quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

A MINHA OPINIÃO SOBRE A ILEGALIZAÇÃO DO CHEGA

“Acho que se não pode criar em nome do antifascismo uma nova forma de fascismo” (Sophia de Mello Breyner).

A democracia perfeita é uma utopia. Não existe. Reconheceu o próprio Churchill: “A democracia é a pior forma de governo com excepção de todas as outras”. Esse o drama. Serão o PCP e o Bloco de Esquerda mais democratas do que o Chega no futuro? Essa é a minha duvida até porque, cedendo a palavra a Mark Twain, “a profecia é algo muito difícil principalmente em relação ao futuro”.

O PCP durante a época gonçalvista deu provas de querer implantar em Portugal um comunismo do tipo soviético. As forças democráticas a isso se opuseram. Hoje em dia, o PCP em termos estatísticos é uma sombra do que foi, embora tenha um secretário-geral simpático  e de rosto humano: Jerónimo de Sousa.

Eu sei do que falo por experiência própria por ter vindo de Moçambique para Portugal empurrado pelos ventos da descolonização. Para evitar suposições, desde já, declaro que não estou filiado no Chega por não ter por hábito passar cheques em branco. Nem, muito menos, tenho o hábito de retirar às pessoas o direito de defenderem o princípio sagrado de se expressarem politicamente. Passado o chamado “verão quente” ninguém se arrojou a exigir a ilegalização, por exemplo, do MRPP, onde militava Ana Gomes.

Porquê então tratar, desse modo, o Chega por simples "achismo" tão ao gosto nacional? Na campanha para a Presidência da República nem o André Ventura nem Ana Gomes fizeram uso de linguagem civilizada no esquecimento de que “aquele que luta contra monstros deve ter muito cuidado para não se transformar também ele num monstro", como defendeu Nietzche.

Mas isto é um assunto que muita água fará ainda correr por baixo da ponte da discórdia. Vejamos o que nos espera numa democracia em que as recentes eleições para a Presidência da República trouxeram à tona de água os resultados obtidos numa espécie de competição que Ana Gomes quer ganhar não nas urnas, mas em contestação de uma legalidade já conferida.

3 comentários:

Carlos Ricardo Soares disse...

A perfeição não é condição de existência. Nada depende de perfeição para existir. Ou, de outro modo, existir pode ser a única condição necessária para a perfeição. Ou, ainda, a perfeição não existe.

A democracia é um bom exemplo. E ponho em causa a célebre opinião de Churchill.

A democracia não tem modo nenhum de ser perfeita e isso talvez deva ser levado na consideração de que para ser perfeita, basta ser democracia.

Se formos por aí, não há como escapar. Nada é imperfeito. Deixo esta provocação.

No dia em que apresentarem algo perfeito, como diz a religião, estaremos mortos, porque a perfeição está interdita aos humanos.

Entendo isto no sentido de que os humanos são insaciáveis de sabedoria e de que nada satisfaz as suas exigências de saber e de virtude, mormente, face ao poder.

Rui Baptista disse...

Mesmo a liberdade tida como o melhor bem a que a Humanidade pode aspirar, como tal, defender que é a não subserviência a estereótipos revolucionários, em nome dessa liberdade, embora a jura a pés juntos combater, combate-a com o cadafalso. Reporto-me à Revolução Francesa em que Madame Roland antes de ser guilhotinada, e a sua cabeça rolar pelo chão, teve este grito (cito de memória): "Liberdade, liberdade em teu nome quantos crimes se não cometem!" Repare-se que o homem, para utilizar uma espécie de jargão, é lobo de si próprio e das suas conveniências nem sempre as melhores num mundo de eterna competição política. Mas o pior disso tudo, é ter-se leituras políticas diferentes para situações idênticas. Quais são os partidos que se podem gabar de terem nos seus quadros meninos de coro ou homens de honra?

Rui Baptista disse...

Errata: Na última linha do meu comentário anterior, onde escrevi: quais são os partidos que se podem gabar de terem nos seus quadros, intercalo que se podem gabar de [só ] terem.

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