A cara do Ferro Rodrigues, na
Assembleia da República, fez-me temer correr ele o risco de ser vítima de uma apoplexia tal eram as suas bochechas trémulas de raiva por não poder mandar calar, como é seu uso e abuso, o deputado do Chega! Esta situação lembrou-me um programa televisivo
chamado "Isto só visto!"
Já não sei onde comentei, ingenuamente, que as monumentais escadarias de São Bento
estariam pejadas de gente havendo o perigo de confrontos entre os defensores
destas festividades e os seus opositores numa altura em que as famílias, sejam
de esquerda, do centro ou de direita, choram os seus entes queridos mortos pela
pandemia que assola o país de lés-a-lés.
Precipitação ou mesmo erro meu porque estas escadarias seriam palco da descida pelos deputados e convidados para a cerimónia em que
as desistências foram uma parte muito substancial. Errei, repito e assumo o erro, colhendo exemplo
no falecido Bento de Jesus Caraça que
cito de memória: “Não temo o erro porque estou sempre pronto a emendá-lo”!
Lição de humildade de um falecido
e notável professor universitário, resistente antifascista do Partido Comunista
que devia servir (mas não serve!) de
lição aos políticos que afirmam nunca errar, lavando as mãos em bacia de
Pilatos os erros que cometem assiduamente
com ar de senhores da Verdade, embora Nietsche nos tenha dito “não haver factos eternos, como não há
verdades absolutas”.
Aliás, como o reconheceu, em
finais do século passado, Karl Popper ao derrogar os mitos da dita ciência dos
nossos dias!
10 comentários:
O Ventura não é Miguel. O Nietzsche não é Nietsche mas é absolutamente para esquecer. O Popper não disse isso. O Ferro não abusou. O Rui Baptista errou.
Ò Baptista :
-Ouviste o discurso do Presidente da República ?
Claro que ouvi. Só duvido, pelo tom azedo que o seu comentário comporta, que o Abraham Chevrolet, deslocando-se num automóvel símbolo de uma América "capitalista", o tenha entendido na sua mensagem de concórdia. Releia-o por favor sem ser como aluno graxista, mas como aluno aplicado. Já agora, o nome Rui, sem ípsilon que é cagança, cusa-lhe engulhos porquê?
Errata: onde escrevi, na última linha "cusa-lhe", corrijo para causa-lhe.
Podia dizer que o engano de Miguel em vez de André, tinha sido para ver se era lido com atenção, mas seria artimanha que me repugna.
Assumo o "lapsus calami" que o devia deixar feliz por ser um filiado a menos do Chega que cresce dia-a-dia, embora não veja qualquer inconveniente nisso numa altura em que Chega, é sinónimo de basta, de perseguir, embora debalde, quem pertence a este partido embora seja de uma benevolência extrema, presumo, pelo partido de Joacine Katar, que, na noite das passadas eleições legislativas, se deu ao luxo de insultar, nas escadaria do órgão do nobre e histórico povo por excelência, o país que a acolheu e deu asas de Morcego para se sentar no seu Parlamento. Mas enfim!
Quanto à grafia de Nietzche em vez de Nietsche, outro erro de grafia que assumo pela minha ignorância da língua alemã.
Quanto à citação de Karl Popper que citei de memória é natural que o não tenha citado “ipsis verbis” , embora a tenha utilizado para denunciar a refutabilidade da Ciência.
Na segunda linha do meu comentário anterior pousou uma gralha atrevida que debicou o não antes de tenha entendido. Assim, o não tenha entendido na sua mensagem de concórdia [com o Governo]. Já agora aproveito a ocasião para dizer que o seu tutear pode levar a crer que somos amigos de infância desavindos.Diga-me a sua idade para eu confrontar com a minha para avaliar essa possibilidade que tenho mais difícil do que encontrar agulha em palheiro!
Professor Rui Baptista;
Quero deixar aqui uma lição do Professor Bento Caraça.
“Mas, se a identificação de classe dirigente e elite cultural nunca se deu nem se dá, para quê o pretender estabelecê-la?
