Com a chancela de Eugénio Lisboa, publico estes versos com o prazer de sempre:
(em redondilha maior como manda a
tradição)
Lá vem a Nau Catrineta
que tem muito que
contar!
Pegai, bardos na
caneta,
há muito que anunciar!
Havia um lindo planeta,
muito bom de habitar:
nem estrela nem cometa
o podiam molestar.
Era limpo todo o ar
que ali se respirava!
Dava gosto ir ao mar
que era grande e
ondeava!
O vizinho acudia
se ao lado alguém
chorava:
no coração dele ardia
o desejo de ajudar.
Usava-se o necessário
que a terra boa dava,
mas sabia-se quão
precário
era o bem que ali guardava.
E assim se foi vivendo,
com tal conta e medida,
que no mundo foi
havendo
abundância bem sortida.
E ninguém ali buscava,
por mais que o
desejasse,
ter mais do que
precisava
p’ra que o ar se não
estragasse.
Mas o bicho da ambição
deu aos homens tal
saber,
tal desejo e compulsão,
que a terra deu em
tremer!
Os rios e mares sujos,
atmosfera corrompida,
estes foram males cujos
frutos queimaram a
vida.
Chegou o mundo a tal
abismo,
tão perto de se perder,
que fico perplexo e
cismo:
que futuro vai haver?
Estes foram os anúncios
que a Nau Catrineta
trouxe:
os anúncios serão
prenúncios
de Alguém com uma
fouce?
Eugénio Lisboa,
pedindo desculpa, pelo atrevimento, aos trovadores d’antanho que congeminaram os versos da primeira Nau Catrineta.
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