terça-feira, 21 de outubro de 2014

COMBATER O EFEITO DE ESTUFA

Texto recebido de Arnaldo Dias da Silva:

O projecto parece muito sedutor na versão que chegou às mãos: incluir na dieta de monogástricos (aves e suínos) um alimento single cell protein resultante da cultura de uma ou mais bactérias utilizadoras de metano como fonte de energia, fazer crescer essa cultura de bactérias, granular, incorporar em dose adequada nas rações daqueles animais e... esperar que os animais comam, tenham saúde e cresçam!

Desde que sejamos capazes de captar metano em quantidade suficiente e segura das inúmeras fontes disponíveis – pelo menos as mais importantes -, incluindo os milhões de ruminantes existentes à superfície da Terra, certamente que não será muito difícil fazer o resto.

(Antes de prosseguir é preciso dizer que a bactéria em causa – Metylococcus capsulatus – foi descoberta após a assinatura do protocolo de Kyoto, em Fevereiro de 2005)   

O Departamento de Ciência Animal da Universidade de Agricultura em Aarhus, propõe-se justamente realizar o trabalho de alimentação, para já em porcos (HanneDamgaard.Poulsen@agrsci.dk).

O trabalho será realizado em conjugação com outro estabelecimento de ensino superior agrário da Dinamarca e com uma empresa, também ela dinamarquesa, que domina a componente tecnológica do processo - a produção industrial da bactéria ou, o que é o mesmo, de single cell protein.

Este projecto, que se espera possa durar 3 a 5 anos, é apoiado financeiramente pelo fundo dinamarquês para a inovação (InnovationsFonden) que, para o efeito, disponibiliza desde já 15 milhões de coroas dinamarquesas.

Como anunciou a Universidade de Aarhus, este projecto pode bem representar uma prenda para o ambiente - a gift for the environment, assim pode ler-se no Boletim de divulgação da Universidade de Aarhus do mês de Outubro de 2014.

Se nos lembrarmos da enorme dependência dos países da UE para fontes proteicas usadas em alimentação animal como a soja e seus derivados – a dependência de Portugal é bem maior que a da média comunitária – é fácil perceber o alcance do projecto.

Devemos acentuar que a via da produção de single cell protein, além de poder contribuir para reduzir a dependência europeia em fontes proteicas para animais (e, portanto para o homem), pode dar contribuição valiosa para a redução do efeito de estufa diminuindo as responsabilidades do metano para (potencialmente) tão grave problema.

Na minha opinião seria excelente se o nosso INIAV – sigla, permitam que lembre, de Laboratório Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (sob alçada do Ministério da Agricultura e Pescas) - e das várias unidades ID das várias universidades e institutos politécnicos trabalhassem sobre este assunto.

E porque que me parece ser a altura muito  boa, infelizmente para todos os portugueses, seria também muito bom que o Presidente da FCT em conjunto com os seus assessores para a parte agrária se ocupassem seriamente destes problemas. Se os assessores que o actual presidente da FCT tem, não ficarem ofendidos por ter empregue esta maldita palavra agrária …

Arnaldo Dias da Silva

Vila do Conde,15 de Outubro de 2014 

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