quarta-feira, 14 de setembro de 2022

REDONDILHAS PARA UMA CERTA MODALIDADE DE PAZ

Dizem que querem a paz,
mas a eles tanto faz
que se apregoe a paz
que a guerra logo desfaz.

Se a paz é destruir
o que custa a construir,
pra que se possa cumprir
o império a devir,

se a paz é mutilar,
se a paz é violar,
se é disparar sem parar
até já nada restar,

guardem consigo a paz,
que só de guerra é capaz,
a qual sabe que desfaz,
mesmo fingindo que faz.

Eugénio Lisboa

2 comentários:

Anónimo disse...

«Mesmo nas horas críticas de loucura guerreira, há sempre, no Ocidente, grandes espíritos que elevam a voz por cima da refrega, e que em nome da humanidade, desafiam os profiteurs da guerra: esses homens têm sofrido, mas nunca traíram a consciência dos povos que representavam.» RABINDRANATH TAGORE


Temos assistido aos mais espantosos textos - do Sr. Lisboa e, por seguidismo, do Sr. Boavida - de humilhação e desprezo por esses grandes homens mencionados por TAGORE.
O Sr. Lisboa afiança-nos que, ele e o Sr. Boavida não se envergonharão da medalha merecida pelo apelo ao ódio vertido nos seus textos.

Desgraçadamente, a Sra. Leyen e o Sr. Borrell têm a mesma, senão maior, apetência Belicista destes senhores.

Carlos Ricardo Soares disse...

Acredito que ainda veremos os responsáveis pelos inúmeros e intoleráveis crimes de guerra perpetrados pelos maiores criminosos da história, invasores, exterminadores, incendiários, sanguinários, diabólicos fanfarrões, a tentarem disfarçar-se de pacifistas para salvarem a pele.
Mas, se a guerra serve para alguma coisa, se tem alguma vantagem, é ser uma oportunidade para os pacifistas fazerem justiça, aplicarem o direito, imporem a ordem, sem se esquecerem dos covardes, dando-lhes uma oportunidade de pagarem heroicamente pelo mal que fizeram e de ressarcirem as vítimas até onde for possível. Nesta oportunidade já estará dada uma magnânima sentença de perdão por parte dos verdadeiros pacifistas.
E, se não forem capazes de pagar pelos danos que causaram, então que morram em dívida imprescritível.
Se há algo que um pacifista não suporta é um belicista, mas muito mais insuportável e odioso, sim, odioso, é alguém que desencadeia uma guerra. Esse não merece perdão.
Ninguém melhor do que aquele que desencadeia uma guerra sabe e está consciente da gravidade da sua agressão, da humilhação e do sofrimento e aniquilamento que impõe aos pacifistas, aos que acreditam na paz e tudo fazem por mantê-la e recuperá-la, incluindo empunhar armas. Ninguém mais direito de o fazer do que um pacifista.
Ninguém pode ser mais louvado.
Ninguém merece mais ser lembrado e celebrado.
Ninguém merece tanto o estatuto de herói. Nenhum valor se sobrepõe ao da vitória dos pacifistas sobre os invasores bárbaros totalmente destituídos de sentido de humanidade e de justiça e de respeito, que se lançam como uma torrente demolidora e apocalíptica sobre os seus alvos.

50 ANOS DE CIÊNCIA EM PORTUGAL: UM DEPOIMENTO PESSOAL

 Meu artigo no último As Artes entre as Letras (no foto minha no Verão de 1975 quando participei no Youth Science Fortnight em Londres; esto...