“Alguns usam a estatística
como os bêbados usam postes, mais para apoio do que para iluminação" (Andrew
Lan).
Das estatísticas que neste
país se vão fazendo sobre acontecimentos passados antes de 25 de Abril e
depois de 25 de Abril, só falta ver o nosso calendário referenciar as siglas
a.25 Abril e d.25 Abril, como se 25 de Abril tivesse parado no tempo para a partir daí o
nosso torrão natal cantar hossanas a um tempo actual luminoso, denegrindo um tempo
passado de tenebrosas trevas.
A comparação entre esta duas datas incide, por exemplo, sobre o número de autoestradas existentes, no passado e no presente, neste rectângulo ibérico que nos coloca numa posição privilegiada no panorama europeu. Sejamos imparciais: a ponte 25 Abril e a autoestrada Lisboa-Cascais foram construídas num tempo em que Portugal vivia com meios próprios sem mendigar ajudas externas. A partir daí veio o caudal da torneira aberta de subsídios a fundo perdido da União Europeia gastos por vezes, outras desperdiçados em construções faraónicas de que não foi feito o balanço público e acessível ao simples cidadão entre o dinheiro recebido e o dinheiro gasto nessas obras.
Entretanto Coimbra, com longa tradição
universitária de lutas contra a ditadura do Estado Novo, quase parou no tempo
em que o dinheiro do município foi
gasto em frotas de luxuosos bólides da alta cilindrada que estacionam à porta camarária
das margens do Mondego.
Em contraste, a Universidade
vive com carências de toda a ordem sem
dados estatísticos sérios que projectem a sua verdadeira dimensão em que a
estatística não seja uma forma de faltar à verdade.
Os comboios do
desenvolvimento, tendo como maquinistas governantes, não param nesta urbe
prosseguindo viagem em direcção a Aveiro,
cidade Veneza de Portugal, e a Braga, a Augusta, retirando-lhe o estatuto de
terceira cidade portuguesa.
Entretanto, os antigos
combatentes da Guerra do Ultramar vêem as suas justas reivindicações caírem no
alçapão de simples promessas por cumprir. Em contrapartida, nunca se fizeram
tantas fortunas com dinheiro de origem mais do que duvidosa!
Nunca como hoje se encontram políticos que tanto mentem por aquela palha como pelo
palheiro inteiro, indo diariamente à televisão para tentar explicar os seus
desaires que para eles são simples percalços de percurso de uma democracia aos
tropeções.
Sentenciou o jornalista e
cartoonista brasileiro, Millôr Fernandes: “As pessoas que falam muito, mentem
sempre, porque acabam por esgotar o seu estoque de verdade”!
Entretanto o que salta à vista
dos cidadãos é o aumento da percentagem de pessoas que passa fome ou mesmo daquelas
cuja indigência as obriga a viver na rua ou a dormir debaixo das pontes. Quer
chova quer faça sol!
Li algures, o dito jocoso de que
os economistas levam o tempo a dizerem o que vai acontecer e outra a dizer porque
não aconteceu, encontrando eu aqui identificação com as intervenções de toda a hora de quem nos
governa que, através de verborreia,
tentam justificar o injustificável: a sebastiânica vacinação maciça da
população portuguesa que tarda para a calendas gregas!
Calma portugueses! Para serem
vacinados, a tempo e horas, só vos falta
apelar ao civismo dos vossos compatriotas para que não passem à vossa frente nas
filas das pessoas a vacinar com o auxílio do compadrio ou de negócios de mercado
negro que passam perante os pingos da chuva da infâmia sem se molharem.
“Last but not least”, para ser cumprida a vacinação atempada, desejada e ordeira falta-nos uma manhã de nevoeiro, que nos devolvesse a mítica figura de D. Sebastião, desaparecida, para todo o sempre, na desastrosa batalha de Alcácer Quibir. A derradeira esperança reside no vice-almirante Gouveia e Melo, embora pise terreno minado e ardiloso!
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