domingo, 7 de fevereiro de 2021

O ESPELHO BAÇO DO RACISMO

“Ninguém nasce odiando outra pessoa por sua cor da pele, sua origem ou sua religião. As pessoas podem aprender a odiar e, se podem aprender a odiar, pode-se ensiná-las a aprender a amar. O amor chega mais naturalmente ao coração humano que o contrário" (Nelson Mandela).

De um artigo de opinião, assinado por José António Saraiva, director executivo do semanário “SOL”, “A pátria está doente”, reproduzo este naco de prosa,  subtitulado “O ‘regresso’ do racismo” (06/02/2021):

“A extrema esquerda insiste constantemente na ideia de que os portugueses são racistas e deviam fazer mea culpa. Ou seja: andamos a explorar os negros em África e agora maltratamo-los aqui, em Portugal. Mais uma vez, é o nosso orgulho que sai amachucado.

Mas será verdade?

Os episódios racistas multiplicam-se em Portugal? Há violência estrutural sobre os negros? Alguém é recusado num emprego por ser negro? Os futebolistas negros não são tão adorados como os outros?

[Em registo  pessoal, embora Eusébio tenha sido alcunhado,  com amizade e respeito, por  “pantera negra”, como toda a regra tem excepção, Marega, em nossos dias, foi vítima de despudorado racismo verificado,  por o pontapé na bola embotar os sentimentos].

Em certas áreas, não haverá até hoje até uma  discriminação positiva dos negros, eventualmente por complexos de culpa, observável por exemplo nos anúncios televisivos (que quase todos incluem negros?). Ou nas telenovelas?

É certo que a maior parte dos negros em Portugal exerce profissões menos qualificadas, designadamente na construção civil. Mas isto resulta mais da falta de habilitações (e, às vezes, da falta de documentação) do que da cor da pele.

Há episódios racistas em Portugal? Claro que há. Como em todo o mundo. Mas nada tem feito mais pelo racismo que as organizações antirracistas. E as desastrada campanhas antirracistas. E as descabeladas afirmações de senhores como Mamadou Ba.

Esses sim: fomentam o racismo.

Parece mesmo que essas organizações antirracistas, para se justificarem, gostariam que a maioria dos portugueses fosse racista Era a forma de mostrarem a sua razão de existir. Se não houver racismo. Ou se o racismo for residual, para que servirão elas?”. 

(Fim de citação).

E aqui,  não resisto em lembrar o exemplo de ucranianos, refugiados da sua pátria em chamas de guerra e devastação económica com formação universitária, médicos, por exemplo, que tiveram de se sujeitar a trefas de pessoal da limpeza de hospitais. Terá sido por racismo dos portugueses para com os ucranianos brancos?!

Por este status quo ser uma questão que tenho dedicado atenção sem intuitos sociológicos, em outras razões,  para não ser acusado de exercício  ilegal de profissão, apenas por ter nascido em Angola, filho de pais metropolitanos  e ter  vivido em Moçambique durante 18 saudosos anos,  terra que me acolheu como sendo seu filho,  fui empurrado por ventos ciclónicos da “descolonização/Abril de 74”, tida pela esquerda portuguesa como “exemplar”.

Em consequência,  não consigo ficar indiferente a situações em que Mamadou Ba e Joacine Katar Moreira insultam constantemente os portugueses que acolheram em sua terra gentinha que distila  ódio por todos os poros enquanto  se promovem social e economicamente em Portugal, atirando para traz das costas ideologias tidas pretensamente como  humanitárias em que o dinheiro tudo corrompe, a exemplo de Judas  que entregou Cristo por trinta moedas.

Seja a título que for, numa época em que há crianças, neste jardim à beira-mar plantado, que passam fome e velhos que vivem  na rua, tenho como marginal estar-se a discutir o racismo como se fosse prioritário para um país que "deu novos mundos ao mundo", imperfeito porque imperfeita é a condição humana.

Mamadous e Joacines, em vez de ajudarem os países onde viram nascer a luz do dia, entretêm-se em conveniência rendosa própria  em lançar bidons de gasolina para a fogueira de pequenas labaredas de um discutível racismo em vez de água para apagarem um ódio que arde sem as proporções dantescas que lhe querem atribuir esquecendo as mordomias de que gozam nesta terra hospitaleira, mas não estúpida,  mesmo em dias invernosos de coronavírus. Haja um mínimo de consciência num mundo global de inconscientes. Será pedir muito?

