo em desnorte.

Falta o pão e o café
e o calor que mata o frio,
e é tudo um banzé,
estando a vida por um fio.

O dinheiro desvanece
e os bancos ficam vazios:
ser banqueiro desmerece,
naqueles cofres baldios.

Mas o tirano não sabe
que pra tudo há um fim:
o universo não cabe
neste pífio folhetim. 

Tirano acaba mal
assim reza o passado:
lá pró fim já cheira mal
o patife estouvado.

Ou se mata ou o matam,
não há mesmo outra escolha:
quando os laços se desatam,
a morte não é zarolha. 

Visava ser imortal,
como são os mesmo grandes,
mas ficará tal e qual
os que são meros Fernandes!

Eugénio Lisboa

Sem comentários:

CONTRA A HEGEMONIA DA "NOVA NARRATIVA" DA "EDUCAÇÃO DO FUTURO", O ELOGIO DA ESCOLA, O ELOGIO DO PROFESSOR

Para compreender – e enfrentar – discursos como o que aqui reproduzimos , da lavra da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Ec...