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CARTA A UM JOVEM DECENTE
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1 comentário:
Aquilino Ribeiro no seu Livro "Príncipes de Portugal-Suas Grandezas e Misérias" diz a propósito de D. João III:...transferiu a Universidade para Coimbra e de princípio foi o caos. Não havia ali biblioteca boa nem má, nem mesmo lugares aptos a receber mestres e discípulos. Houve que recorrer aos colégios eclesiásticos já existentes e o reitor resignou-se a dar aulas nos seus próprios aposentos. Os velhos catedráticos de Lisboa, salvo Pedro Nunes, que foi ganhar um ordenado de grão-duque,recusaram-se a trocar a capital pela parvónia provincial. ...
...O estabelecimento da Inquisição foi o acto de política interna que mais apaixonou D. João III. Portugal passou a ser com a Espanha a sentinela alerta da fé contra todos aqueles que se atrevessem a formular uma dúvida, uma sombra de incerteza, uma interrogação ao santo nome de Deus segundo o credo romano.
Fugiram por todos os caminhos quantos podiam representar espírito de progresso, temerosos da noite que se adensava sobre a Nação. Hoje Portugal gloria-se dos Amatos, dos Sanches, dos Gouveias, que enalteceram a terra portuguesa, pelo facto de terem ouvido aqui a canção do berço. Fraca consolação! Antes são eles fantasmas miliários, clamando contra aquele que Pinheiro Chagas, na peugada aliás de Herculano, chama o mais estúpido e fanático dos reis.
Alexandre Herculano escreveu o seguinte sobre D. João III: "Envolvido de contínuo em questões eclesiásticas e, sobretudo, em questões fradescas, e deixando, como acabamos de ver, caminhar o Estado à ruína, o rei de Portugal entretinha-se, no intervalo do descanso que lhe concediam as matérias da Inquisição, em pensar na criação de novas Sés, na trasladação de mosteiros de Ordem para Ordem,... A própria reforma da Universidade, ideia generosa e grande a princípio, descera às proporções de uma intriga de claustro, sobretudo desde a entrada dos jesuítas no Reino."
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