Chamam-me os estores que vão no vento,
O trigo sobre a haste definhada,
O renque de oliveiras,
Os cedros inquebrantáveis na ribanceira,
A andorinha endemoninhada,
Que cai algures do céu limpo,
E a sombra móvel do advento
Que assombra o espelho de água.
Chamam-me as estrelas,
Que caminham pela rua escura,
As rugas abertas
Nas velhas janelas sem bosques,
Os homens com armadura,
O olhar sem coração
E o derriço das nuvens e das flores.
Chamam-me os sinuosos
Postes de iluminação,
Os ratos e a sêmola,
A chuva infrene, o rosto e a lama,
As mãos do homem,
Os espinhos inócuos do ouriço
E as pedras que presentem o fim.
Chamam-me todos em vão.
Perdi-me do teu nome,
Perdi-me de mim,
Minha trêmula e mínima chama.
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