Para que se não julgue  que sou um arrivista  que se aproveita desta ocasião para, como se diz na gíria, botar faladura, transcrevo abaixo um artigo por mim escrito e aqui publicado (29/06/2020), intitulado “O CAVALO DE TRÓIA DO RACISMO NEGRO":

 “Temos de aprender a vivermos como irmãos ou morreremos todo como loucos” (Martin Luther King). 

Por norma, associa-se o racismo à população branca de países maioritariamente brancos colhendo exemplo no nazismo quando Hitler, em defesa da eugenia,  se recusou, nos Jogos Olímpicos de Berlim (1936), a apertar a mão ao negro Jesse Owens vencedor de quatro medalhas olímpicas nesse evento. 

Em nosso tempo, com sinais de ódio fora de controlo, surge, em oposição ao racismo branco, o racismo negro qual Cavalo de Tróia que, insidiosamente, pela calada da noite, se vai infiltrando, sob o manto de falsa inocuidade, assumindo o papel de odiosa pena de Talião de remoto tempo do direito hebraico. Curiosamente, quando as negras esticam o cabelo para lhe tirar a crespura ou descoloram a negrura da tez, assiste-se a uma forma de racismo que descaracteriza a sua carga genética, tornando-as clientes habituais da famosa marca de cosméticos francesa L’Oreal que alterou o nome de um seu creme branqueador da pele para clareador da pele.

Há racimo negro quando matulões negros espancam selvaticamente desprotegidos adolescentes brancos, roubam descaradamente prateleiras de supermercados ou tossem intencionalmente para cima de verduras aí à venda filmando os seus actos para passarem na Net, vangloriando-se de ”justiceiros” em desforra de uma sociedade que têm como madrasta, e não cumprindo, como tal, o princípio de em Roma ser romano, atentando, pelo, contrário, sistematicamente contra as leis vigentes no país que os acolheu ao apedrejar os agentes policiais encarregados de as fazerem cumprir em manifestações anti-racistas. Lançam, desta forma, achas para a fogueira que reacende o racismo. 

Há racismo negro sempre que Joacine Katar Moreira insulta grosseiramente o Estado português que lhe concedeu a nacionalidade, abrindo-lhe o caminho para um lugar de destaque na Assembleia da República Portuguesa. Trata-se de uma tremenda ingratidão por parte desta deputada.

Há racismo negro quando Mamadou Ba, senegalês de nascimento, naturalizado português, dirigente do SOS Racismo, incita os negros a manifestações  que fazem perigar vidas, assumindo  ele o papel de chefe da matilha de lobos esfaimados e vingativos e imputando a inocentes carneirinhos  a responsabilidade por actos cometidos pelos seus ancestrais, como se a história não devesse ser estudada em função da época em que os factos se passaram.

Suponhamos que estas situações vivenciadas em Portugal tinham lugar na Guiné ou no Senegal com portugueses naturalizados nesses países! Gozariam eles da mesma benevolência? Decididamente, respondo: não!  Como escreveu Sophia de Mello Breyner, "não se deve  criar em nome do anti-fascismo um novo fascismo.” Por idêntica razão defendo que em nome do anti-racismo branco não se deve ciar um racismo negro!

Honra seja feita a Moçambique independente, que trata como gente amiga os portugueses que aí vivem, viveram ou a ela retornam em visita saudosa não se deparando, inclusivamente, com a destruição iconoclasta de estátuas portuguesas do tempo colonial, resguardando-as em armazéns. O passado da história não se apaga rasgando páginas de livros ou fazendo desaparecer da memória de moçambicanos personagens portuguesas que dela fazem parte. 

Este é o conceito de justiça social que defendo, à outrance, livre de tochas que incendeiem uma sociedade, fazendo com que o homem seja lobo do próprio homem, em crítica sociológica de Thomas Hubber. O racismo, tenha a cor que tiver, não deve servir de arma de arremesso ao serviço de pessoas que, fazendo-se de vítimas, se tornam, elas próprias, algozes  que cinicamente deturpam a história a seu bel-prazer ou conveniência”.

As ilações a tirar do que aqui transcrevi, com origem no semanário SOL e no blogue “De Rerum Natura”, serão enriquecidas com comentários dos leitores porque ninguém é senhor da verdade absoluta. Aliás, já se interrogava Ortega Y Gasset e respondia, simultaneamente,  sobre a verdade: “O que é a verdade? A verdade é, frente ao dogma, discussão permanente!”

3 comentários:

c.eliseu disse...

:) O autor não será José António Saraiva? Bons escritores, mas melhor filósofo o AJ Saraiva.

Rui Baptista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rui Baptista disse...

Fui confirmar: o nome, que escrevi, está correcto. Obrigado pelo comentário.

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