domingo, 7 de fevereiro de 2021

ISTO NÃO ASSUSTA OS PROFESSORES?

Mostrei a uma pessoa que, em termos profissionais, tem estado longe da educação, os Quatro Cenários da Educação do Futuro da OCDE, apresentados há poucos dias por essa organização, e de que deixei breve comentário neste blogue (Como será a escolaridade no futuro? Quatro cenários da OCDE - 2021). Essa pessoa, leu, no respeitante ao primeiro cenário, o que abaixo transcrevo e perguntou-me "isto não assusta os professores?". Não lhe soube responder, mas suponho que os professores pensam que se trata de um cenário utópico, que nunca há-de chegar à sua escola. Contudo, ele é bem concreto, faz parte do "novo normal" e já está dentro da escola.

                      (...)
"As escolas e suas redes podem usar economias de escala para planear e implantar recursos de maneira mais eficaz, aproveitando a digitalização e os sistemas de informação de dados. Surgiu uma divisão de tarefas mais marcada e uma maior diversificação dos perfis profissionais em contexto escolar. Um corpo docente reduzido, mas singular e bem treinado permanece encarregado de projectar conteúdos e actividades de aprendizagem, que podem ser implementados e monitorizados por robôs educacionais juntamente com outros funcionários com diversos acordos de trabalho (voluntários/pago, meio tempo/ integral tempo, presencial ou online), ou directamente por software educacional. Novas funções, como analistas de dados de aprendizagem, vão aumentar, situando-se em redes escolares ou em outros lugares («indústrias de aprendizagem»)."

3 comentários:

Anónimo disse...

Em Portugal, os professores com formação universitária foram definitivamente postos na linha no tempo da Professora Doutora Maria de Lurdes Rodrigues à frente do Ministério da Educação. Essa senhora inventou a categoria de professor titular, cujas condições de acesso eram mais frequente e facilmente cumpridas por educadores de infância do que por professores da mesma faixa etária! (Nota: muitos desses professores titulares educadores de infância nunca tinham frequentado cursos universitários).
O paradigma hipócrita das aprendizagens essenciais mais não quer dizer aos professores recalcitrantes que a sua função principal na escola já não é ensinar porque os alunos também não precisam de aprender muito. Atualmente, os professores, juntamente com os seus colegas educadores de infância, devem sobretudo tomar conta de criancinhas, adolescentes e jovens adultos, de preferência recebendo-os nas escolas.
A farsa em que tem vindo a ser transformado o ensino pode ser entregue a computadores, auxiliados por robôs. Por enquanto, os professores ainda são encarados como um mal necessário, só para manter a ordem, mas até quando?...

Um mal é necessário? disse...

Quando vemos uma coisa a cair, devemos acelerá-la.

Não se iluda. Já ninguém quer ser professor.

Helena Damião disse...

Estimados Leitores
- Anónimo 1: A questão ultrapassa muito o nosso pequeno país, é global. Independentemente do governo, do ministro, a dissolução da escola pública avança e a negação do papel do professor também. Pode-se, afirma-se aprender (o quê?) em qualquer lugar, sob orientação (ou algo assim) de qualquer agente da sociedade. O professor torna-se um técnico, que prepara as máquinas ou os executores, e, talvez analise dados... Isto está por todo o mundo e... claro, em Portugal! Neste momento aqui e ali, dentro de pouco tempo será a regra.
Anónimo 2. Apesar de tudo, há quem queira ser professor, há quem queira continuar a ser professor.
Cordialmente.
MHD

35.º (E ÚLTIMO) POSTAL DE NATAL DE JORGE PAIVA: "AMBIENTE E DESILUSÃO"

Sem mais, reproduzo as fotografias e as palavras que compõem o último postal de Natal do Biólogo Jorge Paiva, Professor e Investigador na Un...