"As ações de cada pessoa são boas ou más consoante a maneira como as outras as comentam” (Camilo Castelo Branco).
O editorial de Manuel Carvalho
(“Público”, 16/02/2021), quer se concorde ou não com ele , teve o mérito de
tirar do armário um assunto que a tradição do povo português conservador
gostaria de manter fechada a sete chaves.
Arejemos, portanto, o seu
bafio, trazendo-a para discussão pública porque a liberdade de opinião o deve permitir
sem discussão e, principalmente, sem a coartar em função do lugar que o opinante
ocupa na estrutura socioprofissional do pais.
Opinião diferente tem Manuel Carvalho
quando escreve: “Há dez anos, tinha o direito, como indivíduo a professar uma mundivisão
arcaica ou, como explicou, a usá-la como provocação. Agora, que preside ao TC,
essa mundivisão tem outras implicações”.
Permito-me discordar, como se
João Pedro Caupers, como presidente do Tribunal Constitucional, tivesse perdido
o direito em ter opinião personalizada, sendo obrigado a perfilhar aquela que o cargo
exige numa espécie de retrocesso a tempos do Estado Novo em que o desempenho
para determinadas funções oficiais, de relevo ou não, impunha um atestado de
bom comportamento passado pela junta de freguesia.
Isto é, como se a homossexualidade,
tida no passado recente, como uma doença
perversa, para se impor devesse hoje, ser
propagandeada, “ad nauseam”, como é, em telenovelas e revistas cor de rosa como
a coisa mais natural do mundo a ser
preservada como uma opção sexual que de defeito passasse, de dia para a noite, a virtude a defender,
perigosamente, junto dos jovens indecisos na procura da sua própria
sexualidade.
O mundo da educação dos jovens
ultrapassou a que é dada pelos pais e pelos professores, numa espécie de redoma
de vidro, hoje, em estilhaços, invadindo, sub-repticiamente ou às claras, a casa do cidadão para o bem e para o mal,
através do écran televisivo.
Segundo Goethe, “qualquer ideia proferida, desperta outra ideia contrária”, ergo tudo pode e deve ser discutido pairando sobre o domínio doutrinário, ou simplesmente opinativo, entre posições divergentes. Como li de Pitigrilli, “tudo deve ser discutido quanto a isso não há discussão possível!” Discuta-se, portanto, esta temática sem ofender a tradicional sociedade portuguesa que merece não ser inundada de novos hábitos e costumes que a ofendam nas sua raízes mais profundas. O mundo não se muda de um dia para o outro com a mesma ligeireza de quem muda de roupa interior diariamente por uma questão de higiene!
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