quinta-feira, 2 de abril de 2020

Um Gabinete de Salvação Nacional, uma utopia?

Hoje, dia 1 de Abril em que comecei a escrever este artigo é o dia das mentiras que devia ser abolido por se mentir todos os dia neste país mais ocidental  da Europa. Disso mesmo nos dá conta Eça:
“Entre nós, a mentira é um hábito público. Mente o homem, a política, a ciência, o orçamento, a imprensa, os versos os sermões, a arte, o País é todo ele uma grande consciência falsa. Vem tudo da Educação”.
Por coincidência ou não, foi este o dia em que António Costa foi entrevistado, “tête-a-tête” num sala da casa televisiva de Cristina Ferreira, com contenção dos seu habituais gritos, risadas e voz estridente, a propósito ou a despropósito, que transformam o seu programa numa  espécie de Mercado da Ribeira em dias de enchente de clientela!

Entrevista  que, pela solenidade repetida como foi, correu o risco de se tornar trivial em que o entrevistado falou sobre a hora actual da sua governação prisioneira nas garras impiedosas do coronavirus que igualiza nos seus efeitos a população quer de ricos ou pobres, letrados ou iletrados, anjos ou demónios. Ademais, julgo ter esta entrevista, como finalidade principal, manter o primado de audiências matutinas da televisão numa hora de sacrifício, a merecer palmas gratas da multidão, em que médicos e enfermeiros arriscam a vida diariamente em prol dos doentes. Nesta ocasião não posso deixar de me lembrar  do histórico discurso de Wintson Churchill em homenagem ao pilotos da Royal Air Force, durante a II Guerra Mundial: 
“Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”.
Li há dias a defesa, ou simples sugestão, de vir a ser criado um Governo de Salvação Nacional num altura em que, em linguagem de caserna, “em tempo de guerra não se limpam armas”. Em contraponto, defendo um Gabinete de Salvação Nacional  incidindo unicamente sobre as prementes matérias da Saúde e da Economia/Finanças com poucos elementos de destacadas e competentes figuras públicas com provas dadas de incontestável valor nestes domínios, adstrito ao Presidente da República e indicados pelos maiores partidos políticos com assento na Assembleia da República (PS, PSD, BE, PCP e CDS), em número apenas de dois por partido, porque muita gente junta só serve para a confusão e para não suceder o mesmo que na constituição do actual governo  em que para uma população de 10 milhões de habitantes  existem governantes em número bem maior que na Holanda com uma população 17 milhões e com um PIB bem maior que o nosso. Nada de espantar por o nosso país ter um governo familiar numa terra de grande e generoso parentesco.

Para pertencer a esse Gabinete de Salvação Nacional devia ser imposto, por exemplo, o cumprimento do Código dos Cavaleiros  da Távola Redonda, a saber:
"Buscar a perfeição humana, respeitar os semelhantes, amor pelos familiares [mas sem lhes dar lugares no governo como o acontecido em território lusitano], piedade com os enfermos etc".
Mas antes disso substituir a actual ministra da Saúde e sua directora geral, por um dia apresentarem uma razão para o descalabro da sua acção e passado pouco tempo uma outra diferente esperando eu não ser por serem mentirosas, apenas cábulas com a lição mal estudada correndo, com isso, o perigo representado para estas frágeis figurinhas o ódio de cabeças em desvario pela quarentena que lhes foi imposta com a intenção de salvar a vida de pessoas em risco de contraírem o coronavírus. Quiçá por isso, como li em notícia a merecer confirmação ou desmentido oficial, estão elas sob protecção policial.

Sem querer vestir as roupagens cáusticas do dramaturgo inglês Oscar Wilde, acredito que 
“o progresso não é senão a realização da utopia”. 
Seja bem vinda essa utopia, portanto, em clima de uma calamidade que só encontra paralelo na pandemia da chamada gripe espanhola (1918-1919) que infectou 27% da população mundial e matou milhões de pessoas do globo terrestre. Haja coragem e pulso forte para tentar evitar que a historia se repita ou mesmo atinja proporções ainda maiores!

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