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CARTA A UM JOVEM DECENTE
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1 comentário:
Rir... essa substância sonora de invólucro fantasmático moldável a qualquer conteúdo corporal ou ideológico, quase pulsional, que de forma boçal ou requintada, ativa descargas libidinais no tapete encarnado da gamela mais fecunda, traçando desvios hilariantes no vazio de todas as verdades.
A valência de superioridade narcísica do humorista é o que mais me irrita. Coloca-se por fora da própria boca, como se não pertencesse à espécie humana, sobe ao degrau do recalcamento social e vomita-se, coletivamente articulado e transubjetivo para cima da vítima, muitas vezes, numa atitude de bullying libertador da sua própria pequenez, acabando por sujar o preto dos sapatos. Mas fica sempre defendido pelas gargalhadas mais ou menos inteligentes ou mais ou menos estúpidas de quem o entende ou julga entender que lhe vai abrilhantando a graxa nesse hilariante vaivém, pagando-lhe o bilhete do sucesso. Às vezes, quando o humorista fica particularmente intenso, pode até explodir de riso!
O humor é uma das mais gordas vacas sagradas dos nossos tempos a quem se presta vassalagem incondicional. Rimo-nos do pai, da mãe, de Deus, dos deuses, dos demónios, dos doentes, dos incapacitados, dos pobres, dos ricos, dos tristes, dos alegres, das culturas, das nacionalidades, das minorias, dos azares, das formas, dos conteúdos, do que invejamos, do que está inventado e do que ainda está por inventar, no mundo maravilhoso da criança que há em todos, a qual se sente unificada neste processo primário e universal de satisfação mágica e imediata pela surpresa, pelo incongruente, pelo ridículo, pelo desobediente, pelo desfocado, pela desordem em sucessivos espasmos ventrais de descompressão da anomalia.
Há quem tenha (e compreendo) alguma dificuldade com a figurabilidade do palhaço, esse figurante do Reflexo, cheio de dores, irritações e excitações, que não sabe onde pôr a morte a não ser na alarve boca pintada de vermelho espumado de branco.
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