Razão evidente e única – porque a classe dirigente, não tendo que fazer de momento, nem necessitando, dessas antecipações geniais no domínio da ciência e da cultura (aos seus autores é dada a liberdade de morrer na miséria), precisa no entanto daquilo a que podemos chamar valores científicos e culturais de segundo plano, carece de tomar posse do que da ciência vai derivando constantemente para as aplicações, a fim de adquirir uma base mais sólida de existência e domínio. E como, por outro lado, ela sabe bem que mal vai ao seu poderio quando ele é exclusivamente de natureza material, fabrica, para seu uso próprio, um conceito novo de elite, deformador do verdadeiro, e, armada com esse conceito novo e servida por aqueles que se prestam a dar-lhe corpo, pretende aparecer como suporte único do movimento cultural, relegando para o domínio do subversivo, a que é preciso dar caça, tudo aquilo que contrariar os seus cânones.”
Professor, lembremos nestas palavras de Bento Caraça, o exemplo da cientista Maria de Sousa. Ela que tantas vezes foi condecorada, e por três presidentes da républica.
A TV mostrou uma reportagem onde ela foi contagiada, foi numa clínica privada onde fazia tratamento, e privada, o objectivo é acima de tudo o lucro desprezando as condições de segurança.
Não surpreedentemente, Maria de Sousa, foi duplamente vitima. Assim, primeiramente da classe dirigente, e por fim do capitalismo que lhe retirou a vida.
De uns e de outros se afastou sempre esse grande Homem, que foi Bento de Jesus Caraça. Na sua Obra aprende-se isso, mas talvez Maria de Sousa por alguma razão não a conhece-se.
Com o cumprimento Amigo de sempre,
O Popper disse que a ciência não prova a verdade quando disse que a ciência só prova a falsidade. Uma hipótese não se consegue confirmar cientificamente, a ciência apenas consegue provar que (se) não é verdadeira. Ora isto que é uma afirmação elementar (e clarificadora, por isso, genial) é usado pelos anti-modernistas como se Popper fosse o paladino da anti-ciência. Olhe, pergunte ao Fiolhais!
Na verdade Popper tornou-se em paradigma da falseabilidade da Ciência que deu aso, muitos séculos antes dele, que o geocentrismo fosse substituído pelo heliocentrismo.
Esta constatação penalizou Newton a ponto de ter ido condenado à morte pela Santa Inquisição só se tendo libertado dessa pena por se ter rectratado, isto é desdito!
Dizer que a ciência não prova a verdade, apenas a falsidade parece-me um sofisma: se uma teoria cientifica é falsa não é verdadeira. Uma coisa não pode ser, simultaneamente, falsa e verdadeira.
Popper rompeu assim a pesporrência de uma Ciência como verdade absoluta, incontestável, irrefutável!
Essa espécie de humanismo de comunistas, do género de Bento de Jesus Caraça, encontrei-a no presidente do Conselho Directivo do Liceu D. João III, hoje Escola Secundária José Falcão , Dr. Ivo Cortesão, que quando professor dessa escola concorri a docente da Universidade do Porto me deu uma informação elogiosa, embora sabendo que eu retornado de Moçambique, depois de uma descolonização que pouco teve de exempla, era assumidamente da linha política de direita. Soube-o através do então chefe da secretaria que ma mostrou , espantado essa informação.
Por outro lado, tenho encontrado, pela vida fora, trânsfugas do Estado Novo que de um dia para o outro fizeram inversão de marcha a toda a velocidade e que indagados sobre o facto de terem desempenhado elevados cargos, no regime político vigorante antes de 25 de Abril, se desculparam que o tinham feito para minar as estruturas fascistas!!!
Moral da história: tenho encontrado gente impoluta de Direita, como tenho encontrado muito pulhas de Esquerda, e vice-versa. Por isso, engenheiro Ildefonso Dias estou-lhe muito grato por ter dado a conhecer e a admirar, agora e em outras ocasiões, o estatuto científico, político e ético do Professor Bento de Jesus Caraça.
Um abraço de estima.
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