“A respeito de política, chamo a tua atenção para a nova palavra
“verborreia com que no artigo classifico a nossa eloquência S. Bental”
(Eça de Queiroz).
Ontem, em comentário por mim inserto no meu “post” “A desorientação do PS”, escrevi:
“Perante a contestação generalizada às festividades de 25 de Abril, tarde e a más horas, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, em notícia televisiva , discorda do número de convidados. Reforço, tarde e a más horas”
Mas o assunto não se ficou por aqui. Hoje, em capa do “Jornal I”, sai reforçada a sua não ida à Assembleia da Republica ficando-se sem se saber se por discordância política ou uma questão de precaução de contágio próprio porque “cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal ninguém”, na “voz populi”.
O meu “post” de hoje tem como essência outros títulos de capa do supracitado jornal, que passo a citar:
1."Não é o momento de criar eventos que juntem pessoas”, alerta Ricardo Mexia, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública“, 2."DGS [Direcção Geral de Saúde] fala da necessidade de chegar a um consenso para permitir a realização solene n AR”.3.“Não vejo razão para que as mais altas figuras de Estado não comemorem esta data fundadora, Vera Jardim”.
Resumindo, confrontam-se, com opiniões opostas, a Associação de Médicos de Saúde Pública, a DGS, e em oposição um jurista, Vera Jardim, com um currículo político notável ao serviço do PS.
Mas esta controvérsia não pode morrer solteira sobre uma questão que faz perigar vidas humanas.
Ou seja, receio que um assunto de Saúde Pública se torne numa questão de baixa política, pondo em causa a vida de inúmeros portugueses com um balanço ainda por fazer e difícil de fazer porque apoiado em simples estatísticas, também elas, controversas entre os próprios especialistas.
Transpondo isto a exemplos da vida quotidiana: a pessoa quando está doente deve procurar um médico, essa mesma pessoa quando em litígio em tribunal deve contratar um advogado. Inverter estas posições é o mesmo que uma pessoa sedenta procurar um almoço salgado e com fome beber um simples copo de água.
Por o assunto assumir proporções de vida ou de morte não se pode, e muito menos se deve, transformar o de 25 de Abril numa espécie de reunião de cavaleiros da Távola Redonda.
A haver essa discussão proponho que ela se faça num programa da Cristina Ferreira transformado numa sucursal do antigo SNI (Sindicato Nacional de Informação) por ser useira e veseira em propagandear feitos lustrados de políticos socialista, com a excepção do Presidente da República, numa democracia com tantos anos aproximados quantos anos levou de vida o Estado Novo.
Estamos a cinco dias de 25 de Abril, o tempo urge para se chegar a um consenso com senso. Ou, como diria um companheiro de mesa de café lisboeta do meu tempo de estudante, filho de um construtor civil, de poucos estudos, porque tinha o futuro assegurado pela fortuna paterna, que gostava de falar difícil, o tempo “ruge”!
Seja como for, é tempo de os portugueses, e eu incluído, aprenderem com Henry Thoreau (1817-1862) que “a política não é moral ocupando-se do que é oportuno”.
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