terça-feira, 28 de outubro de 2014

FCT cada vez mais só

Carta recebida do SNESUP- Sindicato Nacional do Ensino Superior:

Quando no início do Verão se conheceram os primeiros resultados do processo de avaliação da unidades de investigação levada a cabo pela Fundação para a Ciência e Tecnologia em colaboração com a European Science Foundation (ESF), desde logo se fizeram ouvir diversas críticas à forma como o processo havia sido definido e irregularidades na sua concretização. A indignação da comunidade académica e científica deixou bem evidente que este se tratava de um processo extremamente grave e que hipotecava o futuro da Ciência em Portugal.

Perante todas as evidências de irregularidades, vários diretores de unidades de investigação, o SNESup e outras organizações entregaram ao Ministro Nuno Crato ainda no mês de julho um pedido de suspensão do processo de avaliação  por forma a que pudesse ser realizada uma reavaliação das Unidades de Investigação. O Ministro veio depois a público reforçar que tudo estaria bem no reino da FCT.

O SNESup apresentou então, em setembro, uma denúncia ao Ministério Público onde referiu várias das irregularidades e ilegalidades do processo, peticionando a anulação do processo de avaliação em causa. O processo está em curso.

Mas nem mesmo com notícia da reapreciação de avaliações que permitiu que algumas unidades de investigação passassem à 2ª fase, as críticas abrandaram.
Pelo contrário, tomaram uma proporção internacional que levaram ao apelo à subscrição de uma carta aberta europeia em apoio da Ciência  (que se ainda não a assinou pode ainda fazê-lo), ou mesmo a que a astrofísica espanhola Amaya Moro-Martin, que criticou o processo de avaliação conduzido pela ESF num artigo de opinião  publicado na revista Nature, tenha sido ameaçada ameaçada pela ESF com um processo judicial. ESF que viria recentemente a publicar um artigo de resposta, sob o título "Stop the cuts, not the evaluations", passando ao lado das irregularidades e ilegalidades apontadas ao processo.

Na passada sexta-feira, foi conhecida uma comunicação assinada pelo Presidente em exercício do CRUP e pelo Presidente eleito e dirigida ao Ministro Nuno Crato sobre o processo em causa. Na carta, que expressa o resultado da reunião do passado dia 14, vem o próprio CRUP assumir também uma posição crítica sobre o processo em causa de avaliação das unidades de investigação e a forma enviesada como o mesmo decorreu.

Está assim a FCT cada vez mais isolada acreditando que o processo em causa terá sido um sucesso. Uma visão distorcida da realidade e que as várias evidências contrariam. Houvesse quem avaliasse a FCT e talvez não tivesse também obtido classificação para passar à fase seguinte. Tivessem os seus responsáveis o bom senso e a humildade para corrigir os erros e reparar as trapalhadas e dezenas de unidades de investigação e centenas de investigadores poderiam dedicar-se de facto ao desenvolvimento de conhecimento e à produção científica.

A Direção do SNESup
em 27 de outubro de 2014


SNESup - Sindicato Nacional do Ensino Superior
Associação Sindical de Docentes e Investigadores
www.snesup.pt

2 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente a FCT não está ainda tão isolada assim. A ANICT, por exemplo, em vez de contribuir construtivamente para combater este vergonhoso processo de avaliação, anda "entretida" a passear pelo País a defender uma série de propostas que atentam contra a dignidade dos investigadores portugueses.

Anónimo disse...

Caro colega, este momento não é tempo de "guerra de gerações", nem de "confrontar modelos e propostas". É tempo sim, de confrontar a FCT com a escandalosa avaliação das unidades. Caso os cientistas portugueses percam essa guerra, não haverá nem bolsas, nem contratos, nem o que quer que seja. A ANICT está somente a distrair os cientistas portugueses com discussões estéreis, para que a FCT leve a sua avante.

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