quarta-feira, 22 de abril de 2020

Glosando Dois Versos de El Rei D. Denis

Do meu  estimado amigo Eugénio Lisboa, cultivador das Belas Letras, recebi este poema que publico para deleite meu e dos leitores:

(A propósito de Bolsonaro)

Mui mais queria, besta não havendo,

antes ir a pé que nele cavalgando,

dizia D. Dinis, disto sabendo,

como doutras coisas sob seu comando.

Se nesse tempo a besta escasseava,

como diz o rei que o Pinhal plantou,

agora é animal que abunda à brava

pelo mundo que o português criou.

O Brasil que Cabral a nós abriu

tem hoje, Presidente, Bolsonaro,

que diz que o vírus nunca existiu,

que assim lho diz instinto e faro.

Capitão ignaro, egrégio cavalo,

feito à medida das bestas de carga,

não apetece, mesmo assim, montá-lo

por nos impor maldade à ilharga.

Filho da mãe bem certificado,

bicho raivoso e enviesado,

odeia o pobre e o povo esmagado,

com ódio de bicho mal amado.

Há-de lixar-se, não tarda, o estuporado,

porque tudo lhe será contado,

o que fez, o que não fez, bem pesado

na balança que não mente o resultado!

Se o vírus o apanha de raspão,

com pontaria certa e justiceira,

é vê-lo cobarde e trapalhão,

choramingar ante a foice da Ceifeira.

Assim findam os grandes tiranetes,

assim findam, mijando-se nas pernas:

antes eram pimpões e alegretes,

agora morrem, bichos das cavernas!

Eugénio Lisboa,

Lavando o fígado, como mandavam os gregos antigos.

Sem comentários:

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