domingo, 26 de abril de 2020

Estudo em Casa


Acabo de ver este vídeo sobre uma aula de “Estudo em Casa”, dedicada à disciplina de Educação Física do Enino Básico. Começo por considerar tratar-se de uma “fak new” para não cair no embuste de ter o falso por verdadeiro.

O exemplo que passo a relatar foi por mim vivido e é “verdade verdadeira”! Em tempo remoto, que a minha velhice permite a adjectivação, de aluno do então 7.º ano liceal (correspondente ao actual 12.º ano do ensino secundário), e numa época em que os professores habilitados pelo INEF não chegavam para as encomendas, o ministério das aulas de Educação Física eram comparticipadas com médicos que acumulavam com os seus magros proventos esse dinheiro por fora, numa altura em que a medicina não era mercantilizada, mas como um sacerdócio do tipo João Semana, um dinheirito dava muito jeito.

“In illo tempore”, as aulas de Educação Física, de um determinado liceu lisboeta, eram ministradas em acumulação por um esculápio baixo e com barriga proeminente de volframistas que fumavam charutos cubanos, durante a II Grande Guerra Mundial, postava-se ele à porta do ginásio, vestido com um grande e coçado sobretudo, batendo palmas enquanto chamava pelos alunos mais renitentes: “Meus senhores (nessa altura já éramos homenzinhos!) façam o favor de entrar para a aula começar”! 

Invariavelmente, obtinha como resposta: “Fazer a xaropada da ginástica do fole (ou seja, os alunos deitados de costas em bancos suecos, obedecendo à voz do professor inspire-expire) para ficarmos gordos e baixos como o senhor doutor?” Nesse tempo anedótico embora verdadeiro, os professores para exemplificação dos exercícios mais complexos que não dominavam por incapacidade permanente ou ocasional, escolhiam um dos alunos com maior aptidão para exemplificar os exercícios a ministrar. 

No caso que aqui é reproduzido em vídeo, um aluna matulona que mal se sustinha em equilíbrio instável, ainda que com o apoio das mãos no tampo da secretária da professora que vê o vídeo de raspão, repetia, “ad nauseam”, sempre o mesmo exercício de equilíbrio. E isto é tanto mais grave por a hipocinética da quarentena exigir, quer a adultos quer a crianças, exercícios de natureza muscular e cardiopulmonares.

Finalmente, esta minha “crítica” tem como finalidade, chamar a atenção de pais das chamadas crianças com bicho carpinteiro, mas com pouca habilidade motora, que feitas macaquinhas de imitação, se possam estatelar no chão partindo um osso exigindo ser engessadas tendo que, como tal, recorrer ao SNS assoberbado com pacientes vitimados pelo coronavírus. Como nos ensina a sabedoria popular – “vox populi, vox dei” – mais vale prevenir do que remediar”.

Aqui fica, portanto, o aviso preventivo!

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