“Atrás de mim virá quem de mim bom fará” ( ditado popular).
Costumava eu dizer aos meus alunos que nem sempre se verifica o aforismo latino: “Vox populi, vox Dei”. Para o efeito, apresentava eu ditados que se contradiziam que deles me não lembro que a memória vai sendo destruída como os edifícios velhos que ruem com o peso da idade.
Confesso que tenho sido implacável para com a nomeação de uma corte de familiares que são nomeados para acompanhar o pater familia em cargos governativos. E apresentava exemplos da prática socialista, em que todos os meios eram postos ao serviço desse desiderato. Como exemplo desse verdadeiro regabofe político o caso, entre outros, do governo dos Açores sob a liderança de Carlos César.
Com desmedido estupor meu vejo agora, essas minhas críticas encontrarem terreno
fértil no PSD “tendo como objectivo “destronar a liderança socialista no arquipélago”. Nunca a palavra “destronar”
teve uma aplicação tão ambígua por o seu verdadeiro significado, no caso
presente, ser “ocupar” a liderança socialista no arquipélago com todos os
defeitos ampliados de esbanjamento dos dinheiros públicos.
Com essa finalidade, segundo o “Expresso”, o PSD de José Manuel Bolieiro, antigo
presidente da câmara de Ponta Delgada, juntou-se num acordo político com o PPM
e o CDS-PP, válido para duas legislaturas, e fez acordos de incidência parlamentar
com o Chega e o Iniciativa Liberal.
E prossegue a notícia, que apesar
das críticas ao anterior governo, o novo executivo tem mais um secretário
regional e mais um subsecretário regional — cada um destes tem um chefe de
gabinete, dois adjuntos e um secretário pessoal, revela o semanário “Expresso.
Para além disso, há também mais dois adjuntos
e uma secretária pessoal, mais oito diretores regionais ou cargos equiparados,
e mais dez técnicos especialistas nos gabinetes dos membros do governo regional
que recebem pelo menos o equivalente à remuneração de um adjunto, cerca de
3300 euros brutos.
O mesmo jornal aponta ainda para cerca de uma dezena e meia de familiares,
ligados ao governo ou aos partidos que o compõem, já nomeados para cargos
públicos ou em vias de o serem.
O líder do CDS-PP Açores, Artur Lima, que é vice-presidente do governo
regional, desvalorizou as estimativas do jornal quando ao acréscimo dos gastos
com o executivo de direita. Lima afirmou que “as contas fazem-se no fim” e
garante que “no fim vão ver que este governo será mais poupado. Serão feitos
cortes em direções de serviços, chefias de divisão, chefias atípicas, cargos
criados de nomeação política, etc.” (Fim de citação).
Como eu gostaria, a exemplo de Schopenhauer, que a minha memória agisse como
a lente convergente na câmara escura que reduz todas as dimensões e produz, dessa
forma uma imagem bem mais bela do que o original. Mas não! A câmara escura da minha memória, neste caso, dá-me a imagem de mudar para ficar tudo na mesma, ou ainda pior, por o
poder corromper, por ser próprio da
natureza humana com raras excepções, cada vez mais raras ou mesmo nenhuma.
E assim caminha “cantando e rindo” este país republicano, correndo o risco de colapso económico, sem rei nem roque, mas com uma corte de reizinhos que tudo querem, tudo podem e tudo fazem a seu bel-prazer!
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