quarta-feira, 15 de abril de 2020

O Regresso do Vírus Magalhães

Duas razões me levam a escrever este texto:
1.Uma pandemia computacional;
2. Uma capa do “ jornal I” (14/04/2009). 
Ainda não se adivinhava, sequer, a pandemia do corona vírus e eram as escolas portuguesas, da era socrática, inundadas de computadores Magalhães, distribuídos a alunos, sem proveito pedagógicos de monta, num negócio que fez ganhar muito dinheiro a boa e má gente!

Volta o assunto à ribalta (não são as pandemias cíclicas?) pela distribuição estatal de computadores à juventude escolar em quarentena sem tratar de saber daqueles alunos que já o possuam, mas tem interesse em duplicar a sua posse. Nessa capa do "jornal I", lia-se:
“Hoje, temos saudades de aulas presenciais, com professores e alunos, de carne e osso, e o diálogo olhos nos olhos. A tecnologia é útil mas o professor continua a ser central”. 
Subscreve esse naco de prosa o ex-ministro da Educação, Nuno Crato, rosto do combate ao “eduquês” vencido pelas hostes do "sindicalês", comandadas pela Fenprof.

No meio disto tudo, é esquecido que durante a II Guerra Mundial as mulheres deixaram de ser donas de casa para ajudarem ao esforço de guerra, trabalhando em fábricas de material de guerra passando, no fim, do conflito, a trabalharem fora de casa para continuarem a ajudar ao orçamento caseiro! Este um lugar comum. 

O professor, para além de transmissor de conhecimento, deve ser um educador que que não pode ser substituído por um computador que se limita a debitar conhecimento (já há quem, com espírito cáustico, chame ao Google "Doutor Google") sem a empatia entre quem ensina e quem aprende! 

E a socialização promovida pelo convívio entre colegas aproveitando os intervalos das aulas para conversar, discutir, correr, saltar e rir? E as consultas a bibliotecas públicas e a livros de uma biblioteca privativa que obriga a momentos de reflexão?

Sei que estamos numa era de grandes avanços no âmbito dos transplantes, mas ainda não se chegou ao ponto de o fazer com cérebros em máquinas de aço sem sentimentos, que obedeçam à voz do dono, quais cyborgs sujeitos a uma determinada linha política totalitária.

Este o perigo de filmes de ficção científica se transformarem em realidade de uma linha política totalitária que obedece à voz do homo sapiens desumanizado!

Mas o maior despudor, é copiar a antiga "Telescola" (1965-1987), mudando-lhe simplesmente o nome para "Estudo em Casa", havendo, como tal, o risco de plágio.

P.S.: Espero que o Governo, em época de grande contenção de despesas, não deixe de contratar professores, "de carne e osso" (Crato), porque um professor para o Estudo em Casa atinge um número incalculável de alunos. Felizmente, há o óbice das mães, depois da pandemia passar, terem que voltar ao trabalho fazendo, novamente, da escola um local onde deixar os filhos várias horas por dia!

3 comentários:

Rui Baptista disse...

"Obrigado pelo tempo precioso que gastou a ler o meu post. Uma boa-noite.

Exatidão disse...

#EstudoEmCasa

Rui Baptista disse...

Eu sempre tive dificultada em estudar em casa: Tocavam à campainha, e eu pensava: quem será!. Tocava o telefone, e eu pensava: quem será! O meu lugar de estudo era o Palladium" e outros cafés. Aí conseguia-me isolar do resto da clientela. O meu companheiro de estudo era um amigo que cursava Direito, tendo sido um brilhante advogado lisboeta. Hoje, com os jogos de computadores e programas de televisão julgo difícil ter êxito o "Estudo Em Casa", como, aliás, teve êxito a "Telescola". Mudam-se os tempos, e os êxitos do passado tornam-se fracassos do presente, embora acredite ser uma solução ocasional (ocasional, repito!) devido à Pandemia!

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